quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Pensamento



É certo que a arma da crítica não pode substituir a crítica das armas, que o poder material tem de ser derrubado pelo poder material, mas a teoria converte-se em força material quando penetra nas massas.

(Karl Marx)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Livro


Boitempo lança A ideologia alemã,
de Marx e Engels



Chega às livrarias a aguardada edição integral de A ideologia alemã, de Karl Marx e Friedrich Engels. Traduzida diretamente do alemão para o português por Rubens Enderle, Nélio Schneider e Luciano Martorano, com texto final de Rubens Enderle, a edição da Boitempo tem introdução escrita por Emir Sader e supervisão editorial de Leandro Konder, um dos maiores estudiosos do marxismo no Brasil. Além disso, será a versão mais fiel aos originais deixados pelos autores, pois a primeira no mundo traduzida a partir da inovadora Mega-2.

Essa nova edição cuidadosa, que se tornará referência para todos os interessados nos escritos de Marx e Engels, foi feita dentro da tradição de rigor com os livros desses autores estabelecida pela Boitempo. A editora já lançou cinco das obras dos dois filósofos, todas traduzidas do original e sob a supervisão de reconhecidos especialistas.

A ideologia alemã é considerada por muitos estudiosos a obra de filosofia mais importante de Marx e Engels. Escrita entre os anos 1845-1846, representa a primeira exposição estruturada da concepção materialista da história e é o texto central dos autores acerca da religião. Nela eles concluem um acerto de contas com a filosofia de seu tempo – tanto com a obra de Hegel como com os chamados “hegelianos de esquerda”, entre os quais Ludwig Feuerbach. Esse ajuste passou antes pelos Manuscritos econômico-filosóficos, por A sagrada família, por A situação da classe trabalhadora na Inglaterra, para alcançar em A Ideologia alemã sua primeira formulação articulada como método próprio de análise.

A crítica – quase toda em tom sarcástico – dos dois filósofos ridiculariza o idealismo alemão e articula as categorias essenciais da dialética marxista (como trabalho, modo de produção, forças produtivas, alienação, consciência), constituindo assim um novo corpo teórico. A tradução dos capítulos I e II, respectivamente dedicados à polêmica com Feuerbach e Bruno Bauer, baseia-se na edição da Mega-2 (Marx-Engels Gesamtausgabe), texto que foi antecipado no Marx-Engels Jahrbuch. Nessa nova edição, os manuscritos de Marx e Engels aparecem em sete seções, ordenadas cronologicamente, e são reproduzidos tal como foram deixados pelos autores. A nova organização do volume revoluciona a forma como até então A ideologia alemã foi lida e interpretada, principalmente no que diz respeito a seu primeiro capítulo, que Marx e Engels deixaram inacabado.

Fora da Alemanha, é a primeira vez que as sete partes do manuscrito de Marx e Engels sobre Feuerbach são apresentadas ao leitor como textos independentes, em sua fragmentação originária, sem sofrer as montagens mais ou menos arbitrárias que os diversos editores (desde a edição de Riazanov, em 1926) imputaram à obra.

Esse tratamento editorial esmerado levou à descoberta de que Marx e Engels, até o fim de 1845, não haviam concebido o plano de escrever A ideologia alemã, pelo menos não com esse título. Foi a partir de um artigo de Marx intitulado “Contra Bruno Bauer” que, em novembro de 1845, nasceram os manuscritos que, meses mais tarde, dariam corpo ao projeto inacabado de A ideologia alemã. Esse artigo, inédito no Brasil, compõe a nova edição da Boitempo Editorial, assim como uma série de anexos (apêndice, índices, cronologia, notas filológicas) preparados especialmente para esta publicação e atualizados com base nos mais recentes estudos sobre essa fundamental obra.


Ficha técnica do livro
Título: A ideologia alemã
Título original: Die Deutsche Ideologie
Tradução: Rubens Enderle, Nélio Schneider e Luciano Martorano
Texto final: Rubens Enderle
Introdução: Emir Sader
Orelha e supervisão editorial: Leandro Konder
Ilustração de capa: Loredano
ISBN: 978-85-7559-073-7
Páginas: 616
Formato: 16X 23cm
Preço: 69,00
Editora: Boitempo

www.boitempoeditorial.com.br
Ass. de Imprensa: José Chrispiniano
imprensa@boitempoeditorial.com.br Tel.: 11 9626-2724

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Educação

Brasil está entre piores em lista de educação da OCDE

O Brasil é um dos países com pior nível de educação de ciências para estudantes de 15 anos, segundo uma lista de 57 países organizada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

De acordo com a lista, a ser publicada em detalhes na semana que vem, o Brasil fica à frente apenas de Colômbia, Tunísia, Azerbaijão, Catar e Quirguistão.

O estudo testou as habilidades de mais de 400 mil estudantes nos 57 países que, juntos, correspondem a cerca de 90% da economia mundial. Os estudantes da Finlândia ficaram em primeiro lugar, seguidos pelos de Hong Kong (na China) e do Canadá.

A pesquisa, baseada em testes realizados em 2006, é o principal instrumento de comparação internacional do desempenho entre estudantes do ensino médio.

O teste mediu basicamente o conhecimento de ciências, mas também mediu a capacidade de leitura e incluiu noções de matemática, e como os estudantes aplicavam esse conhecimento para resolver problemas do dia-a-dia.

O estudo afirma que os resultados têm confiabilidade de 95% e que o Brasil estaria entre as posições 50 e 54 da lista.

Ao comentar a lista, o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, disse que ela é uma ferramenta para ajudar os governos a definir suas políticas de educação.

"Na economia global competitiva de hoje, educação de qualidade é um dos bens mais valiosos que a sociedade e um indivíduo podem ter", disse ele. Segundo Gurría, "a lista é muito mais do que um ranking. Ela mostra o quão bem os sistemas de educação individuais estão equipando os jovens para o mundo de amanhã. Antes de mais nada, mostra aos países seus pontos fracos e fortes."

O estudo sobre educação da OCDE é publicado a cada três anos. O documento completo será publicado no próximo dia 4 de dezembro.

Retirado do sítio:
http://noticias.uol.com.br/bbc/reporter/2007/11/29/ult4904u325.jhtm

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Implosão, não!!!


Em minha humilde e em relação às opiniões expressas em um dos maiores jornais do norte e nordeste do Brasil, solitária opinião, sou contra a implosão da Fonte Nova e a favor de uma consulta pública sobre o destino da mesma, com amplo debate envolvendo setores organizados da sociedade civil.

Aos meus ouvidos não soou bem a determinação do governador do estado da Bahia de implodir a Fonte Nova. Caso ele queira implodir a casa dele, tudo bem, não tenho absolutamente nada com isso, mas implodir um patrimônio público sem consulta pública e amplo debate é uma posição, no mínimo, autoritária. Quero crer que a posição do governador se deva às pressões políticas e da opinião pública que ainda assim explica, mas não justifica tal atitude.

Lembro-me perfeitamente bem que em uma enquête levada ao ar pela TV Bahia, no sábado que antecedeu ao trágico jogo, mais de 60% dos telespectadores eram contra a implosão da Fonte Nova.

Precisamos acalmar os nossos ânimos e discutir de forma ampla e democrática, o destino deste estádio que é de todo cidadão baiano (capital e interior) e não do Esporte Clube Bahia. Estou profundamente sensibilizado com o ocorrido, mas não posso concordar, sem discutir com a população de uma forma geral, o destino que devemos dar, antes de tudo, a um patrimônio público. Penso, até, que é um bom momento para discutirmos as políticas de esporte e lazer do estado.

Fica aqui a minha opinião. IMPLOSÃO, NÃO!!! CONSULTA POPULAR E DEBATE AMPLO COM SETORES ORGANIZADOS DA SOCIEDADE CIVIL, SIM!!!

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Tragédia na Fonte Nova (Parte 2)



Quem são os culpados? Quem vai pagar pelos acontecimentos ocorridos no final da partida de ontem no Estádio Octávio Mangabeira, mais conhecido como Fonte Nova, quando no lugar dos gritos de alegria e de festa pela ascensão do Esporte Clube Bahia à Série B do Campeonato Brasileiro, tivemos choros e gritos de angústia e desespero por conta das vítimas do desabamento de uma parte da arquibancada?

Essas perguntas atravessaram toda a programação do “Se liga Bocão”, e do “Balanço Geral”, dois dos principais programas populares aqui de Salvador que vão ao ar todo meio-dia.

Importante salientar que todos os dois programas são ancorados por radialistas. Um, que atualmente trabalha nas transmissões esportivas pela transamérica e o outro, que já trabalhou por muito tempo como comentarista esportivo.



Todos os dois buscaram culpados pela tragédia que acabou sobrando para o Governo do Estado e o Superintendente da SUDESB (Superintendência de Desportos do Estado da Bahia), o ex-jogador do Bahia, Bobô.

Sem querer tirar as responsabilidades dos elementos citados acima, gostaria de pontuar o que considero ser importante. Em nenhum momento a imprensa esportiva baiana, que vive a incentivar os torcedores do Bahia para que encham a Fonte Nova, para que lotem o estádio e prestigiem o seu “esquadrão de aço”, se posicionou de forma crítica sobre os seus próprios atos.

Se a imprensa sabia dos laudos técnicos sobre a Fonte Nova que apontavam para uma reestruturação da mesma, por que incentivava tanto os torcedores a irem ao estádio? Por que ao invés disso, não esclarecia o torcedor sobre os riscos iminentes de uma lotação excessiva da Fonte Nova?

Agora a mesma imprensa que aplaudia os 50, 60 mil torcedores que iam à Fonte Nova torcer pelo seu time do coração, que enaltecia em todas as programações radiofônicas ligadas ao esporte o fato de em plena série C, o time do Bahia colocar uma média de mais de 30 mil torcedores por partida, apedreja o Estado, que diga-se de passagem não pode se responsabilizar em manter e construir uma praça esportiva para uma agremiação de cunho privado, seja ela qual for.

Mas isso é assunto para um outro comentário. Por ora, fica aqui registrado a necessidade da imprensa esportiva baiana fazer o seu dever de casa, registrando também, não a sua culpa, mas ao menos a sua parcela de responsabilidade no episódio.

domingo, 25 de novembro de 2007

Tragédia na Fonte Nova


Infelizmente, o que poderia ter sido um jogo festivo, já que o Bahia com o empate de 0 a 0 com o Vila Nova de Goiás conseguiu ascender a Série B do campeonato brasileiro, acabou se transformado em uma catástrofe.

7 torcedores morreram e outros 60 se encontram em estado grave no Hospital Geral do Estado por conta do desabamento de parte das arquibancadas do anel superior da Fonte Nova.

O jogo já havia terminado e os torcedores comemoravam a subida do Bahia para a Série B do Brasileirão 2008 quando caíram de uma altura de mais ou menos 20 metros.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

CPI do Pan

Assistir mas não vi nenhuma menção nas grandes redes de televisão brasileira sobre mais um adiamento da CPI do pan. Desta vez, devido a ausência dos próprios componentes da comissão, com excessão do vereador Eliomar Coelho (PSOL).Estranho, não?
Como todos nós sabemos, a CPI busca investigar denúncias de superfaturamento nas obras do Pan, estouros no orçamento (14 vezes maior do que os 4 bilhões anunciados)e contratos suspeitos de beneficiarem famílias dos próprios membros do comitê gestor do Pan.
Em tempo, os outros vereadores ausentes na reunião de instalação da comissão e que fazem parte também da comissão são: Carlos Caiado (DEM); Luiz Guaraná (PSDB); Nadinho de Rios da Pedra (DEM); Patrícia Amorim (PSDB).
César Maia agradece a manobra.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Semiótica

De repente, não mais do que de repente, o ex-atacante Adriano apareceu nos noticiários globais. O antigo camisa 9 da seleção brasileira em entrevista deixa claro que almeja a seleção brasileira.

Os meus olhos e ouvidos, juntos, tal como Robinho e Kaká, lançam a bola da hipótese a ser confirmada (ou não, como diria o cantor e dublê de filósofo Caetano Veloso) de que estão querendo sacar o Vágner “amor” do ataque da seleção de Dunga.

“en passant”, como quem não quer nada, apareceu também o Ronaldo, ex-fenômeno. Na narrativa, o repórter assim comentou... “(...) ainda nos dará muitas alegrias”.

Será que eu estou vendo muita coisa? Ouvindo mais do que estar sendo dito? Ou será que estão querendo sacar um coelho da cartola? Até o romário, em tom humorado, evidente, já foi mencionado pelo Dunga para entrar neste conto de fada que é a seleção brasileira. Ou alguém leva a sério este time que estar aí, que mesmo vencendo por 1 a 0 da seleção do Peru, recua para jogar no contra-ataque?

Me deixe!!!

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Desigualdade e Pobreza

Desigualdade ainda ameaça AL apesar de queda na pobreza

Um estudo da Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe), divulgado em Santiago, no Chile, elogiou a redução da pobreza na América Latina, que atingiu o menor número em 17 anos, mas criticou a concentração de renda, que persiste na região.

O estudo afirma que a América Latina ainda apresenta "múltiplas brechas sociais que separam os grupos mais vulneráveis dos que têm melhores condições de vida", o que, segundo o documento, "ameaça a coesão social".

Apesar da ponto negativo, o "Panorama Social da América Latina 2007" mostra que, pela primeira vez desde 1990, o número de pobres na região ficou abaixo de 200 milhões - 194 milhões eram pobres em 2006. No ano passado, segundo o estudo, 15 milhões de pessoas (equivalente à população do Chile) saíram da pobreza e dez milhões deixaram de ser indigentes na América Latina. O documento destaca também o progresso em alguns países como o Brasil onde, entre 2001 e 2006, seis milhões de pessoas deixaram de ser indigentes. "Os programas públicos, especialmente o Bolsa Família, tiveram influência decisiva nesse desempenho", diz o documento da Cepal. A expectativa, segundo o organismo das Nações Unidas, é de que a pobreza e a indigência voltem a cair em 2007, registrando, no fim deste ano, 35,1% de pobres (190 milhões de pessoas) e 12,7% de indigentes (69 milhões de pessoas). No ano passado, 36,5% da população da região viviam em situação de pobreza (3,3 pontos percentuais a menos que em 2005) e a indigência atingia 13,4% (2 pontos percentuais a menos que no ano anterior). Com isso, os pobres eram 194 milhões e 71 milhões eram indigentes.

"Se se compara 2006 com 1990, existem 20 milhões de indigentes a menos na região", afirma o documento da Cepal. O estudo mostra ainda que Brasil, Chile, Equador e México já atingiram as metas estabelecidas para redução da pobreza, entre 1990 e 2015. "Cabe concluir que a região como um todo se encontra bem encaminhada no seu compromisso de diminuir a pobreza extrema", afirma o documento. O estudo destaca que o "dinamismo do mercado de trabalho" contribuiu para o melhor resultado no Brasil e em outros países da região, como Chile. O estudo da Cepal destaca ainda que a presença das crianças, do ensino primário, nas escolas "é quase universal" (97%) na região. Também aumentou, nos últimos anos, a freqüência escolar entre jovens. "A maior presença na escola beneficiou, principalmente, os filhos dos pais com pouco estudo", destaca.

http://economia.uol.com.br/ultnot/bbc/2007/11/16/ult2283u1072.jhtm

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Dia da Proclamação da República

A foto que abre a postagem de fotos sobre a ocupação da reitoria pelos combatentes estudantes da UFBa logo abaixo não é em vão. Justamente hoje comemoramos mais um aniversário da Proclamação da República.

Assim como em 15 de novembro de 1889, a monarquia brasileira estava em estado terminal, pois já não representava mais às mudanças históricas em processo, exigindo, portanto, uma nova forma de governo, estamos hoje vivenciando semelhante estado de coisas.

Os estudantes da UFBa, com sua ocupação, diz em alto e bom som um NÃO para as políticas neoliberais implementadas pelo governo do senho Luis Inácio que são refletidas em diferetens âmbitos. NÃO ao REUNI, NÃO à forma vergonhosa com a qual o reitor Naomar(UFBA)conduziu o processo, NÃO a forma desumana do capital.

Estudantes, professores, trabalhadores em geral, uni-vos!!!

Ocupação Reitoria UFBA em Imagens











sexta-feira, 9 de novembro de 2007

A Copa (verde) do Mundo é Nossa!

Diplô Brasil estréia coluna sobre Responsabilidade Social. Primeiro número avalia: emergência da questão ambiental foi decisiva para o retorno do mundial de futebol ao país. Mas haverá mobilização real em favor da natureza, ou tudo se resumirá a marketing vazio?

Luiz André Ferreira

Eram 90 milhões em ação, cantando sob a regência da ditadura o refrão ufanista “pra frente Brasil”. O hino da Copa de 1970 (no México) acabou embalando um dos poucos “gols dentro” feitos pelo país durante o regime militar: trazer o tricampeonato para casa, depois de 58 (Suécia) e 62 (Chile). Essa performance só foi repetida no Brasil já democratizado com os campeonatos de 1994 e 2002. O que chama a atenção é que apesar do know-how internacional neste esporte, o “melhor do mundo no futebol” nunca conseguiu reproduzir sua habilidade fora das quatro linhas. Depois de 1950, foram 64 anos de jejum, com inúmeras tentativas de voltar a sediar o mundial, finalmente anunciado para 2014. Na ocasião, ao invés dos 90, pularemos 197 milhões de habitantes, segundo as estimativas.

O Brasil sempre recebia cartões vermelhos, em sua intenção de voltar a ser anfitrião de uma Copa. As principais peças tabuleiro desse jogo político envolviam o lobby esportivo internacional e gols contra cometidos pelo país nos quesitos sociais e de infra-estrutura: transporte, segurança, saúde, organização. Em tais aspectos, não mudamos em nada. Até regredimos, defendem os mais saudosistas: apagão aéreo, malha ferroviária enferrujando, estradas e vias urbanas sem investimentos, a dengue e hospitais públicos assombrando o nosso cotidiano...

Se esses entraves continuam jogando contra a nossa vida, o que mudou nas escolhas dos “cartolas internacionais”? Como resposta, a entrada em campo de um artilheiro digno da seleção de Pelé e Garrincha: o meio-ambiente. A camisa verde brasileira foi o grande trunfo que venceu os fracassos das tentativas anteriores. Tanto que já temos reescalação garantida, para a disputa pelas Olimpíadas de 2016. A prova da confiança brasileira neste artilheiro foi o fato de amazonense Eduardo Braga ter sido escolhido como orador, entre os doze governadores brasileiros que seguiram em um “trem da alegria”, para Zurique, onde a Fifa anunciou o local da Copa 2014. Recebendo em troca a garantia da disputa de um dos jogos em Manaus, Braga tomou em defesa a plataforma política montada pela CBF, que prevê a preservação da floresta como compensação para emissão de gases do efeito estufa emitidos durante a realização da Copa de 2014. “O Mundial brasileiro será o primeiro megaevento a reunir bilhões de pessoas em torno da preservação do meio-ambiente e do combate ao aquecimento global. Contribuirá com o desenvolvimento sustentável e ajudará na conservação deste insubstituível patrimônio ambiental”, defendeu Braga. A atuação parece que conquistou o presidente da Fifa, Joseph Blatter, que declarou ter ficado impressionado com a preocupação ambiental brasileira.

Como toda corrida eleitoral, o Brasil preparou sua propaganda audivisual. Um vídeo institucional vem circulando entre os dirigentes esportivos e imprensa internacionais. O material usa e abusa das belezas naturais brasileiras, do apelo turístico e ações sociais do governo Lula. Entre essas imagens da “ilha da fantasia” não constam os problemas de infra-estrutura do país, muito menos as queimadas, desmatamentos e conflitos sociais vividos pelos povos da floresta, usada como garota-propaganda.

Essa campanha política segue com a mesma plataforma para a disputa pelas Olimpíadas. E agrega ainda como ponto forte os Jogos Pan Americanos do Rio. Não resta a menor dúvida do sucesso, por conta da hospitalidade e da vocação carioca para a realização de grandes eventos. A cidade sediou a conferência Rio 92, além dos anuais Carnaval e Reveillon de Copacabana — que reúne quase quatro milhões de pessoas pacificamente, numa mesma praia, sem grandes incidentes (o que seria impensável em outras populações que se auto-consideram civilizadas)...

Mas não podemos deixar de lembrar que a campanha vitoriosa para conquistar o Pan também baseou-se no meio-ambiente. O Brasil prometia a tão propagada despoluição da Baía de Guanabara e investir em melhorias na saúde e na infra-estrutura de transportes, como forma de diminuir o tempo de deslocamento e a emissão de CO2. E o que vimos? A bela baía continua suja. O mapa de ampliação dos transportes não-poluidores não foi seguido. A ampliação do metrô acabou minguando. A revitalização do trem e das barcas não saiu da cartilha apresentaras ao Comitê Olímpico Internacional. E a saúde? Após todo o aparato para o Pan, o primo pobre que veio em seqüência, o Para-Pan (que devido ao preconceito ficou sem o patrocínio de grandes seguradoras de saúde e sem um programa de atendimento governamental) fechou com a triste mancha do episódio do atleta que sofreu um AVC após perambular, sem atendimento, por vários hospitais públicos, assim como muitos brasileiros no nosso dia-a-dia.

http://diplo.uol.com.br/2007-11,a2007

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Passividade

No guichê, a funcionária de uma empresa de transporte aéreo avisa que o vôo, embora confirmado, vai atrasar pelo menos uns 30 minutos. A passageira, com um sorriso nos lábios, de bom humor, desabafa: pelo que já passei, 30 minutos não é nada.

Na rodoviária, uma senhora entra no ônibus com a intensão de viajar para sua cidade natal. O veículo já na saída, tem um problema mecânico. Descem todos os passageiros. A senhora revela: já é a enésima vez que viajo por esta empresa e o ônibus sempre quebra. Pelo menos dessa vez foi na rodoviária, e não no "meio do nada", como das outras vezes.

E assim, seguimos, resolutamente (para não dizer passivamente), vivendo a vida.

Isso me faz lembrar uma poesia do Maiakoviski que diz o seguinte:

Na primeira noite, eles se aproximam
colhem uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem
pisam nossas flores,
matam nosso cão.
E não dizemos nada.

Ate que um dia, o mais frágil deles,
entra em nossa casa, rouba-nos a lua,
e, conhecendo o nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.

E porque não dissemos nada,
Já não podemos dizer nada.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Sobre a Copa 2014

Olá, pessoal. Segue abaixo o que deu para garimpar até agora sobre Copa 2014. Esta semana, quando sobrar tempo, vou buscar as matérias que foram publicadas na Folha neste fim de semana e disponibilizar também no blog.

Só lembrando que a Carta Capital desta semana veicula matéria de capa com seis páginas sobre o tema, conforme o artigo do Dimes, referência para as minhas garimpagens.

Abraços fraternos

Welington
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http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=458JDB001

COPA 2014 NA MÍDIA
Oba-oba escapou dos cadernos esportivos: ficou pior
Por Alberto Dines em 6/11/2007


Parecia consensual: quando os desdobramentos políticos, jurídicos ou policiais da cobertura esportiva conseguissem transpor o condomínio dos cadernos especializados, suas mazelas e, sobretudo, a corrupção ganhariam uma exposição capaz de acabar com a impunidade que envolve estádios, pistas e quadras.
O raciocínio era perfeito: por mais que se esgoelem os jornalistas indignados com o que acontece além dos placares, o leitor jamais abdica da sua condição de torcedor – quer vibrar, xingar e sofrer comprometido com as suas cores e seus ídolos. E, para agradá-lo, as preferências vão, em geral, para o ângulo do esporte-paixão. O futebol-vergonha fica sempre em desvantagem.
A escolha do Brasil para sediar a Copa de 2014 produziu, no dia seguinte (quarta-feira, 31/10), promissoras manchetes não-esportivas. No final de semana, desvaneceram-se as esperanças de uma cobertura eficaz, séria, não-esportiva.
Em parte: o artigo "O Imperador da Copa" da comentarista de política Dora Kramer (Estadão, sábado, 3/11, pág. 6) sobre as incríveis reinações do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, lavou a alma daqueles que têm noção do esgoto que corre debaixo dos gramados. Uma das mais contundentes peças já saídas da afiadíssima pena da jornalista (e maratonista).
A capa da revista CartaCapital (7/11) com o mesmo Ricardo Teixeira de cartola (evidentemente transferida para a sua cabeça graças aos recursos do Photoshop) não foi uma idéia feliz, mas a possante reportagem de seis páginas sobre o "oligarca do futebol nacional" exibe o potencial de malfeitorias, ilícitos e delinqüências escondido nos subterrâneos do futebol.
As decepções vão por conta dos cadernos ditos de idéias dos jornalões paulistanos, o "Aliás" do Estadão e o "Mais" da Folhona (domingo, 4/11). Lamentáveis.
Corrupção, só en passant
Evidencia-se mais uma vez que ambos perseguem o mesmo leitor/leitora tipo mauricinho/patricinha até capazes de ler alguns parágrafos de uma pensata (argh!), mas incapazes de manter o ceticismo e o espírito crítico permanentemente acesos. No "Aliás", as duas matérias (entrevista com o historiador do esporte Hilário Franco Jr., da USP, e texto do sociólogo José de Souza Martins, idem) são extremamente ricas em percepções fenomenológicas e análises políticas, tratam da corrupção, mas en passant – a edição não as valorizou. Futebol e cobertura de futebol são negócios, e com faturamento não se brinca.
Exatamente a mesma coisa aconteceu no congênere da Folhona. Ao analisar as "implicações políticas, econômicas e sociais de o Brasil sediar a Copa do Mundo", o "+Mais" ficou "–Menos", apesar do número maior de matérias (quatro).
Nenhum dos dois jornalões teve a coragem de encarar um dado concreto: o episódio Copa 2014 é indecente. Ricardo Teixeira vai ganhar uma montanha de dinheiro, armou um esquema que o converterá num dos homens mais poderosos do país e, de quebra, obteve um habeas corpus até 2014. Como conseguiu? Baseado nos mesmos pressupostos morais que permitiram a construção de um monstruoso edifício chamado mensalão.
Só que desta vez a mídia será cúmplice.

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O Estadão

Sábado, Novembro 03, 2007

DORA KRAMER

O imperador da Copa

A contar pelos sinais exteriores de poder, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira, é personagem importantíssimo - por que não dizer, fundamental e imprescindível - na ordem das coisas relativas à realização da Copa do Mundo de Futebol no Brasil em 2014.

Portanto, natural que os seres desprovidos de familiaridade com o tema (cidadãos de segunda, forçoso admitir e se conformar) estranhem o grau de submissão de tudo e de todos a este senhor.

Ricardo Teixeira, informam os jornais, briga com Pelé e deixa de fora do anúncio da Copa brasileira nosso maior símbolo mundial, substituindo-o por Romário, cuja distância de Pelé em termos de representação do esporte dispensa apresentações.

Teixeira não quer ver negócios obscuros (lavagem de dinheiro) do futebol investigados por uma comissão de inquérito no Congresso e consegue o apoio de governadores de Estado para comandar ações de retirada de assinaturas ao requerimento da CPI na Câmara e no Senado.

Mais, consegue a retirada das assinaturas em número e tempo recordes, coisa que nem o presidente da República conseguiu para evitar investigações do Parlamento.

Diz num dia que a Fifa ameaça retaliar contra o Brasil se houver CPI, no dia seguinte é desmentido pelo presidente da federação, Joseph Blatter, e ninguém fala nada. Nenhum daqueles governadores presentes à caravana holiday que foi a Zurique acompanhar o anúncio emite um som a respeito. Nem que seja para estranhar a incongruência entre a ameaça e a negativa dela.

No lugar disso, mal chegam ao Brasil e começam a atuar em conformidade com os interesses de Ricardo Teixeira, subordinando atos do Parlamento às conveniências de um dirigente. É de se perguntar: o senhor presidente da CBF pretende deles uma blindagem durante os próximos sete anos?

Tudo o que acontecer no Brasil relativo à Copa e ao futebol, à organização do campeonato, à fiscalização de gastos, dever ser submisso às vontades e necessidades de Ricardo Teixeira? O lobby dos governadores para a realização de jogos em seus Estados os obriga a se abster de senso crítico? E o País, ficará submetido às mesmas normas?

Os primeiros acordes da sinfonia - que do ponto de vista político começou desafinada - indicam que sim. A petulante patriotada do senhor Teixeira, dando-se a arroubos de indignação com uma jornalista canadense que pôs na coletiva o óbvio tema da violência, não causou desconforto na comitiva de excelências. Ao contrário. Quem não calou, aplaudiu.

Mas, vai ver as coisas são para ser assim mesmo e quem não priva da intimidade das circunstâncias futebolísticas estranha de bobo que é.

Vai ver tudo aconteceu da mesma forma em outros países-sede da Copa. O presidente local do equivalente à CBF comandou governadores, interferiu em ações do Congresso, subtraiu do país a representação de um ídolo por conta de suas idiossincrasias, carregou uma comitiva imensa para afirmar prestígio, deu vexame em cerimônia transmitida ao planeta e todo mundo achou muito normal.

Pode ser só uma impressão, mas, pela largada da carruagem daqui até 2014 quem manda no Brasil é o imperador da Copa, Ricardo Teixeira I, coroado em Zurique, rodeado de sua corte: os nossos governadores.

Ou, então, não é nada disso. É só coisa de gente que não entende nada e fica achando que futebol é uma coisa, política outra e casos de polícia devem ser investigados. Esteja a Pátria de chuteiras ou não.

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http://www.cartacapital.com.br/para-socrates-copa-do-mundo-do-brasil-sera-carnaval-de-um-mes

Para Sócrates, Copa do Mundo do Brasil será "carnaval de um mês"

por Daniel Pinheiro

Ex-jogador não acredita que projeto trará benefícios ao País e aposta que a China será a sede do próximo Mundial de Futebol a ser definido
Depois que o Brasil recebeu a confirmação da Fifa de que será a sede da Copa do Mundo de 2014, Sócrates, colunista de CartaCapital tem a definição do que representará a organização da competição no país: carnaval.
"Pelo que eu conheço de quem está organizando esse evento, a Copa no Brasil será um carnaval de um mês, com muitos gastos e sem sobrar nada que se aproveite", disse o ex-jogador. "Não dá para acreditar em nada muito diferente disso."
Quando questionado sobre os possíveis benefícios que um evento desse porte poderia trazer para o país, Sócrates foi cético. "Se houvesse coerência no projeto, investimento em infra-estrutura e desenvolvimento social, seria ótimo para o país, sem dúvida. Mas não me parece que seja o caso.”
O colunista citou dois exemplos recentes para jutificar seu ceticismo: "Acabamos de ver o que acontece, com o Pan-americano do Rio de Janeiro. Já há várias instalações que não são mais utilizadas e que não reverteram em nenhum benefício social. E pelo o que as notícias mostram, algo parecido também está acontecendo com Atenas, depois da Olimpíada de 2004."
Copa vai acontecer, seja com o dinheiro de quem for
Para Sócrates, a realização da competição no Brasil agora é irreversível, seja com o dinheiro de quem for. "Agora que o compromisso foi assumido, a Copa terá de ser realizada, seja com do dinheiro de quem for, e muito provavelmente será do contribuinte."
"Se for preciso, o Estado terá que entrar com o grosso do dinheiro, pois não pode deixar o país passar pelo vexame de não conseguir organizar o evento", opina o ex-jogador. "Pode ter certeza que essa Copa vai tomar muito dinheiro de todos."
Sócrates também é contra a construção de novos estádios para receber as partidas do Campeonato Mundial de Futebol. Isso porquê, para o ex-jogador, as novas arenas só serviriam como "mausoléus".
"Para quê construir mais estádios se nem os que estão aí são bem administrados?", questiona Sócrates. "Para desperdiçar mais dinheiro, para ficarmos com mais elefantes brancos, para termos mais campos abandonados e sem uso? Não faz sentido."
Copa de 2018 na China
Sobre a suspensão do rodízio entre continentes, que havia sido adotado pela Fifa para escolher a sede da Copa de 2010 --que será realizada na China--, Sócrates não acredita que ela terá efeitos práticos. E propõe uma aposta.
"Isso aí é tudo politicagem, nunca houve rodízio, e sim interesses políticos para definir cada sede", afirmou o colunista de Carta Capital. "Quer apostar quanto que a próxima Copa do Mundo (a ter a sede definida) será na China?"
Sócrates explica porque crava com tanta precisão que o gigante asiático será escolhido para sediar o Mundial de Futebol.
"Já em 1989, 1990, quando estive por lá, a China já tinha estádios modernos em boa quantidade e um povo que é louco por futebol. Imagine agora, com as instalações para a Olimpíada do ano que vem, como eles não devem estar", explica o ex-jogador. "Além disso, eles têm um mercado gigantesco e o dinheiro que circula no país."
Jazida de diamantes
Sobre a declaração de Michel Platini, também ex-jogador e atual presidente da Uefa, que comparou a Copa no Brasil a uma "peregrinação a Meca, a Santiago de Compostela ou a Jerusalém", Sócrates discorda do francês.
"Meca religiosa, o Platini só pode estar brincando... Estamos muito mais para jazida de diamantes, com a quantidade de talentos que revelamos por aqui", disse o colunista. "O Platini deve ter falado isso porque agora é presidente de uma organização internacional, ou melhor, uma mancomunação internacional."

Exigências da vida moderna

(Quem agüenta tudo isso ??)

Dizem que todos os dias você deve comer uma maçã por causa do ferro. E uma banana pelo potássio. E também uma laranja pela vitamina C.
Uma xícara de chá verde sem açúcar para prevenir a diabetes.
Todos os dias deve-se tomar ao menos dois litros de água.
E uriná-los, o que consome o dobro do tempo.

Todos os dias deve-se tomar um Yakult pelos lactobacilos (que ninguém sabe bem o que é, mas que, aos bilhões, ajudam na digestão).
Cada dia uma Aspirina, previne infarto. Uma taça de vinho tinto também.
Uma de vinho branco estabiliza o sistema nervoso.
Um copo de cerveja, para... não lembro bem para o que, mas faz bem.

O benefício adicional é que se você tomar tudo isso ao mesmo tempo e tiver um derrame, nem vai perceber.
Todos os dias deve-se comer fibra. Muita, muitíssima fibra. Fibra suficiente para fazer um pulôver.

Você deve fazer entre quatro e seis refeições leves diariamente. E nunca se esqueça de mastigar pelo menos cem vezes cada garfada. Só para comer, serão cerca de cinco horas do dia...

E não esqueça de escovar os dentes depois de comer. Ou seja, você tem que escovar os dentes depois da maçã, da banana, da laranja, das seis refeições e, enquanto tiver dentes, passar fio dental, massagear a gengiva, escovar a língua e bochechar com Plax. Melhor, inclusive, ampliar o banheiro e aproveitar para colocar um equipamento de som, porque entre a água, a fibra e os dentes, você vai passar ali várias horas por dia.

Há que se dormir oito horas por noite e trabalhar outras oito por dia, mais as cinco comendo são vinte e uma.
Sobram três, desde que você não pegue trânsito.

As estatísticas comprovam que assistimos três horas de TV por dia. Menos você, porque todos os dias você vai caminhar ao menos meia hora (...por experiência própria, após quinze minutos dê meia volta e comece a voltar, ou a meia hora vira uma).

E você deve cuidar das amizades, porque são como uma planta: devem ser regadas diariamente, o que me faz pensar em quem vai cuidar delas quando eu estiver viajando?

Deve-se estar bem informado também, lendo dois ou três jornais por dia para comparar as informações.

Ah! E o sexo! Todos os dias, tomando o cuidado de não se cair na rotina.
Há que ser criativo, inovador para renovar a sedução. Isso leva tempo e nem estou falando de sexo tântrico.

Também precisa sobrar tempo para varrer, passar, lavar roupa, pratos e espero que você não tenha um bichinho de estimação. Na minha conta são 29 horas por dia.

A única solução que me ocorre é fazer várias dessas coisas ao mesmo tempo!!! Por exemplo, tomar banho frio com a boca aberta, assim você toma água e escova os dentes.
Chame os amigos junto com os seus pais. Beba o vinho, coma a maçã e a banana junto com a sua mulher na cama.

Ainda bem que somos crescidinhos, senão ainda teria um Danoninho e se sobrarem 5 minutos, uma colherada de leite de magnésia.

Agora tenho que ir. É o meio do dia, e depois da cerveja, do vinho e da maçã, tenho que ir ao banheiro. E já que vou, levo um jornal...

Tchau....

Se sobrar um tempinho, me manda um e-mail.

Luís Fernando Veríssimo

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Mídia

"TV digital vai estrear para ninguém", diz diretor da TVA


Por DIÓGENES MUNIZ
Editor-assistente de Ilustrada da Folha Online

No dia 2 de dezembro de 2007, quando a TV aberta brasileira estrear oficialmente sua transmissão digital em São Paulo, haverá menos de 1.000 pessoas --numa cidade com cerca de 11 milhões-- assistindo aos programas em alta definição. Para Virgílio Amaral, diretor de Estratégia e Tecnologia da TVA, este é o quadro mais otimista para início da TV digital no Brasil.

"Vai ser uma estréia para ninguém", diz Amaral, especialista no setor e responsável pela digitalização da TVA. Para ele, a TV digital deve estrear mesmo no ano que vem, turbinada pela transmissão dos Jogos Olímpicos de Pequim. "Não vejo de forma ruim este começo. Afinal, a TV digital vai depender de um processo de aculturamento", pondera.

Para pegar freqüência digital, o telespectador precisará de um aparelho com set-top box (conversor) avulso ou embutido. Se quiser a imagem mais nítida possível, de 1.080 linhas horizontais, terá de comprar um televisor do tipo Full High Definition. Os preços para este tipo de eletrodoméstico começam na casa dos R$ 7 mil, sem set-top box acoplado.

"Muita gente acha que ter uma TV de plasma ou LCD qualquer com um receptor digital embutido já dá para receber o melhor conteúdo em alta definição, quando, na verdade, você precisa de uma Full HD para ter a alta definição total", explica Amaral.

Tanta resolução foi, segundo o governo, um dos principais aspectos para o Brasil escolher o padrão japonês de TV digital (ISDB-T), em detrimento do europeu (DVB), que daria mais opções de canais e de interatividade.

O set-top box, decodificador que receberá o sinal tanto para TVs analógicas quanto digitais, estará a venda já no mês que vem. Seu preço segue nebuloso --governo e indústria cantam em acordes diferentes, oscilando o custo de prateleira de R$ 200 a R$ 800.

Aparelhos com set-top box embutido também chegam ao mercado em novembro. LG e Samsung já confirmaram a entrada neste setor. Outras empresas, como Panasonic e Aiko apostarão nos conversores. A lógica é de que haverá mais mercado para as caixas receptoras do que para novos televisores.

A chance da imagem em alta definição total se transformar num boto tecnológico é alta. "O consumidor que procura uma TV hoje avalia dois aspectos: quantas polegadas tem o aparelho e qual seu preço. Ao consumidor médio, pouco importa esses aspectos mais técnicos", diz o diretor da TVA.

Assim como o diretor-geral da Globo, Octávio Florisbal, ele aposta que o governo precisará expandir seu cronograma de implantação da TV digital. Segundo o ministério das comunicações, o sinal analógico será cortado até 2016, e daí em diante só haverá transmissão digital. Assim como a estréia da TV digital em dezembro, esta seria uma outra data meramente simbólica.

Eterno retorno

Como quase ninguém assistirá à bela imagem da TV digital em sua estréia, supermercados, shoppings, lojas de eletrônicos e até emissoras já começaram a expor TVs Full HD com programação digital de teste pela cidade.

"Isso lembra a estréia da TV a cores. Naquela época, eu só conseguia ver [a novela] Bem-Amado colorida se fosse numa loja. O problema é que ela começava de noite, quando os estabelecimentos já estavam fechando", brinca Amaral, que assistirá à estréia da TV digital em alta definição de sua casa.

Neste sentido, a digitalização da TV aberta lembra ainda as primeiras transmissões televisionadas no país, que fizeram neste mês aniversário de 57 anos.

Na época, Assis Chateaubriand, dono da TV Tupi, distribuiu 200 aparelhos entre lugares estratégicos e mais abastados da capital paulista. Curiosidade: para cumprir o cronograma, Chatô precisou contrabandeá-los dos EUA.

Postagem oriunda de: http://www.piratininga.org.br/

domingo, 21 de outubro de 2007

Livro


A revolução de outubro
de Leon Trotski


"A Rússia, ainda nos dois primeiros meses de 1917, era a monarquia dos Romanov. Oito meses mais tarde os bolcheviques apoderaram-se do leme; eles, que no princípio do na, eram desconhecidos e cujos líderes, no momento mesmo de acesso ao poder, foram acusados de alta traição. Não encontramos na História outro exemplo de uma reviravolta tão brusca, sobretudo se nos lembrarmos de que se trata de uma nação com 150 milhões de habitantes. Claro está que os acontecimentos de 1917 – de qualquer prisma que os consideremos – merecem ser estudados."

Assim Trotski abriu sua monumental História da Revolução Russa, em três volumes, escrita em 1930, quando já não estava no poder. Antes desse grande e completo relato, fez um primeiro esboço – cujo resultado é o precioso livro que as editoras Boitempo e Iskra trazem ao leitor brasileiro no 90º aniversário da Revolução Russa – como introdução ao processo a que Eric Hobsbawm se referiu com estas contundentes palavras: "A Revolução de Outubro teve repercussões muito mais profundas e globais que a Revolução Francesa (1789) e produziu, de longe, o mais formidável movimento revolucionário organizado da história moderna."

Trotski, com a maestria de quem capta a essência do processo histórico, explica esse momento único em que o "assalto ao céu" de que falava Marx se produziu – ou melhor, foi produzido pela combinação das condições concretas e da audácia e do espírito de vanguarda de Lênin e seus companheiros – pela primeira vez como poder proletário. A tomada do poder pelos bolcheviques é descrita por Trotski com perspicácia incomum, no foi condutor que promoveu a "atualidade da revolução" no século XX.

Noventa anos depois da primeira revolta proletária vitoriosa da história da humanidade, quando a própria palavra revolução vem sendo excluída do vocabulário ou se banalizando, a leitura desta obra representa uma excelente contribuição à luta contra o capitalismo – ainda hoje o inimigo central, não apenas do socialismo, mas de toda e qualquer forma de humanismo no planeta. – Emir Sader

A edição conta ainda com uma cronologia sobre a revolução russa e a constituição da república soviética e um artigo inédito de John Reed, "Os sovietes em ação”, publicado originalmente em 1918 no The Liberator, dirigido por Max Eastman, e traduzido por Beatriz Medina a partir do original em inglês.

Sobre o autor Leon Trotski nasceu Liev Davidovitch Bronstein, na Ucrânia, em 1879. Foi, depois de Lenin, o dirigente mais importante da Revolução deOutubro. Presidente do Soviete de Petrogrado, em1917; comissário do povo para Negócios Estrangeiros após a vitória da revolução. Principal organizador e dirigente do Exército Vermelho na guerra civil. Na luta pelos rumos do partido e da União Soviética, Trotski acabou expulso do partido, em 1927, e da União Soviética, em 1929. A mando de Stalin, foi assassinado, em agosto de 1940, em seu exílio no México, dois anos depois de ter fundado a IV Internacional.

Ficha técnica do livro
Título: A revolução de outubro
Autor: Leon Trotski
Título original: Oktiabrskaia Revoliutsia
Tradutora: Daniela Jinkings
Páginas: 192
ISBN: 978-85-755-9103-1
Orelha: Emir Sader
Editoras: Boitempo e Iskra
Preço: R$ 29,00

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Racismo


Africano é menos inteligente, diz Nobel
Americano James Watson, co-descobridor da estrutura do DNA, dá declaração de cunho racista a jornal

Richard Carson/Reuters
O biólogo James Watson, durante palestra em universidade


DA REPORTAGEM LOCAL

Uma entrevista do biólogo James Watson, 79, com declarações racistas anteontem a um jornal britânico atraiu uma enxurrada de críticas de cientistas, sociólogos, políticos e ativistas de direitos humanos.
Watson, ganhador do Prêmio Nobel por ter descoberto a estrutura do DNA juntamente com Francis Crick, em 1953, afirmou ao jornal britânico "The Sunday Times" que africanos são menos inteligentes do que ocidentais e, em razão disso, se declarou pessimista em relação ao futuro da África.
"Todas as nossas políticas sociais são baseadas no fato de que a inteligência deles [dos negros] é igual à nossa, apesar de todos os testes dizerem que não", afirmou o cientista. "Pessoas que já lidaram com empregados negros não acreditam que isso [a igualdade de inteligência] seja verdade."
A declaração verbal foi apenas um jeito um pouco menos delicado de expor o que ele já havia escrito em seu recém-lançado livro "Avoid Boring People" (Evite Pessoas Chatas): "Não há razão firme para crer que as capacidades intelectuais de pessoas geograficamente separadas evoluam de maneira idêntica. Nosso desejo de considerar poderes iguais de raciocínio como uma herança universal da humanidade não vai se prestar a isso."
Pessoas que apontaram erros na declaração de Watson afirmam que a reação ao cientista precisa ser contundente. O cientista chegou ontem a Londres para divulgar seu livro, e já foi recebido com críticas -teve uma palestra cancelada no Museu de Ciência de Londres.
"Isso é Watson no nível mais escandaloso", disse Steven Rose, fundador da Sociedade para Responsabilidade Social em Ciência do Reino Unido. "Ele já havia dito coisa parecida sobre mulheres, mas eu nunca o ouvira entrar no terreno do racismo. Se ele conhecesse literatura sobre o assunto, saberia que está totalmente enganado cientificamente, além de socialmente e politicamente."
Dono de opiniões polêmicas, Watson ganhou o apelido de "Honest Jim". Em seu livro "Genes, Girls and Gamow", Watson se declarou favorável a um tratamento genético para deixar mulheres feias mais bonitas. Em outra ocasião, defendeu o direito ao aborto, se as grávidas pudessem saber se a criança nasceria homossexual.
Entre os cientistas que reagiram de maneira mais dura contra Watson estão os próprios geneticistas.
"Definitivamente, isso não faz sentido nenhum e é totalmente estapafúrdio", disse à Folha Sérgio Danilo Pena, da Universidade Federal de Minas Gerais. "É uma falácia de autoridade. Ele não é especialista no estudo de evolução de populações humanas. Ele estuda biologia molecular pura."
Pena, cujo trabalho sobre populações brasileiras contribuiu em grande medida para derrubar o conceito biológico de raças humanas, afirma que a maioria das pessoas "não vai levar Watson a sério", mas que ele pode "inflamar os ânimos" daqueles que já são racistas.
Sobre a situação da África, Pena diz que nem sequer é uma questão de inteligência. "O Watson confunde uma situação histórica e social da África com uma situação biológica", disse. "O que acontece é que os africanos foram vítimas de uma colonização brutal por parte dos europeus." (RAFAEL GARCIA)
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Com "The Independent"
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1810200703.htm

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Simplesmente Veríssimo

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Educação

Não é a primeira vez que dados educacionais preocupantes se resumam a simples notas de canto de página. Foi o que aconteceu, mais uma vez, com o que segue abaixo.

"A Região Metropolitana de Salvador apresentou o pior índice de defasagem escolar do Brasil. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o levantamento de indicadores sociais, produzido em 2006, a RMS tem 33,1% dos estudantes do ensino médio com idade destoando da série escolar. De acordo com o IBGE, a defasagem escolar é maior nas últimas séries do ensino fundamental"

A TARDE, 29/09/2007 - Pág. 11 do Caderno Salvador & Região Metropolitana

Um outro dado, este de 2004, que também não teve repercussão devida no país,foi o chamado relatório PISA (Project for International Student Assessment), elaborado pela OCDE (Organização de cooperação e Desenvolvimento Econômico).

Esse projeto "visa avaliar se, ao completarem a escolaridade obrigatória, em torno dos 15 anos, os jovens dominam as competências essenciais que lhes possibilitem continuar aprendendo ao longo da vida".

Para não encompridar a conversa, basta dizer que o Brasil participou, junto com mais 40 países, desse processo de avaliação, ficando nas "piores posições em todos os itens avaliados". Na verdade, o Brasil ficou em último lugar no ranking.

Embora esses dados nacionais (pois o regional, citado no início, saiu do forno agora) date de 2004, nada nos autoriza dizer que a realidade mudou.

Mas se mudou, admitamos, foi para continuar a mesma coisa.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Tropa de elite



Retirado do Boletim do NPC, n. 112
http://www.piratininga.org.br/

Democratizar a comunicação

O dono da Record, o bispo Edir Macedo, em discurso na cerimônia de inauguração do canal de notícias Record News, que promete 24 horas de cobertura jornalística ininterruptas, criticou o monopólio da Rede Globo de televisão. Segundo as palavras do bispo, “Nós fomos injustiçados por muitos anos nas mãos de um grupo de comunicação que mantinha, mantém, por enquanto, o monopólio da notícia no Brasil. Daí surgiu o nosso desejo em levar o fim desse monopólio, de dar às pessoas o direito de se informarem por um outro canal de notícias, de formarem opinião (sic) por si mesmas. Daí surgiu o nosso desejo em democratizar a informação. Por isso, lançamos hoje a Record News, o primeiro canal exclusivo de notícias da TV aberta do Brasil”.

No material divulgado pela UOL NEWS, cujo link que permite a assistência ao breve pronunciamento descrito acima é http://videos.uol.com.br/video/bispo-edir-macedo-critica-monopalio-da-globo-0402C0A97327 , não há como saber o que o bispo quer dizer por “nós”, se ele se refere aos seus fiéis ou a todo o povo brasileiro. Também não fica claro se ele quer substituir o monopólio da globo por um outro, no caso, obviamente, o monopólio da Record.

O fato é que a situação abre possibilidade para um debate crucial no mundo contemporâneo, o da democratização da mídia e não somente das informações, como é o desejo do bispo, pois entendemos que os argumentos que defendem a democratização da informação sem abordar a necessidade de democratizar as mídias que as difundem não passam de falácias, e o mês de outubro aparece como fundamental para desconstruir essas falácias, já que é neste mês, precisamente no dia 5, que vencem as concessões da TV Globo, que segundo a revista fórum, em sua editoria, “é responsável por muito do que o Brasil tem de ruim na sua história política recente”.

Nesse sentido, seja a “santa” Record, ou a “amorosa” platinada, ou qualquer outra, concretamente o que interessa debater é o fato destas serem concessões públicas, portanto devem estar direcionadas aos interesses públicos e não privado-corporativos.

Precisamos aproveitar o momento para ampliar os questionamentos sobre os critérios usados nas concessões dos canais de televisão no Brasil.

Voltaremos a tocar no assunto.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Poesia Premonitória

Elegia 1938
Carlos Drummond de Andrade


Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,
onde as formas e as ações não encerram nenhum exemplo.

Praticas laboriosamente os gestos universais,
sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual.

Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,
e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção.
À noite, se neblina, abrem guarda-chuvas de bronze
ou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas.

Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra
e sabes que, dormindo, os problemas te dispensam de morrer.
Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina
e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.

Caminhas entre mortos e com eles conversas
sobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito.
A literatura estragou tuas melhores horas de amor.
Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear.

Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota
e adiar para outro século, a felicidade coletiva.
Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição
porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan.

Conheça Cuba!!!

A revista Caros Amigos, na edição especial de agosto, trouxe para nós brilhantes matérias sobre Cuba, uma “heróica ilha que poucos conhecem”. Conforme estar na capa da revista número 126.

Em diferentes reportagens, o repórter Sérgio Kalili, junto com o fotógrafo Daniel Kfouri, que passaram dois meses em Cuba, desvela um país que embora tenha os seus problemas (e qual não tem?) demonstra índices de IDH de primeiro mundo.

Saúde? Presente de forma fabulosa!!! Moradia? Todos têm!!! Educação, esporte, lazer? Só de qualidade.

Essas e outras questões vocês podem ficar conhecendo lendo a revista que pode ser solicitada pelo correio, isso se a mesma ainda não estiver escondidinha atrás das reacionárias Veja, Isto é, Época, etc, etc... na banca de revista de sua cidade.

Se você quer vê, Veja. Mas se você quer conhecer, leia Caros Amigos!!!

JOGO SOLIDÁRIO

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Che Guevara - Discurso sobre Cuba y La Revolucion

Paraíso Tropical

Quem matou Taís? Marion? Otávio? Daniel? Ivan? Antenor? Heloísa? O que vocês acham? Pois é, este é o grande debate que rola no momento nos diferentes programas de diversos canais de televisão, até os jornalísticos entraram na onda.

Como nos diz Leci Brandão na música Zé do caroço, cantada pelo Seu Jorge, "(...) e na hora que a televisão brasileira, distrái toda gente com a sua novela", as profundas questões que envolvem o nosso cotidiano (educação, segurança, saúde, só para ficar com as mais básicas) ficam relegadas a segundo ou terceiro plano, só vindo a tona quando algum dado alarmante que sirva para espetacularizar a notícia acontece.

Realmente, esse país é um verdadeiro Paraíso Tropical.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Trânsito

Estamos finalizando a semana do trânsito. Muitas matérias foram produzidas sobre a situação do trânsito, principalmente a vivida nas grandes cidades. Os jovens, segunda as mesmas, estão entre os mais vitimados, inclusive de forma fatal, morrendo precocemente. Fica aqui a nossa sugestão para os fabricantes: diminuam a potência do motor. Creio que assim, reduziríamos muito os acidentes de trânsito de uma forma geral.

Com a palavra, as montadoras!!!

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Dica de Filme


O QUE VOCÊ FARIA?

A corporatocracia em ação

Quem já possui uma visão crítica acerca da atuação das transnacionais e do auto-destrutivo modelo neoliberal certamente vai se deleitar com a abordagem ácida e demolidora dessa obra.
André Lux

CartaCapital, a única revista semanal impressa que ainda pratica jornalismo sério no Brasil, publicou na edição 452 uma reportagem sobre os absurdos que as empresas cometem contra candidatos a uma nova vaga de trabalho, muitas vezes submetendo-os a situações, no mínimo, humilhantes.
Depois de ler essa reportagem e tomar consciência desse fato, o filme “O Que Você Faria?” não parece assim tão absurdo. Embora algumas situações retratadas na obra sejam realmente exageradas (como o sexo no banheiro e as agressões físicas) e os personagens beirem o estereótipo, não existe ali compromisso com a realidade, mas sim com a construção de uma metáfora à loucura que tomou conta hoje do meio empresarial, especialmente das grandes corporações, onde a busca pelo lucro a qualquer preço e a exploração da mão de obra virou obsessão, com raríssimas e nobres exceções.
A verdade é que vivemos hoje numa ditadura do mercado, que alguns chamam ironicamente de “corporatocracia”, na qual a ordem mundial é dominada por meia dúzia de mega-empresas transnacionais que pairam acima de governos e estados democráticos, restando à grande maioria dos cidadãos alugarem suas forças de trabalho a elas em troca da sobrevivência diária. Acima de tudo isso, grupos de acionistas sem rosto e dirigentes absolutamente subservientes a eles dominam com mão de ferro esse sistema que, nas palavras do lingüista e ativista político Noam Chomsky, é o mais totalitário que existe – já que as ordens vêm de cima sem qualquer discussão, sobrando aos que estão abaixo a única opção de segui-las à risca sem questionamento.
“O Que Você Faria?”, uma co-produção entre Espanha, Argentina e Itália, mostra exatamente o processo de seleção para um alto cargo de direção de uma dessas multinacionais. Sete candidatos à vaga são reunidos em uma mesma sala para participarem da última etapa do processo, do qual apenas um restará. Neste ambiente inóspito, serão submetidos a um certo “método Grönholm”, que basicamente incitará os piores instintos de cada candidato na tentativa de eliminar os concorrentes.
O clima de paranóia é dobrado com a possibilidade de um deles ser um impostor, ou seja, alguém da empresa infiltrado na sala para observar mais de perto e manipular a ação dos outros. E tudo ainda pode estar sendo gravado com câmeras e microfones ocultos, numa assertiva alusão à sociedade “Big Brother” para a qual caminhamos cada dia mais, onde tudo e todos são constantemente monitorados e vigiados e, claro, os grotescos programas do tipo "O Aprendiz".
A intenção do roteiro de Mateo Gil e Marcelo Piñeyro, que é baseado em peça teatral de Jordi Galcerán, vai se tornando óbvia a partir que a trama avança e as primeiras vítimas do processo absurdo e degradante vão sendo feitas. Não por acaso, o candidato mais qualificado para o cargo e, também, o mais ético é o primeiro a ser praticamente linchado pelos outros competidores, que agem sempre sob a manipulação da corporação na forma de tarefas transmitidas a eles de modo impessoal e frio por meio de telas de computador. E, claro, o vencedor é justamente aquele que menos tem escrúpulos em destruir os adversários para atingir suas ambições.
Quem já possui uma visão crítica acerca da atuação desumana das transnacionais e do auto-destrutivo modelo neoliberal certamente vai se deleitar com a abordagem extremamente ácida e demolidora da obra, que melhora ainda mais com uma segunda leitura, quando já conhecemos melhor os personagens e o que cada um deles representa dentro do contexto em que estão inseridos.
Ironicamente e em paralelo à ação principal do filme, acontece uma grande manifestação nas ruas de Barcelona contra a atuação nefasta do FMI e do Banco Mundial sobre a economia global, sob o jargão de que "um outro mundo é possível". Por enquanto ainda é. Não se sabe até quando...

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

CPI dos Jogos Pan-americanos

Lembram do Pan? Lembram do superfaturamento do Pan? Penso que não. Aliás, se vacilar, não lembramos nem do quadro de medalhas e nem tampouco, da quantidade de medalhas que os nossos brasileiros ganharam. Coisas sem importância mas que acabam fazendo parte do nosso cotidiano graças a grande mídia.

Pois é, mas estamos aqui justamente para, dentre outras coisas, socializarmos informações sobre a qual esta mesma grande mídia silencia.

Segue, então, uma informação importante, principalmente se pensarmos que estamos às voltas com o tema relativo à Copa do Mundo de 2014.

Leiam e divulguem!!!

CPI DO PAN

Denúncias de irregularidades no mais caro Pan da históriaInvestigações podem ser abertas na Câmara Municipal, na Polícia Federal e no TCU. Jogos, segundo vereadores, podem ter custado aos cofres municipais até R$ 4 bilhões. Cinco últimas edições do Pan, somadas, custaram R$ 2,1 bilhões. Prefeito César Maia (DEM) tenta barrar CPI.Maurício Thuswohl - Carta MaiorData: 21/08/2007

RIO DE JANEIRO – O Pan-Americano do Rio de Janeiro ainda não terminou para César Maia (DEM). Alvo de inúmeras denúncias de má-gestão financeira dos Jogos, o prefeito trava encarniçada disputa política contra seus opositores na Câmara Municipal para impedir a instalação de uma CPI destinada a investigar as eventuais irregularidades cometidas. O pódio dessa disputa ainda sem vencedor só será montado no ano que vem, e sua cobiçada medalha de ouro é a sucessão na Prefeitura do Rio em 2008.Se quiser alimentar alguma chance de subir ao degrau mais alto e fazer seu sucessor em outubro do ano que vem, César Maia terá que conter uma ofensiva na qual os adversários políticos prometem jogar peso nos próximos meses. Vereadores de partidos como PSOL, PT e PCdoB, e até mesmo dos outrora aliados PSDB e PV, denunciam que o Pan do Rio foi o mais caro de todos os tempos, com obras que acabaram custando até dez vezes mais do que o valor inicialmente estipulado, além de diversas outras irregularidades.

A Prefeitura publicou no Diário Oficial que o gasto público total do Município com os Jogos Pan-Americanos ficou em cerca de R$ 1,2 bilhão, mas a oposição garante que foi muito mais: “O custo inicialmente estipulado para o Pan, de R$ 400 milhões, pode ter saído até dez vezes maior, o que é um absurdo”, afirma a vereadora Andréa Gouvêa Vieira (PSDB).

Proponente e presidente da CPI do Pan, Eliomar Coelho (PSOL) também afirma acreditar que o gasto público foi maior que o anunciado pela Prefeitura. O vereador faz uma interessante ressalva: “Mesmo que o gasto tivesse sido esse de R$ 1,2 bilhão, já seria motivo para investigação. Os últimos cinco Jogos Pan-Americanos antes do nosso, somados, custaram cerca de R$ 2 bilhões”, afirma.

Eliomar continua seu raciocínio: “Quando o prefeito entregou à Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana) o caderno de encargos financeiros com os custos inicialmente estipulados, a organização o aceitou porque sabia tratar-se de um montante razoável. Se fosse muito abaixo da realidade, como o prefeito alega agora, a Odepa teria percebido isso”.

PF também investiga

Em sua luta para fazer funcionar a CPI do Pan, os vereadores da oposição contam com o reforço da Delegacia de Crimes Financeiros da Polícia Federal, que abrirá inquérito para apurar denúncias de irregularidades cometidas pelo Comitê Gestor dos Jogos Pan-Americanos (CO-Rio). O delegado Joe Montenegro informou que vai procurar esta semana representantes do Ministério Público para discutir a possibilidade de abertura de uma ação conjunta.

Em outra frente, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a suspensão de todos os pagamentos relativos aos convênios e contratos firmados para o Pan do Rio entre o Ministério dos Esportes, os governos estadual e municipal e a empresa Fast Engenharia e Montagens. Segundo o relatório do TCU, houve diferença de qualidade entre o material que foi comprado e o que foi efetivamente entregue ou instalado. Isso aconteceu com material de construção, tendas, cercas, cadeiras, mesas e aparelhos de ar-condicionado, entre outros.

Um exemplo do que diz o TCU pode ser o estádio João Havelange, mais conhecido como Engenhão. Construído especialmente para os Jogos, o estádio teve seu custo inicial de R$ 170 milhões elevado para quase R$ 400 milhões, valor equivalente ao estipulado inicialmente para todas as obras do Pan. Isso não impediu, no entanto, que dois muros do estádio desabassem em recentes ventanias. No incidente mais recente, um muro de 15 metros, situado ao lado de uma das rampas de acesso às arquibancadas, desabou. Técnicos da Prefeitura enviados ao Engenhão admitiram que os tijolos utilizados no muro eram mais finos que o inicialmente tratado no projeto.

Outro alvo da CPI do Pan serão as irregularidades cometidas na venda de ingressos. As denúncias neste item formam um vasto leque, que vai de ingressos vendidos em duplicidade a ingressos vendidos a “torcedores-fantasmas”, passando por falsificação de ingressos e falhas na entrega dos ingressos comprados pela internet. Em alguns casos, como nas semifinais e finais do vôlei e do basquete, os ginásios tiveram lotação muito menor do que sugeria o número de ingressos anunciados como vendidos.

Cesar adia CPI mais uma vez

Apesar das evidências, a oposição não vem conseguindo reunir força política para fazer a CPI do Pan virar realidade. Adiada pela primeira vez em junho, sob o argumento de que “mancharia a imagem do Pan e da cidade antes da realização dos Jogos”, ela foi mais uma vez rebatida na semana passada pelo eficiente bloqueio do time comandado por Cesar na Câmara Municipal.

Por três votos a dois, os vereadores da CPI resolveram adiar sua instalação até que fique pronto um relatório produzido pelo grupo de trabalho parlamentar criado para acompanhar o Pan. Este grupo, constituído a pedido de Cesar e composto majoritariamente por vereadores da base governista, tem prazo até novembro para apresentar seu relatório. Com isso, a CPI só seria instalada às vésperas do Natal, o que, na prática, jogaria essa discussão para o ano que vem e pouparia ao prefeito alguns meses de exposição pública negativa.

Votaram pelo adiamento da CPI os vereadores Carlo Caiado e Nadinho de Rio das Pedras, ambos do DEM, além de Luiz Guaraná, do PSDB. A manobra revoltou a oposição: “É uma ação organizada pelo prefeito para travar as investigações. Este grupo de acompanhamento, por melhor que seja, não tem a força de uma CPI no sentido de exigir o acesso a documentos, contratos e convênios”, afirma Eliomar Coelho que, ao lado da vereadora e ex-atleta pan-americana Patrícia Amorim (PSDB), votou pela instalação imediata da CPI.

Se depender da oposição, a disputa pela CPI do Pan pode ganhar as ruas. Os vereadores derrotados prometem mobilizar seus gabinetes para colher milhares de assinaturas da população e exigir a abertura das investigações. O PSOL, adianta Eliomar, estuda a possibilidade de realizar em breve uma manifestação: “É grande a indignação nas ruas do Rio com os custos elevados do Pan. O que vemos é muita reclamação vinda de pessoas que não aceitam um gasto desse enquanto setores como saúde, educação e transportes, entre outros, carecem de recursos há anos”.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Copa 2014

Estava pensando, mesmo na ausência de botões na minha camisa, como inauguraria o meu "movimento do real". De repente, lembrei do projeto que tramita na Secretaria de Esportes da Bahia relativo a construção de um novo estádio de futebol aqui em Salvador, tendo em vista a possibilidade do Brasil sediar a Copa do Mundo de 2014. O valor do projeto estar em torno de R$ 300.000.000 (trezentos milhões de reais).

Decidir que este seria um bom tema de inauguração, pois além de citar uma questão atualíssima, coloca uma problemática sobre as reais necessidades do Estado desenvolver este projeto. Será que não temos outras prioridades?

Voltaremos a este assunto em breve. Por enquanto, aproveito a deixa para socializar um texto meu que saiu no Observatório da Imprensa em junho de 2006. Não por acaso, ano de Copa do Mundo. Espero que gostem.

Dito isto, dou por inaugurado o "Movimento do Real", que será atualizado sempre que a realidade deste que "fala" permitir.

Abraços fraternos.
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JORNAL DA COPA

Esporte, mero detalhe do business
Por Welington Araújo Silva em 27/6/2006

Um olhar sociológico mais aguçado nos permite localizar a gênese do esporte moderno como um elemento característico do século 18, impulsionado pelo processo de industrialização e urbanização de uma sociedade que dava os seus primeiros passos rumo ao desenvolvimento do capitalismo. Trabalhadores, camponeses e operários de diferentes localidades, chegavam às cidades em busca de novas oportunidades de emprego, fixando-se nas periferias. Além da esperança por dias melhores, traziam todo um repertório de tradições de sua comunidade de origem. Entre essas tradições figuravam diferentes tipos de jogos, que eram vivenciados para celebrar diferentes ocasiões e "matar" o tempo de ócio que, embora pouco, existia, ao menos para repor as energias gastas nos trabalhos estafantes das indústrias emergentes.

Essa cultura corporal, lúdica na sua essência e voltada para aspectos da tradição das diferentes comunidades que compunham as cidades, foi, aos poucos, devido a diferentes fatores, transformando-se e cedendo espaço a uma cultura que tinha uma relação mais próxima com os elementos característicos da sociedade capitalista, mais precisamente com o que se andava fazendo nas fábricas. Nesses termos, surge o esporte, trazendo três elementos que reinavam absolutos nas indústrias: os processos de eficiência, eficácia e, principalmente, de rendimento. Foi justamente esse último elemento, que no seu início se tratava de um simples rendimento físico, que se transmutou e, acompanhando a lógica do capital, tornou-se sinônimo de rendimento financeiro.

Essa lógica financeira, então, passou a compor o caldo esportivo e todo o mundo do negócio começou a enxergar no esporte um elemento muito forte de marketing, de publicidade e de propaganda de produtos os mais diversos, inclusive os que, em tese, nada têm a ver com o esporte, como as bebidas alcoólicas. Não por acaso, nesta Copa, pela primeira vez, os investimentos em mídia ultrapassam a incrível cifra de um bilhão de dólares! Das modalidades esportivas, é o futebol a que vem se tornando a mais rentável.

Em nome do e$porte

Jogadores de futebol, como Ronaldinho, por exemplo, tornam-se garotos-propaganda de vários produtos. Se na Copa do Mundo de 82 o merchandising dos jogadores se restringia às chuteiras, hoje vários são os produtos oferecidos através da imagem dos atletas, de picolé a agência bancária, passando por cerveja, guaraná, desodorante, entre outros.

Mas não são os jogadores as únicas estrelas desse espetáculo. No mundo do futebol, a estrela de quinta grandeza são os patrocinadores. Basta ficarmos uns poucos minutos diante da TV para constatarmos isso. Aliás, sozinhos, terão direito a 16% do total de ingressos dos jogos da Copa, o equivalente a 25 mil entradas. Enquanto isso, os pobres torcedores ficam de fora, já que para assistir a um simples jogo devem desembolsar, em alguns casos, cinco mil reais. Por essas e outras a Copa da Alemanha tem sido considerada a mais elitizada de todas.

Pela aceleração dos fatos, com os patrocinadores começando a tomar conta do espetáculo, não nos surpreendamos se na Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, tivermos times compostos pelos brinquedos Estrela, chicletes Bubbaloo, picolé Kibon, desodorante Rexona, banco Santander, chuteira Adidas, isotônico Gatorade, guaraná Antarctica. Tudo em nome do e$porte.

Publicado originalmente no link abaixo.
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=387JDB009