segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Que tudo não se realize

Estou sentindo muitas dificuldades de desejar boas festas, bom natal, feliz ano novo ou qualquer coisa que o valha nesse ano. As coisas que tenho percebido ocorrer no nosso cotidiano não me permitem enganos e enganar os outros. Portanto, não teremos um ano feliz. Sinto dizer.

Crianças continuarão a morrer de fome. Jovens e adultos também. Muitos, além de morrerem de fome, continuarão cometendo suicídios por não terem os seus legítimos anseios satisfeitos. Além da fome, doenças facilmente curáveis continuarão matando as crianças. Não todas. As chuvas, em função do desmatamento irracional feito pelos homens, continuarão inundando e matando os homens e mulheres. A culpa voltará a ser dos ratos que se escondem nos esgotos. O menino morreu de leptospirose. É um novo nome para a irracionalidade. Calazar é o sobrenome.

A dengue continuará. Outra epidemia aparecerá, mais forte e com mais letras e números. A corrupção continuará e os corruptos também, impunes como sempre. Obama, o prêmio Nobel da Paz, continuará a enviar mais homens para ampliar o contingente no Iraque e no Afeganistão. Mas tudo em nome da paz, pois essa só se garante com guerra.

Os hospitais continuarão cheios e com leitos cada vez mais lotados. Os planos de saúde, sorridentes pelas ampliações das doenças, aumentarão as mensalidades, alertando, para evitar inconvenientes, que não cobrem todas as doenças.

O setor da educação continuará dividido entre aqueles que são educados para ocupar um mercado de trabalho cada vez mais incerto e outros que são educados para pensar como ampliar o mercado, pois o mesmo está incerto, usando cada vez menos a força de trabalho que está sendo educada para o trabalho precarizado. O setor esportivo continuará perpetuando os de sempre, que continuarão a fazer o que sempre fizeram.

Existem muito mais coisas. Inclusive, às boas. Mas preferir às ruins. Pois sei que seus ouvidos estão sendo invadidos por palavras de otimismo. Isso é bom. Mas aprendir com Chico de Oliveira que o otimista é o pessimista mal informado.

Para não finalizar a mensagem sem nenhuma esperança, desejo que tudo isso que coloquei acima não ocorra.

É o meu desejo sincero. Apenas isso.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

A hora da verdade

Reflexões do companheiro Fidel

(Extraído de CubaDebate)

AS notícias que chegam da capital dinamarquesa refletem o caos. Os anfitriões, após conceberem um evento no qual participariam por volta de 40 mil pessoas, não têm jeito de cumprir sua palavra. Evo, que foi o primeiro dos dois Presidentes da ALBA em chegar, expressou profundas verdades que emanam da cultura milenar de sua raça.

Assegurou, segundo as agências de notícias, que tinha um mandato do povo boliviano no sentido de bloquear qualquer acordo, se o texto final não satisfaz as alternativas. Explicou que a mudança climática não é a causa, mas sim o efeito, que éramos obrigados a defender os direitos da Mãe Terra, frente a um modelo de desenvolvimento capitalista, a cultura da vida frente à cultura da morte. Falou da dívida climática que os países ricos devem pagar aos países pobres, e devolver-lhes o espaço atmosférico arrebatado.

Qualificou de ridícula a soma de US$ 10 bilhões anuais, oferecidos até o ano 2012, quando na realidade são precisos bilhões cada ano, e acusou os Estados Unidos de gastarem trilhões exportando o terrorismo a Iraque e ao Afeganistão, e criarem bases militares na América Latina.

O Presidente da República Bolivariana da Venezuela falou no dia 16 na Cúpula, às 8h40, hora de Cuba. Pronunciou um discurso brilhante, que foi muito aplaudido. Os seus parágrafos eram lapidários.

Impugnando um documento proposto à Cúpula pela Ministra dinamarquesa, a qual presidia a Conferência, expressou:

"...é um texto que vem do nada, não aceitaremos nenhum texto que não venha dos grupos de trabalho, que são os textos legítimos que estiveram sendo negociados nestes dois anos".

"Há um grupo de países que se acham superiores a nós os do Sul, os do Terceiro Mundo..."

"...não nos estranhemos, não há democracia, estamos diante de uma ditadura".

"...vinha lendo algumas consignas que há nas ruas, pintadas pelos jovens... Uma: ‘não mudem o clima, mudem o sistema’... Outra: ‘se o clima fosse um banco, já o teriam salvado.’"

"Obama [...] recebeu o prêmio Nobel da Paz no mesmo dia em que enviou 30 mil soldados a matar inocentes no Afeganistão".

"Apoio o critério dos representantes das delegações do Brasil, Bolívia, China, só queria apoiar [...] mas não me permitiram usar da palavra..."

"Os ricos estão destruindo o planeta, será que vão embora para outro, após destruírem este?"

"...a mudança climática é, sem dúvida, o problema ambiental mais devastador deste século."

"...Os Estados Unidos têm, ao todo, 300 milhões de habitantes; China tem quase cinco vezes mais população que os Estados Unidos. Estados Unidos consomem mais de 20 milhões de barris diários de petróleo; China chega, apenas, a cinco ou seis milhões de barris diários. Não se pode pedir o mesmo aos Estados Unidos do que à China."

"...reduzir a emissão de gases poluentes e conseguir um acordo de cooperação a longo prazo [...] parece ter fracassado, por agora. Qual a razão? [...] a atitude irresponsável e a falta de vontade política das nações mais poderosas do planeta."

"...o abismo que separa os países ricos e pobres não deixou de crescer, apesar de todas estas cúpulas e das promessas descumpridas, e o mundo segue sua marcha destrutiva."

"...O ingresso total dos 500 indivíduos mais ricos do mundo é superior ao ingresso dos 416 milhões de pessoas mais pobres."

"A mortalidade infantil é de 47 mortes em cada 1.000 nascidos vivos, mas nos países ricos é de só 5."

"...até quando vamos permitir que continuem morrendo milhões de crianças por doenças curáveis?"

"Há 2,6 bilhões de pessoas que vivem sem serviços de saneamento."

"O brasileiro Leonardo Boff escreveu: ‘Os mais fortes sobrevivem sobre as cinzas dos mais fracos.’"

"Jean Jacob Rousseau dizia... ‘Entre o forte e o fraco a liberdade oprime.’ Por isso é que o império fala de liberdade, é a liberdade para oprimir, para invadir, para assassinar, para aniquilar, para explorar, essa é que é sua liberdade. E Rousseau acrescenta a frase salvadora: ‘Só a Lei liberta.’"

"Até quando vamos permitir conflitos armados que massacram milhões de seres humanos inocentes, com o fim de os poderosos se apropriarem dos recursos de outros povos?"

"Há quase dois séculos, um libertador universal, Simón Bolívar disse: ‘Se a natureza se opõe, lutaremos contra ela e faremos com que nos obedeça.’"

"Este planeta viveu bilhões de anos sem nós, sem a espécie humana; nós não fazemos falta para que ele exista, mas nós sem a Terra não vivemos..."

Evo falou na manhã de hoje, quinta-feira. Seu discurso também será inesquecível.

"Desejo expressar nossa moléstia pela desorganização e pelas dilações que existem neste evento internacional...", disse com franqueza ao início de suas palavras.

Suas ideias básicas:

"Quando perguntamos que acontece com os anfitriões, [...] dizem-nos que são as Nações Unidas; quando perguntamos o que acontece com as Nações Unidas, dizem que é a Dinamarca, e não sabemos quem desorganiza este evento internacional..."

"...estou muito surpreendido porque somente tratam dos efeitos e não das causas da mudança climática."

"Se nós não identificamos de onde vem a destruição do meio ambiente [...] com certeza nunca vamos resolver este problema..."

"...estão no centro do debate duas culturas: a cultura da vida e a cultura da morte; a cultura da morte, que é o capitalismo. Nós, os povos indígenas, dizemos, é o viver melhor, melhor a custa do outro."

"...explorando o outro, saqueando os recursos naturais, violando a Mãe Terra, privatizando os serviços básicos..."

"...viver bem é viver em solidariedade, em igualdade, em complementaridade, em reciprocidade..."

"Estas duas formas de existência, estas duas culturas da vida estão no centro do debate ao falarmos da mudança climática, e se não decidimos qual é a melhor forma de existência ou de vida, com certeza nunca vamos resolver este tema, porque temos problemas de vida: o luxo, o consumismo que faz dano à humanidade, e não queremos dizer a verdade neste tipo de eventos internacionais."

"...dentro da nossa forma de viver, o fato de não mentir é algo sagrado, e isso não se pratica cá."

"...na Constituição está a ama sua, ama llulla, ama quella: não roubar, não mentir, nem ser frouxos."

"...a Mãe Terra ou a Natureza existe e existirá sem o ser humano; mas o ser humano não pode viver sem o planeta Terra, e, portanto, é nossa obrigação defendermos o direito da Mãe Terra."

"...saudo as Nações Unidas, que neste ano, por fim, declararam o Dia Internacional da Mãe Terra."

"...a mãe é algo sagrado, a mãe é nossa vida; a mãe não pode ser alugada, nem se vende nem se viola, é preciso respeitá-la."

"Temos profundas diferenças com o modelo ocidental, e isso está em debate neste momento."

"Estamos na Europa, vocês sabem que muitas famílias bolivianas, famílias latino-americanas vêm à Europa. Para que vêm cá? Para melhorarem suas condições de vida. Na Bolívia, podiam estar ganhando 100, 200 dólares mensais, mas essa família, essa pessoa vem cá cuidar um avô europeu, uma avó européia e ao mês obtém 1.000 euros."

"Estas são as assimetrias que temos de continente a continente, e somos obrigados a debater como buscar certo equilíbrio, [...] reduzindo estas profundas assimetrias de família a família, de país a país e, designadamente, de continente a continente."

"Quando [...] nossas irmãs e irmãos vêm cá para sobreviverem ou para melhorarem suas condições de vida, são expulsos, existem esses documentos chamados de retorno [...] mas antes, quando os avôs europeus chegaram à América Latina nunca foram expulsos. Minhas famílias, meus irmãos não vêm cá assenhorear-se de minas, nem têm milhares de hectares para serem latifundiários. Antigamente, não existiam nem vistos nem passaportes para os que chegavam a Abjá Jála, agora chamada América."

"...se não reconhecemos o direito da Mãe Terra, vamos estar falando em vão de US$ 10 bilhões, de US$ 100 bilhões, o que é uma ofensa para a humanidade."

"...os países ricos devem acolher todos os imigrantes que sejam afetados pela mudança climática e não devolvê-los a seus países, como estão fazendo neste momento..."

"...nossa obrigação é salvarmos toda a humanidade e não metade da humanidade."

"...a ALCA, Área de Livre Comércio nas Américas. [...] não é Área de Livre Comércio nas Américas, é uma área de livre colonização nas Américas..."

Entre as perguntas que Evo sugeria para um referendo mundial sobre a mudança climática estavam:

"...Você concorda em restabelecer a harmonia com a natureza, reconhecendo os direitos da Mãe Terra?..."

"...Você concorda em mudar este modelo de consumo excessivo e de esbanjamento, que é o sistema capitalista?..."

"...Você concorda em que os países desenvolvidos reduzam e reabsorvam suas emissões de gases que provocam o efeito estufa?..."

"...Você concorda em transferir tudo o que se gasta nas guerras e em destinar um orçamento superior ao orçamento de defesa para a mudança climática?..."

Como se conhece, na cidade japonesa de Kyoto, no ano 1997, foi assinado o Convênio das Nações Unidas sobre Mudança Climática, que obrigava 38 países industrializados a reduzirem suas emissões de gases que provocam o efeito estufa, numa determinada porcentagem com relação aos emitidos em 1990. Os países da União Europeia se comprometeram a reduzir 8%, e entrou em vigor no ano 2005, quando a maioria dos países assinantes já o tinham ratificado. George W. Bush, então presidente dos Estados Unidos —o maior emissor de gases poluentes, responsável pela quarta parte do total destes—, tinha rejeitado o acordo, desde meados de 2001.

Os demais membros das Nações Unidas seguiram em frente. Os centros de pesquisas continuaram sua tarefa. Torna-se já evidente que uma grande catástrofe ameaça nossa espécie. Talvez o pior seja que o egoísmo cego de uma minoria privilegiada e rica pretenda jogar o peso dos sacrifícios necessários na imensa maioria dos habitantes do planeta.

Essa contradição se reflete em Copenhague. Lá, milhares de pessoas estão defendendo com grande firmeza seus pontos de vista.

A força pública dinamarquesa utiliza métodos brutais para esmagar a resistência; muitos dos que protestam são postos em prisão preventiva. Comuniquei-me com nosso chanceler Bruno Rodríguez, que estava num ato de solidariedade na capital de Copenhague, junto de Chávez, Evo, Lazo e outros representantes da ALBA. Perguntei-lhe quem estava sendo reprimido com tanto ódio pela polícia dinamarquesa, que lhe torcia os braços e lhe batia repetidamente pelas costas. Respondeu-me que eram cidadãos dinamarqueses e de outras nações europeias e membros dos movimentos sociais que exigiam da Cúpula uma solução real, agora, para enfrentar a mudança climática. Disse-me, aliás, que à meia-noite continuariam os debates da Cúpula. Quando falei com ele já era de noite na Dinamarca. A diferença é de seis horas.

Da capital dinamarquesa, nossos companheiros informaram que o de amanhã, sexta-feira, 18, será pior. Às 10h da manhã, a Cúpula das Nações Unidas será suspensa durante duas horas e o chefe de Governo da Dinamarca terá um encontro com 20 chefes de Estado convidados por ele, para discutirem com Obama "problemas globais". Assim será denominada a reunião, cujo objetivo é impor um acordo sobre a mudança climática.

Embora na reunião estejam participando todas as delegações oficiais, só poderão opinar "os convidados". Naturalmente, nem Chávez nem Evo se encontram entre os que podem emitir sua opinião. A ideia é que o ilustre prêmio Nobel possa pronunciar seu discurso pré-elaborado, precedido pela decisão, que será adotada nessa reunião, de transferir o acordo para fins do ano próximo na Cidade do México. Aos movimentos sociais não se permitirá estarem presentes. Depois desse show, no salão principal do evento prosseguirá a "Cúpula" até o seu inglorioso encerramento.

Como a televisão transmitiu as imagens, o mundo pôde contemplar os métodos fascistas empregues em Copenhague contra as pessoas. Jovens na imensa maioria, os manifestantes reprimidos ganharam a solidariedade dos povos.

Para os chefes do império, apesar de suas manobras e suas cínicas mentiras, está chegando a hora da verdade. Seus próprios aliados acreditam cada vez menos neles. No México, em Copenhague ou em qualquer outro país do mundo, encontrarão a resistência crescente dos povos, que não perderam a esperança de sobreviver.

Fidel Castro Ruz

Dezembro 17 de 2009

domingo, 13 de dezembro de 2009

E.U.A e América Latina

EUA seguem tratando América Latina como 'quintal', diz Raúl Castro

O presidente de Cuba, Raúl Castro, acusou os Estados Unidos de continuarem a tratar a América Latina como seu "quintal".

Falando na abertura da cúpula da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba), em Havana, o líder cubano disse que o governo de Barack Obama mantém "sua doutrina de ocupar e dominar a qualquer preço o território que sempre considerou como seu quintal natural".

"A reativação da 4ª Frota (da Marinha americana) com capacidade e objetivos estratégicos anunciados para manobrar inclusive em águas internas dos países da região é uma prova de que os Estados Unidos não têm limites", afirmou, Castro, lembrando também o recente acordo que permite acesso americano a bases militares na Colômbia.

O líder cubano acusou ainda o governo Obama de ter apoiado aos golpistas em Honduras.

"Na América Latina, lutam dois projetos: um colonialista e neocolonial subordinado aos interesses do império, e outro das forças que representam as classes despossuídas e discriminadas", disse.

Êxitos Castro enumerou ainda os sucessos da Alba em seus cinco anos de existência. Segundo ele, três países da Aliança - Bolívia, Nicarágua e Venezuela - conseguiram eliminar o analfabetismo por causa dos programas educativos do bloco.

Ele mencionou ainda que, na área econômica, um dos maiores êxitos foi a criação do Banco da Alba para o desenvolvimento de projetos econômicos e sociais.

O líder lembrou também que o comércio entre os países do bloco, a partir de 2010, começará a funcionar com um mecanismo de "compensação de pagamentos sem utilizar o dólar, mas sim uma unidade monetária chamada sucre".

A Alba foi criada e fundada há cinco anos pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e pelo então presidente de Cuba, Fidel Castro.

A cúpula em Havana deve terminar na terça-feira.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

PANETONE DO ARRUDA

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Evo reeleito



Vitória contundente de Evo Morales• LA PAZ, 6 de dezembro.— "Hoje a Bolívia demonstra novamente sua vocação democrática e que é possível mudar", declarou o presidente reeleito, Evo Morales, do Movimento ao Socialismo (MAS), ratificado no seu cargo por um respaldo popular contundente, superior a 63% dos votos.

No seu discurso, no Palácio do Governo, na Praça Murillo, Morales destacou diante de milhares de simpatizantes emocionados que o triunfo dos bolivianos constitui fundamentalmente um reconhecimento aos governos e povos anti-imperialistas, e agradeceu esta oportunidade de continuar trabalhando pela igualdade e a unidade da Bolívia.

O mandatário, que tomará posse como presidente para o período 2010-2015 em 22 de janeiro próximo, expressou seu compromisso de acelerar o processo de mudanças sociais que tem lugar na nação, juntamente com seu vice-presidente Alvaro García Linera, e à frente de uma possível maioria na Câmara alta, com 25 senadores de 36, como demonstram as pesquisas.

O povo andino teve uma participação em massa nas eleições, noticiando-se a incrível cifra de 140 mil votos desde o exterior, para constituir o primeiro processo eleitoral no âmbito da nova Constituição impulsada por Evo Morales, que declara a Bolívia um estado plurinacional.

Morales chamou seus opositores a trabalharem juntos pelo país, em um governo que "surge do povo e para o povo", precisou.

Retirado do Jornal Gramma Internacional

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

A Globo e seu TOC[1]
(ou a remasterização obsessiva das representações desqualificantes)

Em A negação do Brasil (documentário datado de 2000), Joel Zito de Araújo enfatiza, de maneira contundente, o espaço conferido ao negro pela televisão brasileira, ou seja, o lugar da inferioridade. Seja por meio das telenovelas ou minisséries, o que se vê ao longo do período que engloba a década de 60 até 90 é exatamente a “remasterização” das principais imagens difundidas ao longo de séculos pelo discurso colonial e seus principais tentáculos – religião, ciência, política.

Seja pelo signo da inferiorização moral e intelectual, passando pela retomada da violência simbólica e física que marcou o tratamento do corpo negro no contexto colonial, a denúncia fundamental do referido documentário reside no seguinte: o discurso da teledramaturgia pouco contribui para desvelar o racismo que marca as tensas relações sociais no Brasil. Ao contrário: a TV, por meio da articulação de especialistas da violência simbólica, retoma esquemas que remetem às estratégias de desqualificação do negro na sociedade brasileira (para ficarmos somente na estrutura dessa nossa sociedade que se pensa democrática).

Quando a questão racial, no contexto televisivo, se cruza com a de gênero, as representações desqualificantes se acentuam, afinal, argumenta-se que a mídia dialoga com o imaginário brasileiro. À mulher negra, no mais das vezes, é associado um sistema de estereotipias, sendo duas as principais imagens: a empregada doméstica submissa ou alcotiveira; a criatura excessivamente sexualizada, que não consegue ultrapassar a condição imposta pelo domínio exclusivo dos instintos. Em ambos os casos, o pêndulo televisivo oscila sob o peso do racismo, pois em nada se afasta da formação discursiva colonial.

Em tempos de ações afirmativas no Brasil, localizados num século ainda “cheirando a leite”, presenciamos mais uma investida num formato de telenovela que vem se consolidando no famigerado horário nobre. Ou seja, novamente a Rede Globo concede ao escritor Manoel Carlos um espaço de destaque em sua programação. Nesse sentido, elementos como a bossa nova, a paisagem carioca da zona sul ou do balneário de Búzios, o cotidiano da classe média (média alta) e, claro, a retomada do ícone da personagem “Helena” são fundamentais para a difusão de uma trama que, se acredita, “dialoga de maneira eficiente com a audiência”. A novidade, na atual telenovela “Viver a vida”, é o protagonismo negro associado à figura da Helena. Tem-se, então, a atriz Thais Araújo interpretando uma mulher que ocupa espaços elitizados, seja pela atividade profissional exercida (modelo internacional), seja pelo padrão de consumo que a sua condição proporciona e, como não poderia deixar de ser, o trânsito desenvolto que faz o Rio de Janeiro (da zona sul) aproximar-se de Paris (numa rapidez e simplicidade, como não poderia deixar de ser).

Associando-se a telenovela “Viver a Vida” ao conjunto de produções analisado por Joel Zito de Araújo, pode-se pensar que há um significativo avanço na forma de inserção do negro na TV. No entanto, violência subsumida no capitulo exibido hoje restaura a polêmica. A essa altura da trama, a Helena já está em sua “temporada no inferno”: sofre o drama psicológico da culpa associada ao trágico destino da sua colega de passarela (a personagem Luciana, representada por Alinne Moraes). Para representar esse sentimento, obviamente a produção investiu numa caracterização degradante da personagem, muito distante do glamour que marcou a sua aparição até então.

No entanto, o que chama a atenção é justamente a cena em que a personagem Helena, de joelhos diante de Tereza (Lilia Cabral), assume toda a responsabilidade pela desgraça familiar. A cena permite uma retomada da estrutura muito comum às ditas “novelas de época” que retratam a subserviência negra diretamente associada à autoridade de um mandatário que não poupa esforços para ratificar a segregação, o distanciamento, a assimetria das relações raciais. Desprovida de graça, e o pior, mergulhada num típico figurino da slave colection, Helena irmana-se com a legião de mucamas e afins que sofrem o peso da sujeição. Aqui inauguro ironicamente o termo slave colection para apontar uma forma previsível de caracterizar a presença negra na televisão, ou seja, representações que remetem à condição escrava (única possibilidade de se pensar essa presença negra).

O ápice da cena é o golpe (tapa) desferido no rosto da Helena. Golpe que não pode ser dissociado da frase que o acompanha: “isso é só o começo”. Não se deve esquecer que como mais uma personagem branqueada – distante da historicidade familiar e isolada do convívio com outros/as negros/as – Helena experimenta a assimilação cultural. No entanto, as próprias contribuições das Ciências Sociais apontam que essa assimilação na verdade é uma armadilha, pois não garante a devida valorização e a ocupação de espaços. Enquanto uma falácia compentente, a assimilação cultural gera o efeito da falsa inclusão, mas a mesma sociedade que a estimula lança mão de mecanismos que reafirmam a exclusão.

Por fim, o simbolismo dessa cena televisiva (ironicamente exibida na “semana da consciência negra”) comprova o caráter pontual da abordagem da questão negra. E também como ainda se está distante de uma abordagem processual e séria da questão (sobretudo por parte da mídia), o que certamente indicaria um avanço. Isso tudo comprova: a racialização ainda é um componente fundamental para se entender como se dão as relações sociais no Brasil (mesmo que enquanto conceito biológico raça – e suas diferenciações – signifique algo superado).

Daniela Galdino. Professora da Rede Estadual de Ensino, Professora Visitante da UNEB, Mestre em Literatura e Diversidade Cultural.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Fim do muro e da cortina

Mídia cobriu a festa sem entender

Por Alberto Dines em 10/11/2009


A eufórica rememoração dos 20 anos da derrubada do Muro de Berlim logo seguida pelo destroçamento da Cortina de Ferro necessita de alguns contrapesos. A mera exaltação em torno de triunfos produz perigosos desvios cuja soma pode resultar na subversão dos fatos.

A mídia – internacional e brasileira – tem se mostrado exímia em simplificar os significados da derrubada daquela barreira entre as duas Alemanhas. Com as mesmas imagens, sutis manipulações lingüísticas e rememorações incompletas fabrica-se uma História virtual, reduzida, diferente da real.

A queda do muro berlinense e o fim do império soviético não significaram o fim do socialismo. Essa balela não honra uma imprensa qualificada que se pretende isenta e livre. O que caiu – de podre – foi o comunismo, sobretudo a sua versão stalinista, estúpida, sanguinária, totalitária.

O socialismo democrático, ou mais precisamente a social-democracia, não foi despedaçado a golpes de martelo e picareta em 9 de novembro de 1989. Ao contrário, forneceu o cimento de altíssima qualidade para a construção não apenas da República Federal Alemã, a Alemanha Ocidental, como do Mercado Comum Europeu na qual se alimentou e prosperou.

Mesmo quando fora do poder o Partido Social Democrático Alemão (SPD) conseguiu manter todas as características de um welfare-state, estado previdencial, rigorosamente democrático, herdeiro legítimo do humanismo da República de Weimar.

Imperiosa outra correção de caráter histórico-filológico: o liberalismo vitorioso não foi propriamente o liberalismo político, essencialmente democrático, mas o econômico (logo depois apelidado de neoliberalismo), aquele que abomina a função reguladora e social do Estado. O chanceler Helmuth Kohl representava o conservadorismo alemão, mas comparado com os congêneres de outros rincões, sobretudo o anglo-americano, poderia ser qualificado como progressista. Margaret Thatcher e George Herbert Walker Bush representavam o capitalismo agressivo, sem controles, implacável. Este mesmo capitalismo que se estatelou em 2008 e agora Barack Obama e Mikhail Gorbachev tentam consertar.

Messianismo futurista

Examinados pelo espelho retrovisor e com um intervalo de duas décadas, estes equívocos podem parecer insignificantes. Na realidade, foram os responsáveis por uma ilusão extremamente perigosa. A partir de 1989 – e mais visivelmente a partir de 1991 – o mundo foi intoxicado por um monolitismo medieval. E a mídia foi o arauto de uma diabólica arrogância que não apenas liquidou o Outro, como liquidou as noções de alternativa e alternância.

Fomos empurrados prematuramente para a era da Infalibilidade e das Certezas; o triunfalismo de 1989 não deixou lugar para as dúvidas, questionamentos e ceticismo. E a imprensa só existe, só funciona e só é necessária quando consegue vocalizar dúvidas, questionamentos e ceticismo.

O desvario da mídia brasileira começou justamente nesta época. Foi a fase da "brindologia", farta distribuição de brindes encartados nas edições de domingo. Os jornais queriam aumentar as tiragens de qualquer maneira. Perderam as referências, esqueceram os limites e os compromissos. Quem mandava era o marketing e os consultores internacionais. Foi exatamente naquele momento que desembarcou em nosso país a turma da consultoria Inovación Periodística a serviço da Universidade de Navarra e da Opus Dei.

Jornais e semanários de informação resolveram dar marcha a ré, retroceder na busca da qualidade. Uma imagem vale mil palavras, lembram-se desta bobagem? A vitória sobre o "socialismo" animou os esquartejadores: o mundo estava salvo, a informação qualificada era agora desnecessária. A felicidade e a prosperidade estavam disponíveis, universais. Dispensaram-se os correspondentes estrangeiros, enxugadas as páginas de noticiário internacional, criados os "pátios dos milagres" (páginas de medicina e saúde alimentadas por press releases da indústria farmacêutica).

As primeiras negociações para a criação do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) na Unicamp – embrião deste Observatório – datam justamente de 1993, quando o circo da mídia começou a funcionar em alta velocidade.

Naquele vale-tudo pós-Muro e pós-Cortina de Ferro, apareceram as novas tecnologias de informação, a internet, o messianismo futurista, o endeusamento dos gadgets, o culto da obsolescência. Sem clima para duvidar e sem tempo para exercitar a prudência, todos se aboletaram nas modas, ondas e bolhas.

Mundo de ontem

O Muro de Berlim resultou da vitória sobre o nazi-fascismo. Sua derrubada liquidou um dos protagonistas desta façanha, o totalitarismo de esquerda. O esfacelamento deste criou um totalitarismo vândalo, sem filiação, rotativo, fragmentário. Igualmente opressor.

Os mediadores entregaram-se à pressa e aceleraram mudanças que sequer suspeitavam. A mídia assistiu ao desmoronamento do Muro e da Cortina de Ferro sem os entender. Ao contrário da mobilização contra o terror nazi-fascista dos anos 1930 e 40, em 1989 e 1991 a mídia clicou flashes e câmeras sem perceber o que acontecia. Iludiu-se e iludiu.

O suspiro nostálgico do Eric Hobsbawm ao afirmar que o Muro de Berlim mantinha o mundo em segurança precisa ser entendido no contexto da sua Viena e do mundo de ontem. O historiador condenava o caos e o desvario que substituíram a Alemanha dividida e liquidaram os valores que a humanidade perseguiu sistematicamente ao longo de alguns milênios.

FONTE: Observatório da imprensa

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

30 anos da morte de Santos Dias



Em 30 de outubro, completaram-se 30 anos da morte do militante Santo Dias, um dos operários metalúrgicos mais combativos do final da década de 1970. Membro ativo da Pastoral Operária e das Comunidades de Base da Zona Sul de São Paulo, Santo Dias passou a fazer parte da Oposição Sindical Metalúrgica. Por ocasião do assassinato de Jesus, seu companheiro de trabalho morto pelo próprio patrão, tomou a iniciativa do enfrentamento com o assassino, coordenando uma longa greve na empresa Alfa, levando o patrão a juízo. Em 1978, Santo Dias foi escolhido para acompanhar Anízio Batista na “cabeça” da chapa 3, enfrentando o arqui-pelego Joaquinzão e a Ditadura Militar. A Chapa 3 foi vitoriosa mas não pôde assumir porque o então Ministro do Trabalho, Arnaldo Prieto, colocou Joaquinzão novamente como interventor no maior sindicato da América Latina.

No ano seguinte, 1979, Santo Dias foi a grande referência dos metalúrgicos da Zona Sul de São Paulo, durante a preparação de uma greve que durou 10 dias e obteve conquistas importantes, como as comissões de Fábrica em várias empresas. No dia 30 de outubro, segundo dia da paralisação, o militante foi assassinado em frente à fábrica Sylvania, em Santo Amaro. Seu corpo foi velado na Igreja da Consolação, por determinação do Cardeal D. Paulo Evaristo Arns. Seu martírio não foi em vão. Milhares de trabalhadores em todo o Brasil radicalizaram suas lutas em defesa dos interesses da classe trabalhadora.

Fonte: Boletim do Projeto Memória da OSM-SP

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O tempo é o senhor da razão


Partiu de Roberto Freire a mais dura punição de Fernando Henrique Cardoso ao exigir que ele se afaste da campanha do PSDB em 2010.
Eis a sentença de Freire dada em uma emissora de tevê do Ceará: "A política econômica de FHC não é a do PSDB. Não vamos associar isso ao programa de José Serra, por favor".
Se ainda não foi banido da oposição, FHC, já é, hoje, condenado pela maioria dos pares.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Rebeldia da periferia

A Revista Caros Amigos do mês de outubro trouxe uma entrevista explosiva do escritor Ferréz, tido como autêntico representante das favelas, principalmente das paulistas.
Segundo ele, não vai demorar muito, e a "favela vai explodir". Qual o combustível? O ódio acumulado diante de tamanha injustiça. Vale a leitura da entrevista.

Um outro ponto de de vista, que também tem a ver com resistência, é a reportagem, na mesma revista, da jornalista Tatiana Merlino. Ela mostra que a população periférica de São Paulo resiste bravamente ao lixo da indústria cultural dominante e recria, com vitalidade, suas próprias manifestações culturais. A juventude se organiza em torno de saraus de música, poesia e literatura, das bibliotecas comunitárias, mostras de cinema e oficinas de hip hop.

outra matéria diz respeito ao golpe em Honduras. Segundo a revista, a reação praticamente unânime dos países latinoamericanos contra o golpe de Estado em Honduras revela que a periferia do império toma iniciativa inédita e se move sem a tutela dos Estados Unidos.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Quanto vale R$ 178 milhões?

Hamlet é um clássico do teatro. Escrita por William Shakespeare entre 1599 e 1601, a peça explora temas como traição, vingança, incesto, moralidade e corrupção. Reconta a história de como o príncipe Hamlet, da Dinamarca, tenta vingar a morte de seu pai, o rei Hamlet, que foi envenenado por seu tio Cláudio, que tomou o trono casando-se com a rainha, sua mãe. É nesta tragédia que surgiu a frase "há algo de podre no reino da Dinamarca". A frase virou jargão utilizado até hoje para se referir às suspeitas de corrupção ou imoralidade.

E ela se encaixa perfeitamente no cenário de suspeição que começa a ser montado em torno da empresa Vale do Rio Doce. A Vale não é a Dinamarca. Mas chega perto. Possui, hoje, valor de mercado superior a 210 bilhões de dólares, muito maior que o PIB da maioria dos países do mundo, inclusive maior que o da Dinamarca, que é de pouco mais de US$ 200 bilhões.

A empresa, que era estatal, foi privatizada em maio de 1997, durante o governo entreguista de Fernando Henrique Cardoso - com financiamento subsidiado pelo cofres da União, disponibilizado aos compradores pelo BNDES. Sua venda foi um verdadeiro estelionato contra o patrimônio público. Basta lembrar que foi vendida pela bagatela de US$ 3,3 bilhões.

O crime de lesa-pátria cometido pelo governo neoliberal de FHC só não foi maior porque uma parte das ações da empresa ficou com fundos de pensão de empresas estatais, como o Previ, do Banco do Brasil, e outra parte com o próprio BNDES. Portanto, ainda que seja uma empresa privada, o setor público tem interesse direto em sua gestão. Mas não só por isso. A Vale tem um papel estratégico para o desenvolvimento do país. Além disso, ela controla recursos naturais e jazidas de minérios que pertencem ao povo e seu ramo de atividade e importância econômica são vitais para a soberania nacional. Foi por estes motivos que, em 2007, os movimentos sociais fizeram uma grande campanha pela sua reestatização, proposta que, infelizmente, o atual governo tratou, na época, como "brincadeira política".

Mas, agora, uma outra "brincadeira política" faz acender o sinal de alerta para o governo. Trata-se da informação de que a empresa gastou a absurda quantia de R$ 178,8 milhões em publicidade nos últimos 12 meses.

"A empresa privada que mais investe no Brasil", agora é também a empresa privada que mais dá dinheiro para a grande mídia. Só naquela edição em que revista Veja acusa o Brasil de "imperialismo megalonanico", a Vale publicou um anúncio de 8 páginas que seguramente deve ter pago todo o custo de impressão da revista. É demais pedir para tratar como coincidência o fato de duas edições depois, a Veja ter publicado extensa matéria defendendo a empresa da "sanha estatatizante" do governo.

E o pior: a conta de propaganda da mineradora foi entregue ao publicitário Nizan Guanaes, tido e havido nos meios políticos como o marqueteiro predileto do PSDB. Já trabalhou para Serra e FHC.

O jornalista Fernando Rodrigues levanta, em seu blog, um outro dado curioso: "mineradoras no mundo todo não costumam fazer publicidade, pois o seu produto (minério) não é vendido ao consumidor final".

Pode ser que a empresa esteja apenas tentando fortalecer sua imagem entre os brasileiros, depois de ter sido cobrada pelo governo a investir mais no País. Mas, pode ser que o objetivo seja outro, talvez inconfessável. Na dúvida, torna-se inevitável deixar no ar uma pergunta: estaria a Vale irrigando, por antecipação, o caixa-dois da campanha tucana de 2010?

Seja qual for a resposta a esta indagação, permanece válida a frase de inspiração shakesperiana: há algo de podre no reino da mineradora.

FONTE: Portal Vermelho

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

GVT - Ninguém merece!!!

Pessoal. Um amigo me mandou a mensagem abaixo solicitando ajuda para divulgar o seu desabafo em relação a GVT. Por favor, espalhem a mesma para suas listas. Vamos fazer uma corrente contra o abuso da GVT que, aliás, fica ligando pra minha casa de dois em dois dias. Já disse que não quero, já pedir para registrar que não quero que liguem mas não tem jeito. Ligam assim mesmo. Da última vez, pedir para esperarem e coloquei para ouvir música...rsrs.

Segue abaixo o desabafo do amigo JOSELITO JESUS.

Olá Welington:

Gostaria que você e outros me ajudassem no desabafo, espalhando a notícia. É o mínimoo que você pode fazer.
A gente é jogado de um lado pra outro pelas empresas de telefonia, de tv, de tudo... A GVT diz que a gente vai ser feliz, mas não é a experiência que tenho passado. Para efetivar a instalação da banda larga em minha casa foi um "deus-nos-acuda". Querem configurar o modem a distância. Me informaram que tinha uma promoção. Para quem é assinante da GVT e da SKY, é só se cadastrar e "voilá": desconto de R$ 20,00 em ambas as contas. Teria, portanto, 40,00 reais a menos em meus gastos com tais prestadoras de serviço. Só que tem um "mas"... Só que tem um "se"... Que as atendentes só informam depois. Para participar dessa promoção você tem que mudar do plano smart light para o plano smart maxx, que custa... R$ 20,00 a mais, durante 12 meses na promoção! Ou seja: o desconto de R$ 20,00 é uma propaganda enganosa, para atrair os clientes. Outra coisa: ninguém explica nada direito e ficam te jogando da GVT para SKY e da SKY para GVT, que te mandam ligar novamente para SKY. Como não sou idiota, cancelei a pseudo-promoção e utilizo esse espaço para desabafar. Só o tempo que a gente perde ao telefone para ser atendido é um século. Se a gente aperta o número recomendado para cancelar tais serviços nos deixam ouvindo aquelas propagandelas deles por horas se você ficar escutando...
Por favor, a única arma de que disponho é esta. Não tem PROCON, não tem Delegacia, não temo nenhum órgão governamental que defenda e proteja as pessoas contra tais abusos. Só vocês, meus companheiros, podem espalhar a notícia. Ah, e se você for fazer a instalação da banda larga pela GVT exija a presença de um técnico para configurar o modem, senão... Senão tem um "se"... Tem um "mais"...
Obrigado e um abraço a todos: Joselito

Concurso para garis atrai 22 mestres e 45 doutores no Rio

da Folha de S.Paulo, no Rio

Com inscrições abertas desde o dia 7, o concurso público para a seleção de 1.400 garis para a cidade do Rio já atraiu 45 candidatos com doutorado, 22 com mestrado, 1.026 com nível superior completo e 3.180 com superior incompleto, segundo a Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana).

Para participar do concurso, basta ter concluído a quarta série do ensino fundamental. As inscrições terminam amanhã.

Somados, os candidatos que já passaram pelos bancos de universidades representam quase 4% dos 109.193 inscritos até anteontem. Os anos de estudo a mais, porém, não devem colocá-los em vantagem na disputa --a seleção é feita por meio de testes físicos, como barra, flexão abdominal e corrida.

Aqueles que forem contratados trabalharão 44 horas por semana e receberão salário de R$ 486,10 mensais, tíquete alimentação de R$ 237,90, vale-transporte e plano de saúde. A remuneração poderá ser acrescida ainda de um adicional por insalubridade.

Aluno do segundo período de história da Estácio de Sá, no Rio, Luiz Carlos da Silva, 23, disse ter ouvido muitos comentários preconceituosos dos colegas quando contou que disputaria uma vaga de gari.

"Disseram que eu era maluco, que eu ia ficar fedendo a lixo... Mas a faculdade hoje não garante emprego nem estabilidade para ninguém. Eu quero segurança", diz ele, que, no entanto, planeja continuar estudando para no futuro trocar o trabalho de gari pelo de professor de escola pública.

"Meu sonho é dar aula, é o que eu gosto de fazer", afirma o estudante de história.

Já Ronaldo Carlos da Silva, 42, ex-aluno do curso de letras da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), vê no concurso de gari a chance de reorganizar a vida, após um ano de desemprego.

Se for bem-sucedido, pretende voltar à sala de aula, que teve de abandonar quando ainda estava no terceiro período do curso -sem trabalho fixo, tinha dificuldades até para pagar o transporte para ir à universidade. Insatisfeito com a faculdade de letras, porém, quer cursar direito. "Vou fazer um curso preparatório" , planeja.

Também desempregada, Thaiane do Prado Gomes, 21, estranhou ao ouvir que iria disputar vagas com pessoas com curso superior e até mestrado e doutorado. "Isto aqui é para quem não tem escolaridade. Para os outros tem mais oportunidade. Eu mesma, que completei o segundo grau, fiquei na dúvida se devia me inscrever."

FONTE: http://www1. folha.uol. com.br/folha/ cotidiano/ ult95u641621. shtml
22.10.2009

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

MANIFESTO - CARTA DA COSTA DO DESCOBRIMENTO

O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons. No final, não nos lembraremos das palavras dos nossos inimigos, mas do silêncio dos nossos amigos.

Martin Luther King

A APLB – Sindicato da Costa do Descobrimento – vem, por meio desta CARTA MANIFESTO, demonstrar sua revolta e indignação diante do assassinato de dois dirigentes sindicais na cidade de Porto Seguro, na noite de 17 de setembro de 2009. Eles foram vítimas de uma emboscada, seguida de execução. O Professor Elisney Pereira Santos morreu na hora, enquanto o Professor Álvaro Henrique dos Santos ficou gravemente ferido, vindo a falecer no dia 23 de setembro.

Ambos foram eleitos recentemente, em disputa eleitoral acirrada. Desbancamos uma diretoria que estava à frente do sindicato há dez anos, e estávamos há apenas dois meses exercendo o novo mandato. Já assistimos crimes abruptos de religiosos, seringalistas, trabalhadores rurais, envolvidos com a causa social. Com professores, essa realidade em Porto Seguro não é diferente. Ainda no início do ano 2000, o Professor Belarmino, mais conhecido como Bel, apareceu morto, vítima de um suposto acidente, na véspera de um depoimento que daria contra o executivo, a respeito de desvio de verbas da educação. É provado que, mesmo após seis décadas de publicação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, ainda querem calar a voz daqueles que lutam pela justiça social, através de crimes horrendos.

A figura destemida e corajosa de Álvaro Henrique se tornou uma ameaça para os governantes, partidários e também para as pessoas ligadas direta ou indiretamente a eles, por conta de sucessivas denúncias à Promotoria e Ministério Público, mesmo antes de ser diretor da APLB Sindicato, quando era apenas o presidente da Associação dos Trabalhadores em Educação de Porto Seguro – ATEPS, e após tornar-se diretor da APLB, as denúncias se intensificaram.

No dia 11 de Julho de 2009, assumimos a direção da APLB Sindicato da Costa do Descobrimento, composta por cinco cidades: Porto Seguro, Santa Cruz Cabrália, Itabela, Guaratinga e Itagimirim. Na semana da posse, investigamos a conta da diretoria anterior e descobrimos que havia um déficit no caixa, além de outras irregularidades, e logo publicamos os resultados, para que as pessoas afiliadas pudessem ter conhecimento do ocorrido. No dia 20 de agosto, o diretor Elisney Pereira Santos recebeu um e.mail, tendo como remetente um suposto site e/ou blog de reportagem, sucursal.educacao.regional@hotmail.com.br, que difamava a imagem de Álvaro Henrique, apresentado uma série de calúnias referentes à sua pessoa e à nova diretoria da APLB. Dizia o/a autor/a do email:

Atenção professores de Porto Seguro. Nossa reportagem levantou os seguintes dados sobre a atual APLB – Sindicato do Professores.

A diretoria anterior, segundo fontes (que não podem ser reveladas e é um direito que nos assiste, pois a imprensa pode ocultar as fontes das informações), deixou um rombo irreparável, mas nada tão grave como a biografia do atual diretor da entidade, o Senhor Álvaro. O mesmo é acusado de pedofilia, pois molestou uma aluna menor de dezoito anos, a anos atrás. O caso foi abafado, mas agora por motivações políticas vai emergir e vir à tona. Foi configurado também o artigo 171 e falsidade ideológica. Como foi comprovado por nossa reportagem que o presidente da APLB, o Senhor Álvaro, mora no assentamento (terra do INCRA), terra destinada a pessoas sem renda (pobres). Mas segundo o seu contra-cheque comprova que a sua renda supera dois mil reais. A Polícia Federal já está investigando o caso e certamente o presidente da APLB vai ter que responder na justiça sobre a fraude. Certamente se não for detido vai ter que mudar de endereço, outros dados serão divulgados na próxima edição.

A renda atual da APLB de Porto Seguro é R$ 10.000,00 (dez mil reais por mês) perfazendo um total de R$ 120,000,00 (cento e vinte mil reais por ano) é preciso que os filiado da entidade fiscalize e exija a prestação de contas mensalmente para que não aconteça o que aconteceu com a gestão anterior (todos de olhos vivos na atual presidência).

A atual gestão (composta por integrantes do PT), recebeu o sindicato sem dívidas, uma verba de R$ 10.000,00 (dez mil reais por mês), um carro zero Km., 10 computadores e toda infraestrutura e muitas conquistas para a classe.

Os filiados devem participar ativamente e estar atentos aos novos integrantes da APLB, exigindo declaração de bens de todos os diretores que compõem a nova diretoria. Divulgue nosso email, envie e tire cópias desta matéria para outros professores e a comunidade local.

Quando teve conhecimento do e.mail, Álvaro registrou queixa na delegacia, inclusive entregou cópia para ser anexada ao Boletim, solicitando investigação e esclarecimento, já que se tratava de uma grande calúnia. Além do e.mail, Álvaro também recebeu telefonemas que denegriam a sua imagem e sua atuação no sindicato.

Nesse mesmo período, a APLB começou uma grande movimentação em prol de uma educação de qualidade, e a denunciar uma série de desmandos da atual Secretaria de Educação: contratação de professores, enquanto havia uma lista de espera de professores concursados na última gestão; escolas funcionando com recursos ínfimos; aluguéis de locais improvisados para serem escolas, a exemplo de lava-jato; pagamento de dívidas da gestão anterior com recurso do FUNDEB deste ano; denúncia de funcionários fantasmas, dentre outros fatos que eram declarados nas assembléias, pelo diretor, e nas reuniões com a comunidade. Fotografias da situação das escolas foram mostradas para a população.

No dia 04 de Setembro do corrente ano, o diretor da Delegacia Sindical, Álvaro Henrique dos Santos, enviou um email a um amigo, afirmando que estava sendo ameaçado e investigado. Diz assim, o e.mail:

(...) Agora tô preso na casa de Cida, aqui na roça... Bija ia sair pra trabalhar de segurança, dois caras meteram a arma nele, eles tinham colocado um toco no chão, disseram que procurava um cara que estava roubando no Paraguai. Bija falou que estava indo trabalhar, foi aí que eles o deixaram passar. Cinco minutos depois, dois caras chegaram de moto aqui no sítio e perguntaram a meu primo onde morava um tal de Arthur, e meu primo disse que não sabia, foi quando Bija me ligou para contar o que aconteceu com ele.


Eu tô trancado dentro de casa; amanhã, se DEUS quiser, vou procurar uma casa pra alugar na rua... Não conta isto pra ninguém, nem pra sua namorada, não é por nada, mas se a galera fica sabendo, gera uma insegurança e é ruim para nossa luta. Só divulga este e-mail se acontecer alguma coisa estranha comigo, mas não vai acontecer não, porque DEUS tah comigo. Ele vai me proteger, pois sabe que a gente não se vende pra estes bandidos safados. Enquanto eu estiver vivo, vou pegar no pé deste ladrão.


Negão, não conta isto pra ninguém, pois as meninas ficam morrendo de medo e acabam dando muita divulgação para os fatos. Eles não vão me intimidar, tão vasculhando minha vida, ruma de vagabundo... Um cara que trabalha no gabinete perguntou pra uma amiga minha se eu era de confiança mesmo, aí ela falou que sim, e detonou o prefeito, aí o cara ficou questionando, que eu era muito simples e coisa e tal, será que eu não ia aceitar dinheiro (...)



(...) Não tô te falando isto pra vc ficar assustado não, véi, se minha hora chegar, não poderei fazer nada, seja feita a vontade de DEUS, mas tenho duas preocupações, quero que neném fique com minha mãe e com minha família, pois a mãe dele nunca ligou pra ele, pode querer se aproximar pra levar vantagem. E não quero que fique impune; por isso, DEUS me livre, mas se algo der errado, divulgue este e-mail para ferrar com o safado do Abade.

Como se vê, mesmo correndo risco de morte, o diretor prefere não divulgar isso, e continua avante na luta sindical, participando ativamente do movimento, sem recuar: foi à Radio local várias vezes; expôs a pauta de reivindicação na Câmara de Vereadores e, junto com os demais professores, participou de uma reunião na Câmara, onde o Secretário de Educação fez uma prestação de contas e avaliação do primeiro semestre de 2009. Neste dia, os dirigentes sindicais foram persistentes em afirmar os desmandos, a ingerência e a situação caótica da Educação em Porto Seguro, virando as costas para o secretário. Por fim, no dia 07 de setembro, pais, alunos e professores participaram do primeiro desfile dos excluídos, já que nos anos anteriores era uma festa pomposa, com desfile cívico e discursos politiqueiros.

No primeiro encontro com o Secretário de Administração, ele ameaçou não negociar, se a categoria fizesse paralisação ou greve, assim afirmando: “Eu sou a linha dura do Governo Abade”. Mesmo assim, a Assembléia votou que ocorressem as paralisações de advertência ao executivo.

As negociações não tiveram sucesso, o executivo manteve firme a sua decisão, dizendo não a tudo que pedíamos. Sendo assim, a greve foi deflagrada no dia 16 de setembro.

Marcamos uma reunião com pais, mães, alunos e trabalhadores da educação em todos os distritos e bairros da cidade, no dia 17, onde explicaríamos os motivos da greve e os encaminhamentos do movimento. Nesse mesmo dia, o Vereador Dilmo ligou para Álvaro, dizendo que havia um acordo a ser feito com a categoria. Propôs uma reunião na sexta-feira, com a comissão de negociação, alguns vereadores, secretário de educação, finanças e administração. Álvaro quis saber o horário, no entanto o vereador disse que ligaria depois para marcar, e não fez mais contato.

Nesse mesmo dia, enquanto preparávamos para receber o público do Bairro Baianão, a Professora Maria Aparecida Santos, mãe de Álvaro, por volta das 18 horas, estava no Sítio Rancho do Arthur, localizado na Roça do Povo, em Porto Seguro, com seu filho, Eric Márcio Santos de Oliveira, e seu neto, filho de Álvaro, Arthur Henri, que tem paralisia cerebral. No momento em que ela alimentava o seu neto, entrou um homem magro, alto e com uma tatuagem no braço esquerdo, sem camisa, de bermuda e com a camisa amarrada na cabeça; apontou-lhe um revólver e disse para ela ficar quieta. Outro homem, baixo, negro, também com uma camisa tampando o rosto, adentrou a casa e, em seguida, saiu, a fim de observar Eric, o qual estava em um quarto separado da casa, com outros assassinos. O homem baixo voltou e entregou a Maria Aparecida um aparelho celular, enquanto dois outros lhe apontaram revólveres, dizendo para ela ligar para Álvaro e dizer que Arthur estava passando mal. Assim ela o fez, e dez minutos depois Álvaro chegou, junto com Elisney, e ela começou a ouvir os disparos. Quando saiu do quarto, viu os corpos caídos na cozinha. Elisney morreu na hora, e Álvaro, depois de 06 dias internado após uma cirurgia para retirar a bala da cabeça, veio a falecer, no dia 23 de setembro. Existia outra bala desconhecida pelos médicos em sua nuca. Por isso, se ele sobrevivesse, ficaria em estado vegetativo

Concluímos que foi um crime de mando, e não podemos admitir que, em pleno século XXI, após tantas lutas, tanto sangue derramado, tantas perdas pela garantia dos direitos humanos, ainda possamos assistir crimes tão hediondos. Lutamos apenas por uma educação de qualidade: que alunos e alunas não estudem em salas de aula onde eram quartos de residências, ou em antigo lava-jato; que os professores e professoras sejam bem remunerados e qualificados; que haja recursos tecnológicos nas escolas; que o dinheiro da educação seja aplicado na educação, não em contas particulares ou desviado para outros fins. Exigimos que cada cidadão, independente de cor, opção sexual, profissão, credo, seja tratado com dignidade e que seja beneficiado pelas políticas públicas criadas para que tenhamos uma vida melhor. QUE MAL HÁ NISSO?

Estamos caminhando para a segunda semana da greve, e o nosso saldo é incompreensível:

Dois assassinatos cruéis e pais, mães, esposas, filhos, irmãos e amigos desolados, tristes, sem chão;
A comunidade em luto;
A pauta de reivindicação (re)siginificada: agora não queremos apenas os direitos a priori reivindicados. Queremos, também, especial e urgentemente, que se esclareçam os fatos e que tanto o mandante quanto os assassinos paguem pelos seus atos.
Será que continuarão a matar professores? Manifestamos a nossa indignação e clamamos por justiça, por isso convidamos a sociedade civil organizada, as escolas, igrejas, etc., a nos ajudar, enviando manifestos à Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia, exigindo esclarecimento dos fatos e punição dos culpados, a fim de que possamos ter motivos para continuar na docência, afirmando que é preciso o exercício da cidadania, que os nossos alunos e alunas não se calem diante dos desmandos dos governos.

Pedimos também que sejam feitas Moções de Repúdio ao acontecimento nas Reuniões das Câmaras de Vereadores das cidades brasileiras, na Câmara de Deputados e no Senado, além de exigir do poder público, celeridade nas investigações e punição dos culpados.

Hoje estamos de luto e não sabemos quando esta dor vai passar. A primavera já não chegou como outrora, já não teremos mais o sorriso de Elisney nem de Álvaro para florescer nossos dias. Eles foram tirados do nosso convívio, mas ainda é forte o grito de justiça, o brado por uma educação de qualidade. Por isso, mas do que nunca, A GREVE CONTINUA!

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Alimentação um direito inviolável!!!

16 de outubro- Dia Mundial da Alimentação

“Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle.” (Artigo XXV / Declaração Universal Dos Direitos Humanos)

Estatísticas da Fome

Há 800 milhões de pessoas desnutridas no mundo, um bilhão de pessoas passando fome, 30 mil crianças morrem de fome a cada dia, 15 milhões a cada ano, um terço das crianças dos países em desenvolvimento apresentam atraso no crescimento físico e intelectual, 1,3 bilhão de pessoas no mundo não dispõe de água potável, 40% das mulheres dos países em desenvolvimento são anêmicas e encontram-se abaixo do peso. Uma pessoa a cada sete padece fome no mundo. A cada dia 275 mil pessoas começam a passar fome ao redor do mundo.

O Brasil é o 9º país com o maior numero de pessoas com fome, tem 15 milhões de crianças desnutridas. 45% de suas crianças, menores de cinco anos sofrem de anemia crônica. O Brasil é o 5º país do mundo em extensão territorial, ocupando metade da área do continente sul-americano. Há cerca de 20 anos, aumentaram o fornecimento de energia elétrica e o número de estradas pavimentadas, além de um enorme crescimento industrial. Nada disso, entretanto, serviu para combater a pobreza, a má nutrição e as doenças endêmicas. Em 1987, no Brasil, quase 40% da população (50 milhões de pessoas) vivia em extrema pobreza. Nos dias de hoje, um terço da população ainda é mal nutrido, 9% das crianças morrem antes de completar um ano de vida e 37% do total são trabalhadores rurais sem-terras.

Enquanto o consumo diário médio de calorias no mundo desenvolvido é de 3.315 calorias por habitante, no restante do globo o consume médio é de 2.180 calorias diárias por habitante. Metade dos habitantes da Terra ingere uma quantidade de alimentos inferior às suas necessidades básicas. Cerca de um terço da população do mundo ingere 65% dos alimentos produzidos. A quarta edição do Inquérito Mundial sobre Agricultura e Alimentação, patrocinado pela ONU em 1974, concluiu: "Em termos mundiais, a quantidade de alimentos disponíveis é suficiente para proporcionar a todos uma dieta adequada".

O aumento dos preços dos alimentos fez o número de famintos no mundo crescer 40 milhões para 963 milhões de pessoas em 2008, ante o ano passado, de acordo com dados preliminares divulgados hoje pela ONU para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês). A entidade advertiu que a crise econômica mundial pode levar ainda mais pessoas a essa condição. Levando em conta dados do US Census Bureau, departamento de estatísticas do governo norte-americano, que contam a população mundial em 6,7 bilhões de pessoas, o número de famintos representa 14,3% do total.

Em 2007, no planeta havia 860 milhões de famintos; em janeiro de 2009 109 milhões mais. A metade da população africana subsahariana, por citar um exemplo dessa África crucificada, mal vive na extrema pobreza. A ladainha de violência e desgraças provocadas é interminável. No Congo há 30 mil meninos-soldados dispostos a matar e a morrer a troco de comida; 17% da floresta amazônica foram destruídos em cinco anos, entre 2000 e 2005; o gasto da América Latina e do Caribe em defesa cresceu um 91%, entre 2003 e 2008; uma dezena de empresas multinacionais controla o mercado de semente em todo o mundo. Os Objetivos do Milênio se evaporaram na retórica e em suas reuniões elitistas os países mais ricos dizem covardemente que não podem fazer mais para reverter o quadro.

“Quase cem mil mortes diárias no planeta se devem à fome. Dentre elas, 30 mil são de crianças com menos de cinco anos. Mais do que três torres gêmeas por dia que se desmoronam em silêncio, sem que ninguém chore ou construa monumentos”, declarou à swissinfo Carlos Alberto Libânio Christo, mais conhecido como Frei Betto.

Essas são algumas das estatísticas da fome que o mundo se acostumou a acompanhar de tempos em tempos. Todavia a fome segue matando de maneira endêmica em muitas regiões do globo.

Um mundo livre da fome

Nós, do Planeta Voluntários buscamos um mundo sem fome e desnutrição – um mundo no qual cada uma e todas as pessoas possam estar seguras de receber a comida que necessitam para estar bem nutridas e saudáveis. Nossa visão é a de um mundo que protege e trabalha para que haja assistência social e dignidade humana para todas os povos. Um mundo no qual cada criança pode crescer, aprender e florescer, e desenvolver-se como membro ativo da sociedade.

Por Marcio Demari
PLANETA VOLUNTÁRIOS
Porque ajudar faz bem!
http://www.planetavoluntarios.com.br
A maior Rede Social de Voluntários e ONGs do Brasil !!!

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

11 de setembro


Oito anos depois, são vários os escombros do 11 de Setembro
Obama permanece em Washington no primeiro aniversário dos ataques com ele na Casa Branca

SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK

A mais recente notícia a sair do buraco um dia ocupado pelo World Trade Center é que o governo de Nova York está fazendo uma campanha não oficial em que sugere a cidades, Estados, organizações e entidades dos EUA (e do mundo) que peçam um pedaço dos escombros, hoje armazenados num galpão.
Mais do que estimular a proliferação de memoriais e perpetuar a lembrança do acontecimento trágico, o que os locais querem mesmo é se livrar de um incômodo. Oito anos após o ataque do 11 de Setembro, ninguém sabe o que fazer com o evento histórico, tanto de maneira literal como figurada.
Os projetos sobre no que transformar o que um dia foi o Ponto Zero foram aprovados, mas custam a sair do papel.
A tímida recuperação que o entorno experimentava foi atropelada pela crise econômica. Hoje, mesmo a Torre Sete, a menos atingida e, por isso mesmo, a única reconstruída, pena com a falta de inquilinos -o fim da bolha dos imóveis comerciais é considerado a nova fase da crise econômica atual.
O titular do direito de uso do terreno onde ficavam as torres por 99 anos, briga na Justiça com os governos de Nova York e Nova Jersey, que agora acham que seu plano grandioso de reconstruir os cinco prédios só começará a se tornar viável comercialmente em 2030 e, por isso, começam a dar para trás no apoio logístico e financeiro.
Cerca de 60% da população local acha que o ritmo da reconstrução é "ruim" ou "muito ruim", segundo pesquisa realizada há duas semanas pela Universidade Quinnipiac, e 61% não acreditam que qualquer parte do memorial esteja pronta para as homenagens dos dez anos do ataque, em 2011.
E até Barack Obama procura se distanciar do imbróglio. Politicamente, pois o 11 de Setembro se tornou um evento muito ligado ao seu antecessor, George W. Bush. E fisicamente: no primeiro ano em que o aniversário acontece com o democrata na Casa Branca, ele já avisou que ficará em Washington mesmo, onde participa de cerimônia de lembrança aos mortos no ataque ao Pentágono.
As coisas não vão melhor no campo das ideias. A condenação ao ataque continua firme, obviamente, mas os poucos que ousam contextualizá-lo de maneira mais crítica aos EUA ainda são ostracizados ou punidos intelectualmente. Foi o caso, por exemplo, da ensaísta americana Joan Didion e seu "Fixed Ideas - America Since 9.11" (editora New York Review Books, 2003), ainda hoje é considerada uma leitura polêmica.
Mas as medidas de exceção da dupla Bush-Cheney na esteira do 11 de Setembro de certa maneira relativizaram a certeza absoluta que tomava o país nas semanas seguintes ao evento, quando se sabia quem era o inimigo e o estoque de boa vontade do mundo com os EUA parecia inesgotável.
Foi-se longe demais na chamada "guerra ao terror" suscitada pelo ataque, comprova-se hoje, e mesmo o conflito no Afeganistão, a "guerra necessária", perde apoio popular doméstico na medida em que os anos passam e a pilha de corpos civis e militares aumenta.
Oito anos depois, são vários os escombros a se acumular.

Fonte: Folha de São Paulo

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Copa 2014

Está no www.tcu.gov.br


"O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Raimundo Carreiro, demonstrou preocupação com a aproximação da Copa do Mundo de 2014 e alertou para as poucas ações práticas de infraestrutura e planejamento adotadas pelo Brasil.

O ministro citou como exemplos o atraso das obras de reforma do Estádio Mineirão, em Belo Horizonte, e o Trem de Alta Velocidade entre Rio de Janeiro e São Paulo “que parece caminhar para um triste desfecho”.
Raimundo Carreiro propôs que seja encaminhada ao Poder Executivo, por intermédio da Casa Civil e da Presidência da República, uma série de recomendações para gerenciar a organização da Copa."(transcrito na íntegra do site do TCU, via assessoria de imprensa)

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

OCUPAR AS REDES DE RÁDIO E TEVÊ


Por Marcelo Salles - salles@carosamigos.com.br

Revejo "Jango", brilhante documentário de Sílvio Tendler, que foi exibido na madrugada deste sábado (8/11/08) pela TV Brasil. Deveria ter ido ao ar mais cedo, em horário nobre, tamanha a sua importância.

O filme mostra os atores envolvidos no golpe de Estado cometido contra o povo brasileiro em 1964. No ato lembrei do título do livro de René Dreifuss: "1964: a conquista do Estado". O termo escolhido pelo escritor não poderia ser mais preciso. Tanto em sua obra quanto na de Tendler fica evidente que não houve apenas um golpe estanque no Brasil; ele não surgiu da noite para o dia. O movimento foi preparado durante anos e contou com apoio do governo dos EUA, de corporações privadas e de veículos de comunicação de massa.

No documentário há um depoimento muito importante de um militar, que chama a atenção para a "provocação" que representou o comício de 13 de março, na Central do Brasil. Ele fala que o povo trazia cartazes subversivos. Aí lembrei de toda a preparação psicológica, de todos os cursos financiados pelos EUA para os militares brasileiros de que fala Dreifuss. IPES e IBAD à frente. Ao longo de anos associaram comunismo à barbárie e à desordem, até chegar ao golpe. Depois dele, a tropa de choque foi retirada da linha de frente (Carlos Lacerda e Magalhães Pinto, cassados) e os homens de confiança assumiram a liderança. Brizola diz em seu depoimento que este foi o golpe dentro do golpe. Castelo Branco assume e imediatamente revoga a lei de remessa de lucros e garante a manutenção dos latifúndios improdutivos.

O que vemos hoje? Em meio à tal crise, que as corporações de mídia já não mais explicam por que, como e onde, o Banco Central divulga que montadoras de automóveis enviaram nada menos que US$ 4,8 bilhões às matrizes no exterior. Somando os outros setores da economia, a sangria alcança absurdos US$ 20,143 bilhões/ano. O Globo deu matéria sem nenhum destaque na página 22 da edição do último dia 6, cuja capa lambia as botas do novo comandante pró-forma do imperialismo.

Eis aí a natureza do golpe de 1964 e da ditadura que seqüestrou, torturou e matou milhares de brasileiros. Seu maior objetivo é garantir que o país mais rico da América Latina seja mantido sob a dominação imperialista. Nenhum governo sério do mundo permite que sejam enviados para o exterior tantos recursos produzidos com o suor do seu povo. Existem leis que obrigam que esse dinheiro seja reinvestido no país, isso sem falar na tributação às grandes empresas, que deveria ser maior. Não dá pra aceitar calado o envio de tantos bilhões pra fora enquanto existe gente passando fome aqui dentro. Isso sim é uma ditadura, devo dizer àqueles que se prendem aos paradigmas da mídia grande.

Apesar da flagrante pilhagem, não se vê resistência. Nem quanto às indecentes remessas de lucro, nem contra a entrega do nosso petróleo, nem contra a ausência de uma auditoria na dívida pública, nem contra a absurda concentração fundiária, nem contra a falta de regulamentação do artigo 153 da Constituição, que determina a cobrança de impostos sobre grandes fortunas, nem contra o salário mínimo de R$ 415,00 e, pior, nem contra o oligopólio dos meios de comunicação social.

Pior porque é este oligopólio o maior responsável pela manutenção desse estado de coisas, que de um lado explora o cidadão brasileiro e de outro entrega nossas riquezas para empresas estrangeiras e seus testas-de-ferro. A mídia, hoje, é a instituição com maior poder de produzir e reproduzir subjetividades. Ou seja, é ela quem vai determinar formas de sentir, agir, pensar e viver de cada pessoa e, por extensão, de toda a sociedade.

O dia em que os movimentos sociais organizados se derem conta disso, a primeira ocupação será nos centros de produção e reprodução de textos e imagens encarregados de sustentar o sistema. Uma vez ocupadas as redes de rádio e tevê (cujas principais representantes, a propósito, estão com as concessões vencidas), o povo será informado sobre as razões da falta de médico para o filho que sente dor, da falta de escola para quem precisa estudar, da falta de trabalho para quem quer produzir, da falta de terra para quem quer cultivar e etc. Uma vez que isto aconteça, a justa indignação não mais poderá ser contida.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

CPI já!!!

Globo X Record; precisamos de uma CPI da mídia

"A lavagem de roupa suja entre as duas maiores emissoras do país [...] cria a oportunidade ideal para as forças organizadas da sociedade, engajadas na luta pela democratização da comunicação, também exigirem a instalação de uma CPI para averiguar tais irregularidades", escreve Altamiro Borges em seu blog.*

Confira a íntegra

A “guerra nada santa” travada entre as TVs Globo e Record comprova que existe algo de muito podre no reino dos poderosos e impenetráveis impérios midiáticos do país. Os barões da mídia, por razões políticas e na busca por audiências sensacionalistas, adoram impor a instalação de Comissões Parlamentares de Inquéritos. A “presunção de culpa” se sobrepõe à “presunção da inocência”, inscrita na Constituição, e reputações são jogadas na lata de lixo da noite para o dia. A agenda política fica contaminada pelo denuncismo vazio, que rende pontos no Ibope e novos anunciantes, e que ofusca o debate sobre os problemas estruturais da democracia brasileira.

O processo sui generis de concentração da mídia nativa e sua alta capacidade de manipulação de corações e mentes são, de fato, graves atentados à democracia. A lavagem de roupa suja entre as duas maiores emissoras do país, num caso inédito de transparência no setor, revela que há muito a se apurar sobre a ditadura midiática.

Ela cria a oportunidade ideal para as forças organizadas da sociedade, engajadas na luta pela democratização da comunicação, também exigirem a instalação de uma CPI para averiguar tais irregularidades. Impõe a vários parlamentares, hoje alvos da fúria midiática, uma revisão deste poder descomunal. E não faltam motivos para esta justa demanda.

A sensível questão religiosa

Liderando uma “cruzada” que reúne os jornalões Folha e Estadão e a revista Veja, a Rede Globo tem exibido para milhões de telespectadores várias denúncias contra a sua principal concorrente. Com base numa denúncia do Ministério Público de São Paulo contra Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), a TV Globo tem apresentado exaustivamente matérias que comprovariam formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito. Willian Bonner e Fátima Bernardes, o casal-âncora do Jornal Nacional, o noticiário de maior audiência no país, não se cansa de mostrar os vínculos entre o Edir Macedo e a Rede Record.

As reportagens globais também procuram explorar a sensível questão religiosa, acusando a Iurd, que possuí 8 milhões de fiéis no Brasil e igrejas espalhadas por 174 países, de desviar dinheiro das doações para compra de imóveis suntuosos, carros importados e emissoras de rádios e TV. “Edir Macedo deu outro destino ao dinheiro doado à Igreja Universal”, acusou Fátima Bernardes no Jornal Nacional. Com várias imagens das pregações feitas nos cultos, a TV Globo insiste que “a religião é apenas um pretexto para a arrecadação de dinheiro”. Os ataques são duros e diários.

Golpismo e irregularidades

Como resposta, a TV Record tem exibido para milhões de brasileiros inúmeros fatos irrefutáveis que só uma minoria conhecia. Aproveitando-se da vulnerabilidade política da concorrente, ela mostrou que a Rede Globo é cria da ditadura militar e que construiu seu império graças ao apoio decidido dos generais golpistas. Celso Freitas e Ana Paula Padrão, os âncoras do Jornal da Record, que já estiveram do outro lado do front, lembraram as fraudes para impedir a vitória de Leonel Brizola ao governo do Rio de Janeiro, as manobras para esvaziar a mobilização popular pelas Diretas-Já, a fabricação do “caçador de marajás” e as várias investidas para desestabilizar o governo Lula.

Mas a TV Record não ficou somente no campo da política – como a concorrente também não se limitou à discussão religiosa. Ela também apresentou inúmeras denúncias de irregularidades. Já na sua origem, o acordo misterioso com a empresa estadunidense Time-Life, numa transação que era proibida pela lei brasileira e que rendeu milhões de dólares à TV Globo. Depois, na aquisição suspeita da TV Paulista, num negócio com documentos falsos. O ex-ministro das Comunicações, Euclides Quandt de Oliveira, também garantiu numa entrevista que a Globocabo contraiu empréstimos irregulares na Caixa Econômica Federal e no BNDES, em 1999, no valor de R$ 400 milhões. Outra bomba foi a denuncia de que a TV Globo ocupa um terreno da Secretaria de Planejamento de São Paulo, numa relação promíscua com o governo tucano de José Serra.

Apuração rigorosa das denúncias

Como se observa, as denúncias de ambos os lados são graves e exigem rigorosa apuração. Em função da “guerra nada santa” entre as duas principais emissoras de televisão do Brasil, o tema hoje está na boca do povo – o que é saudável para a democracia.

Uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a mídia contribuiria para investigar a veracidade dos fatos. Além disso, a CPI seria uma importante alavanca para o debate sobre a urgência da democratização dos meios de comunicação no país. Afinal, as emissoras privadas usufruem de uma concessão pública. Elas não podem ficar acima das leis, da Constituição e da Justiça.

Fonte: http://altamiroborges.blogspot.com/

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Efeito neoliberal


Saiu na Carta Capital, desta semana, secção Andante Mosso , página 17, a seguinte nota:

A prova do primeiro concurso para gestor público, no Rio de Janeiro, fez uma revisão do neoliberalismo, mesmo após o desastre econômico que ele provocou no mundo.

Estabeleceu, à custa do bom senso, que a resposta correta à pergunta sobre a "característica do neoliberalismo como política pública" era a letra E ("expandiu a intervenção do Estado") e não a letra B ("impôs o Estado mínimo").

O que diria sobre isso a senhora Thatcher, inimiga número 1 do Estado?

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Monsanto


A cartilha "O Olho do Consumidor", que conta com ilustrações de Ziraldo, foi lançada para divulgar a criação do "Selo do SISORG" (Sistema Brasileiro de Avaliação de Conformidade Orgânica) que pretende padronizar, identificar e valorizar produtos orgânicos, orientando o consumidor.

O livreto, que teve tiragem de 620 mil cópias, foi objeto de uma liminar de mandado de segurança, fruto de ação movida pela transnacional Monsanto, que impediu sua distribuição. Setores do Ministério ligados ao agronegócio também não ficaram contentes com as informações contidas na cartilha. O arquivo foi inclusive retirado do site do Ministério.

A proibição se deu por conta do item 5 da página 7 (ilustração ao lado), onde se lê:

"*O agricultor orgânico não cultiva transgênicos porque não quer colocar em risco a diversidade de variedades que existem na natureza. Transgênicos são plantas e animais onde o homem coloca genes tomados de outras espécies".*

Em autêntica desobediência civil e resistência pacífica à medida de força, o MST se junta a todos aqueles que estão distribuindo eletrônicamente a cartilha. Se você concorda com esta idéia, continue a distribuição para seus amigos e conhecidos.

Acesse a cartilha clicando aqui.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Pandemia de lucro


Que interesses econômicos se movem por detrás da gripe suína???

No mundo, a cada ano morrem milhões de pessoas vitimas da Malária que se podia prevenir com um simples mosquiteiro. Os noticiários, disto nada falam!

No mundo, por ano morrem 2 milhões de crianças com diarréia que se poderia evitar com um simples soro que custa R$ 0,25. Os noticiários disto nada falam!

Sarampo, pneumonia e enfermidades curáveis com vacinas baratas, provocam a morte de 10 milhões de pessoas a cada ano. Os noticiários disto nada falam!

Mas há cerca de 10 anos, quando apareceu a famosa gripe das aves... os noticiários mundiais inundaram-se de noticias...Uma epidemia, a mais perigosa de todas...Uma Pandemia!

Só se falava da terrífica enfermidade das aves.

Não obstante, a gripe das aves apenas causou a morte de 250 pessoas, em 10 anos...25 mortos por ano. A gripe comum, mata por ano meio milhão de pessoas no mundo. Meio milhão contra 25. Um momento, um momento... então, porque se armou tanto escândalo com a gripe das aves?

Porque atrás desses frangos havia um "galo", um galo de crista grande. A farmacêutica transnacional Roche com o seu famoso Tamiflú vendeu milhões de doses aos países asiáticos. Ainda que o Tamiflú seja de duvidosa eficácia, o governo britânico comprou 14 milhões de doses para prevenir a sua população. Com a gripe das aves, a Roche e a Relenza, as duas maiores empresas farmacêuticas que vendem os antivirais, obtiveram milhões de dólares de lucro.

-Antes com os frangos e agora com os porcos.
-Sim, agora começou a psicose da gripe suína. E todos os noticiários do mundo só falam disso...
-Já não se fala da crise econômica nem dos torturados em Guantánamo...
-Só a gripe suína, a gripe dos porcos...
-E eu pergunto-me: se atrás dos frangos havia um "galo"... atrás dos porcos... não haverá um "grande porco"?

A empresa norte-americana Gilead Sciences tem a patente do Tamiflú. O principal acionista desta empresa é nada menos que um personagem sinistro, Donald Rumsfeld, secretario da defesa de George Bush, artífice da guerra contra Iraque....

Os acionistas das farmacêuticas Roche e Relenza estão esfregando as mãos, estão felizes pelas suas vendas novamente milionárias com o duvidoso Tamiflú.
A verdadeira pandemia é de lucro, os enormes lucros destes mercenários da saúde.
Não nego as necessárias medidas de precaução que estão a ser tomadas pelos países, mas se a gripe suína é uma pandemia tão terrível como anunciam os meios de comunicação...

Se a Organização Mundial de Saúde se preocupa tanto com esta enfermidade, porque não a declara como um problema de saúde pública mundial e autoriza o fabrico de medicamentos genéricos para combatê-la? Prescindir das patentes da Roche e Relenza e distribuir medicamentos genéricos gratuitos a todos os países, especialmente os pobres.. Essa seria a melhor solução.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Doação da CBF


Ministério Público Eleitoral acusa Confederação de doar além do limite legal; contribuição foi de R$ 500 mil

RIO - A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) terá que dar explicações à Justiça Eleitoral pela doação de R$ 500 mil a candidatos nas eleições de 2006. Em ação movida pelo Ministério Público Eleitoral no Rio, a CBF é acusada de ter feito doação além do limite legal de 2% do faturamento bruto obtido no ano anterior. Uma das maiores beneficiadas foi a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, que recebeu R$ 100 mil da instituição. Outros sete candidatos tiveram ajuda da confederação naquele ano, entre eles os senadores Marconi Perillo (PSDB-GO) e Leomar Quintanilha (PMDB-TO), com R$ 50 mil cada, e o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), com R$ 100 mil.

Entre os vice-presidentes da CBF está o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e irmão de Roseana. Fernando foi indiciado pela Polícia Federal, acusado de favorecimento a empresas que têm contratos com estatais. O empresário nega qualquer envolvimento em atos ilícitos.

Segundo o Ministério Público, a CBF ultrapassou em mais de R$ 100 mil o teto permitido por lei. A pena prevista para a infração é pagamento de multa que varia de cinco a dez vezes o valor excedente da doação. Não há punição para os recebedores da doação indevida.

A CBF faz parte de uma lista de várias pessoas físicas e jurídicas suspeitas de terem feito doações além do permitido e descobertas depois de um cruzamento feito pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pela Receita Federal que comparou doações a campanhas e declarações de rendimentos. A procuradora regional eleitoral do Rio, Silvana Batini, não informou o valor doado a mais pela CBF e alegou que a declarações de rendimentos à Receita são sigilosas.

Embora com a ressalva de que ainda não recebeu qualquer notificação do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Rio, responsável pela investigação da denúncia, a assessoria de imprensa CBF informou que o faturamento bruto em 2005 foi de R$ 101 milhões e, portanto, os R$ 500 mil doados no ano seguinte estão muito abaixo dos 2% fixados pela lei como teto.

A assessoria informou que a CBF teve prejuízo em 2005 e em 2006, mas que o valor que importa para cumprimento da legislação é o faturamento e não o lucro da doadora. Disse ainda que prestará as informações ao TRE, para esclarecer o que acredita ser um equívoco na análise dos dados da Receita.

Silvana Batini reiterou que "as ações são contra doadores" e não contra os políticos que receberam contribuições. "Há presunção de veracidade das informações da Receita e do TSE. Com a ação ajuizada, haverá ampla defesa (por parte da CBF)", afirmou a procuradora. Silvana diz que pode haver casos de erros nas informações prestadas ao TSE ou à Receita, o que terá que ser corrigido.

Se todos os dados forem confirmados, diz a procuradora, "pode-se chegar a duas conclusões: ou as prestações de contas (à Justiça Eleitoral) são falsas ou há sonegação fiscal." "A iniciativa do TSE e da Receita Federal tem função profilática e sinaliza que as prestações de contas têm que espelhar a realidade", declarou Silvana.

Em 2002, a CBF doou R$ 1,180 milhão a candidatos a deputado e a senador. Em 2004, as contribuições nas eleições municipais foram de R$ 280 mil. Na campanha do ano passado para prefeito e vereador, a confederação somou R$ 345 mil em contribuições para candidatos. Além de Roseana, já receberam doações da CBF, entre outros políticos, os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Gilvam Borges (PMDB-AP) e Delcídio Amaral (PT-MS).

As doações da CBF, no entanto, estão perto do fim. A reforma eleitoral aprovada na Câmara há duas semanas proíbe confederações esportivas de fazerem doações a políticos. O projeto ainda será submetido ao Senado, onde pode sofrer mudanças.

Autor: Luciana Nunes Leal - O Estado de S. Paulo

quinta-feira, 16 de julho de 2009

É do baú!!!

Estava com a edição de número 59 da revista Caros Amigos em mãos. Nesta, tinha um instigante assunto sobre o esporte com um título mais do que polêmico ESPORTE MATA!!!.

O interessante, é que o artigo foi escrito por um MÉDICO, o doutor José Róiz, que frequentava também a revista brasileira de medicina, escrevendo sobre outros assuntos.

Achei o artigo interessante para poder ser debatido em sala de aula. Estava pensando sobre isso quando encontrei com dois professores. Falei sobre o artigo e ambos foram taxativos ao afirmar que o cara era um maluco. Como é que podia o esporte matar!!!

Perguntei se eles tinham lido o artigo. Resposta: você acha que eu vou perder o meu tempo lendo um louco deste?

Estava perdida a oportunidade de debate em sala de aula, ao menos para eles. Que pena. Os alunos deixariam de acessar um contra-argumento sobre a falácia do esporte, da saúde, da atividade física.

Não se tratava de negar o esporte e a sua importância como fenômeno social, nem tampouco de deixar de considerar a atividade física como um dos elementos estruturante de uma boa saúde, mas de discutir, refletir sobre os argumentos bioquímicos que davam base para o argumento do "médico louco" (diz o ditado que todos nós temos um pouco de médico e de louco).

Assim como o artigo de Róiz não ficou conhecido, outras literaturas da área que trazem um argumento diferente sobre o tema SAÚDE do que é comumente utilizado por nós, professores, também passa ao largo dos bancos universitários. É o caso do livro O MITO DA ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE, da Yara Maria de Carvalho, do de Sólomon, O MITO DO EXERCÍCIO e o mais recente, SAÚDE EM DEBATE NA EDUCAÇÃO FÍSICA, desenvolvido pelo GTT de atividade física e saúde do CBCE (Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte).

Ficam os alunos, então, com uma formação pela metade. E nós, professores, perdemos a oportunidade de trabalhar com o contraditório, algo essencial para o desenvolvimento do senso crítico.

Juntamos então duas coisas que ao meu ver, não permite uma formação humana mas sim, uma brutalização do homem e da mulher, que a passos largos caminham para a barbárie: um recuo da teoria e um distanciamento do debate.

Mas podemos mudar isso. Existe uma luz no fim do túnel e não é um vaga-lume. Assim penso. Nisso acredito. Para isso, luto!!!
´
O CONTEÚDO ACIMA FOI DIVULGADO EM UMA LISTA DE DISCUSSÃO A QUAL EU FAZIA PARTE. EMBORA ISSO TENHA SIDO EM 2005, A LÓGICA DO CONTEÚDO É ATUAL.

Você que chegou até aqui, não esqueça de clicar nas palavras iluminadas em verde.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Desemprego

Agência Brasil, de Brasília

O mercado de trabalho para os jovens brasileiros é marcado por altos índices de informalidade e de desemprego, de acordo com estudo divulgado ontem pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). De acordo com o relatório "Trabalho Decente e Juventude no Brasil", 67,5% dos jovens entre 15 e 24 anos estavam desempregados ou na informalidade em 2006.

Os dados, que têm como base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de 1992 a 2006, apontam que o déficit era maior entre mulheres jovens (70,1%) do que entre homens jovens (65,6%). O índice também era mais acentuado entre jovens negros (74,7%) do que para jovens brancos (59,6%). As jovens mulheres negras v ivem o que a OIT considera "situação de dupla discriminação" - de gênero e raça. O desemprego e a informalidade alcançavam 77,9% das integrantes desse grupo.

Para a diretora do escritório da OIT no Brasil, Laís Abramo, os números podem se agravar ainda mais diante da crise econômica. Ela lembra que o Brasil vive, atualmente, um processo de geração de empregos formais, mas em ritmo muito inferior ao que vinha sendo registrado nos últimos anos.

Segundo ela, os avanços na agenda de emprego para a juventude foram importantes, mas as desigualdades regionais, de gênero e de raça permanecem. Laís acredita que o desafio consiste não apenas em elevar os graus de escolaridade no país, mas em melhorar a qualidade da educação.

A pesquisa indica que 7% dos jovens brancos tinham baixa escolaridade e que o número mais do que dobrava (16%) para os jovens negros. Em relação à jornada de trabalho dos 22 milhões de jovens economicamen te ativos, 30% trabalhavam mais de 20 horas semanais, o que, em muitos casos, prejudicava o desempenho escolar.

"Há uma espécie de círculo vicioso: o jovem não entra no mercado porque não tem experiência, mas para ter experiência ele precisa estar dentro do mercado. Medidas de aprendizagem são importantes para romper essa barreira", diz Laís.

jornal Valor Econômico, dia 2 de julho.

sábado, 11 de julho de 2009

Ética e publicidade

A publicidade procura vender produtos diversos e para tanto, se utiliza de vários artifícios como, por exemplo, a presença de modelos, celebridades, bichos, cantores, esportistas entre outros.

Um certo publicitário, muito famoso no país, já disse em alto e bom som para quem quisesse ouvir que a publicidade não tem ética. Sua preocupação é vender o produto, não importanto por que meios ou tipos de mensagens.

Para tanto, busca sempre um protagonista que possa gerar um certo valor ao produto.

Nem sempre ela tem a intenção de vender um produto. As vezes, a publicidade se direciona para vender uma ideia ou ideias, como ocorre na época das eleições.

Para Emir Sader, na última edição da Caros Amigos, "O marketing, a publicidade, são expressões da concepção de mundo que busca mercantilizar a tudo, que trata de que tudo tenha preço, tudo se venda, tudo se compre, da visão da sociedade como uma espécie de shopping-center, da vitória do mercado contra o direito. Democratizar é desmercantilizar, é afirmar direitos e esfera pública contra o reino do mercado e do marketing".

domingo, 5 de julho de 2009

Livro do Hobsbawn

SINOPSE

Autor do clássico Era dos extremos e louvado mundialmente como um dos maiores historiadores vivos, Eric Hobsbawm
apresenta uma coletânea de dez palestras e conferências em que faz um balanço dos principais temas da política internacional dos nossos dias.

Embora trate de um amplo conjunto de assuntos — imperialismo, nacionalismo e hegemonia, guerra e paz, ordem pública
e disponibilidade de armas, o poder da mídia, mercado e democracia, além de futebol e cultura contemporânea —, a
obra tem forte unidade temática, centrada na análise da situação mundial no início do novo milênio e dos problemas
mais agudos que nos confrontam.

Longe de ser um “otimista”, Hobsbawm mostra-se crítico com relação às tendências que prevalecem no mundo de hoje. Considera “remotas” as perspectivas de uma paz mundial sólida no século XXI; ressalta o forte crescimento das desigualdades econômicas e sociais e dos desequilíbrios ambientais e políticos trazidos pela globalização baseada no conceito do mercado livre; e não poupa críticas à atuação do governo americano, tanto do
ponto de vista econômico-financeiro quanto do político-militar. “Houve um tempo em que o império americano reconhecia
a existência de limitações, ou pelo menos a conveniência de comportar-se como se tivesse limitações. Isso se devia basicamente ao fato de que tinha medo de alguém mais — a União Soviética. Na ausência desse tipo de medo, é preciso que o interesse próprio esclarecido e a cultura tomem o seu lugar”, sentencia Hobsbwam.

Com o ar crítico e ousado que caracteriza seus estudos, Hobsbawm classifica a democracia como “uma vaca sagrada que dá pouco leite” e, sem perder o estilo, a leveza e o bom humor, diz que “enfrentamos o terceiro milênio como o irlandês
anônimo que, perguntado sobre o caminho para Ballynahinch, refletiu e disse: ‘Se eu fosse você, não começaria por aqui’.”

Maiores dados sobre o produto consultar LIVRARIA DA TRAVESSA