terça-feira, 31 de março de 2009

Brasil: o país de um futuro que nunca chega


"Você sabe com quem está falando"? Muitos devem se lembrar desta pergunta que vinha acompanhada sempre de um tom autoritário. Dizem que a mesma é fruto do regime militar que se fez presente no Brasil há mais de 25 anos.

Dizem também que o mesmo acabou. Se isso é verdade (tenho cá minhas dúvidas. O regime pode até ter acabado, mas ficaram restos de gorduras saturadas espalhadas no corpo nada democrático do país do futuro), parece que resquícios do mesmo andam perambulando por aí no linguajar de quem entende ser a expressão jurídica do país, o que preocupa ainda mais a Têmis já sujismunda, pois faltam escovas para escová-la.

Um desses jornalistas que não tem "papa na língua", perguntou ao Ministro do Supremo Tribunal Federal o por que da sua posição sempre contrária aos atos do Movimento dos Sem Terra. Com um olhar furioso direcionado ao perguntador, disparou uma ameaça dissonante e em tom autoritárico com bafo de bode (se falta escova para a Têmis deve faltar também para escovar os dentes)e disparou esta pérola: "Tome cuidado ao fazer esse tipo de pergunta". Só faltou acrescentar o velho bordão ... pois você sabe com quem está falando?

Se não bastasse esse protagonismo autoritário, para que a Nação brasileira não tivesse dúvida de quem é que manda nesse país, esse senhor que se traveste de Juiz da mais alta côrte do país do futuro resolveu, com um simples telefonema ao presidente da Câmara dos Deputados, Michael Têmer (PMDB) solicitar a retirada de um programa da TV Câmara e o link que dava acesso ao mesmo pela internet já que o conteúdo do programa o desagradava.

Isso porque o programa discutiu questões ligadas à Operação Satiagraha, às supostas Escutas Ilegais protagonizadas pela Polícia Federal, grampos telefônicos entre outros, assuntos deveras incômodo para o Ministro.

Por fim, esse mesmo Ministro de nome Gilmar Mendes está processando o jornalista da Carta Capital, Leandro Fortes, só porque o mesmo o denunciou por negócios escusos envidados pelo Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), de propriedade do Ministro.

Meu Deus!!! Será que esses jornalistas não sabem com quem estão falando?

terça-feira, 24 de março de 2009

Poesia

BERTOLD BRECHT

O Vosso tanque General, é um carro forte

Derruba uma floresta esmaga cem
Homens,
Mas tem um defeito
- Precisa de um motorista

O vosso bombardeiro, general
É poderoso:
Voa mais depressa que a tempestade
E transporta mais carga que um elefante
Mas tem um defeito
- Precisa de um piloto.

O homem, meu general, é muito útil:
Sabe voar, e sabe matar
Mas tem um defeito
- Sabe pensar

sexta-feira, 20 de março de 2009

Quem escovará Têmis?


Não é piada, ok? E se fosse, seria daquela politicamente incorreta. Trata-se se um fato real e vergonhoso, mais um para a lista de justificativas do por que este nosso país não é um país sério. Ou se é, fica duro de acreditar.
A informação chega de um dos nossos informantes (A revista Carta Capital) e foi divulgada pelo Ministério da Saúde. Em 2008, pouco mais da metade da população brasileira (58%) "não tinha acesso a escovas de dente adequadamente".
Mas, qual é a graça?
A graça é irônica e trágica e vem do estado do Piauí. Lá, existe um homem "preso há mais de um ano, aguardando julgamento, acusado de roubar..." advinhem o quê? Exatamente... uma escova de dente!!!
Enquanto isso, Daniel Dantas tá solto, rindo com os seus dentes brancos, hálito puro e uma refrescante sensação de impunidade.
Quem escovará Têmis?

quinta-feira, 12 de março de 2009

De sapatadas e bombas.

Muntazer al-Zaidi. Esse nome lembra alguma coisa ou alguém? Com certeza, poucos se lembrarão que este é o nome do jornalista iraquiano que fez do seu sapato uma "arma" poderosa de protesto contra a política estadunidense expressa naquele momento pelo então presidente Bush filho, quando da sua visita ao Iraque em dezembro do ano passado.
Pois é. O jornalista foi condenado a três anos de prisão. Alegação? Jogou seu sapato em um chefe de estado em visita oficial.
Este mesmo chefe que jogou bombas e mais bombas no país do acusado, filho legítimo de um país que jogou a bomba atômica no Japão e que hoje defende o "militarismo humanista" (um neologismo para invadir o país que quiser, na hora que quiser, com a mentira inventada que quiser), sai ileso dos seus oito anos de atos terroristas.
Fica então uma (i)moral da história. Jogar bomba, pode. Jogar sapato, não.

terça-feira, 10 de março de 2009

Um fenômeno de alienação.

Quarta-feira. 04 de março. Um time do nordeste do Brasil (o Sport) disputa a liderança da taça libertadores das américas com o atual campeão (LDU) e a rede globo no brinda com um insosso Flamengo e Ivinhema.
O meu Vitória e o seu maior rival, o Bahia, jogam a Copa do Brasil fora de casa com o Asa de Arapiraca e com o Potiguar de Mossoró, respectivamente, e nenhuma menção é feita sobre o resultado dos jogos pela tv de maior audiência do país. São as imagens do chamado "fenômeno" que aparecem. Aliás, a imagem deste apareceu quando estava no banco mais do que qualquer outro jogador do corinthians em campo. Um fenômeno, realmente.
Domingo, pé de cachimbo. 08 de março. Gol de Ronaldo. Empate do corinthians contra um dos seus maiores rivais, o palmeiras no finalzinho do jogo. A causalidade posta, empolga os comentaristas. Kleber Machado em locução emocionada diz que "ele sabe o que faz com o que Deus deu para ele". Em um outro canal, uma zapeada me permitiu ouvir uma outra locução que falava do sofrimento vivido por Ronaldo, "um menino que sofreu muito".
Entre quarta e domingo e até agora no momento em que escrevo, a "falação esportiva" girava em torno desses eventos. A vitória do Sport sobre o LDU rendeu pouco. Os outros pontos supra-citados, de cunho mais regional, se esvaziou. Ficou o fenômeno Ronaldo, um menino que sofreu muito, que passou por várias dificuldades e que resurgiu das cinzas tal qual fênix para mostrar ao povo que Deus existe, e que basta acreditar nos nossos sonhos que a gente chega lá. Um dia, trabalhando muito, se esforçando mais um pouquinho, a gente chega lá. Basta querer, pois querer é poder!!!Eis o mantra por trás das notícias.
Talvez seja esse poder que fará com que o Corinthias (acaso?) tenha a maior cota de partida transmitida pela tv aberta este ano. O tricampeão (São Paulo), perderá seu posto de 2008 mas ainda ficará em posição confortável: em segundo. Mas não deixa de ser uma contradição. Mas marketing é marketing e este faz com que o Fluminense, vejam só, o pó-de-arroz salte 100% nas transmissões da tv aberta (10) em relação a 2008 (5). Terá sido esta a verdadeira causa da demissão do Renê? Pois convenhamos, caro "fominha", Parreira dá muito mais IBOPE que Renê. Ou, não?
Bem, supostos a parte, o fato concreto é que tudo isso junto nos permite sair da realidade dada, construindo um verdadeiro fenômeno de alienação em escala global.
O fenômeno da alienação é inerente ao nosso atual modo de produzir a vida. Faz parte. Precisamos sair desta realidade de quando em vez para suportá-la.
Enquanto isso, ampliam-se os atos de corrupções; o nosso salário míngua; dinheiro público financia estádio, salva bancos e banqueiros; clubes lavam dinheiro sujo (atenção, o corinthians é um deles), dirigentes se perpetuam em cargos estratégicos, etc, etc...
Mas, passado os dias, eis que entramos esta semana com novos jogos, novos espetáculos, novas e velhas vitórias e derrotas e seguiremos falando de coisas que embora façam parte da nossa vida, pois nós mesmos a produzimos, só servem para alimentar o fenômeno da alienação.

terça-feira, 3 de março de 2009

Aleida Guevara

Entrevistas
Aleida Guevara: “Não tenho esperança em Obama”

[Por Daniel Santini, da Folha Universal]

A Folha Universal publicou em fevereiro de 2009 uma entrevista feita com Aleida Guevara, filha mais velha do revolucionário Ernesto Che Guevara. No jornal, a médica cubana e especialista em alergias de crianças é vista cantando junto do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, durante o Fórum. Ela conversou com a Folha Universal durante o Fórum Social Mundial, em Belém do Pará, e falou sobre o futuro da América Latina. Comentou ainda as perspectivas do recém-empossado governo de Barack Obama nos Estados Unidos e o que sente ao ver a imagem do pai em roupas, objetos e telas de cinema por todo o planeta. Ao falar das transformações em curso no continente – especialmente na Venezuela de Chávez e na Bolívia de Evo Morales – Aleida cobra uma mudança de postura do Brasil.

Se estivesse vivo, seu pai estaria hoje com 80 anos. Como seria?

Se ele estivesse vivo você não estaria falando comigo agora. Eu estaria cuidando dele de pertinho. Se não tivessem matado meu pai na Bolívia, ele seguiria seu combate na Argentina, que é o país dele. Quem sabe a Argentina seria outra, e o continente seria diferente? Isso, infelizmente, nunca poderemos saber.

Como vê a situação atual da América Latina?

Creio que ainda falta muito para o nosso continente. A palavra “unidade” é linda e há séculos tem sido pouco usada por nosso povo. Essa unidade é possível, e com ela é possível mudar. A partir do que está acontecendo na Venezuela, que é quem atualmente encabeça a mudança, e depois seguindo na Bolívia e no Equador, há alguma possibilidade. Para o Brasil falta muito ainda. Falta ser mais solidário aos povos da América Latina, menos dependente do capital externo, mais defensor da própria terra.

O que achou do filme em que Benício Del Toro interpreta Che? E do dirigido pelo brasileiro Walter Salles (Diários de Motocicleta)?

Não me agradou. Só vi uma parte, não tive ânimo de ver completo (O filme “Che” é dividido em duas partes que, somadas, ultrapassam 4 horas de duração). É um tema muito difícil para mim e muitas coisas não estavam na tela. O do Walter Salles (Diários de Motocicleta) sim me encantou. É ótimo e ele é uma pessoa muito humana.

O que sente ao ver camisetas com a imagem de seu pai?

O capitalismo existe porque utiliza tudo de um jeito comercial, incluindo meu pai. No caso dele, porém, o tiro saiu pela culatra. Trataram de simplificar a imagem, mas não conseguiram. Muitos jovens que usam uma camiseta e não sabem quem ele é um dia vão perguntar. Isso já é positivo. Não gosto de ver a imagem do meu pai em um isqueiro, ou na parte de trás de um jeans. Me parece uma falta de respeito. Mas há também muita gente que usa com amor.

Seu pai era um guerrilheiro. O que pensa de luta armada?

É preciso respeitar. De fora é muito fácil julgar, mas é preciso saber como se vive e como se morre. O movimento pacifista é respeitável também. Se por aí se encontra a solução, aleluia. A guerra é o que há de mais brutal no mundo. É o mais cruel que pode ocorrer, mas, às vezes, é necessária. Não se pode colocar um povo de joelhos. Neste caso é preciso lutar, e aí eu respeito.

Como médica, como vê o sistema público de saúde no Brasil?

Primeiramente, não gosto de julgar coisas que vivo pouco. Depois, o sistema de saúde no Brasil está muito acompanhado da privatização de hospitais e isso é algo muito diferente da realidade que vivo. A saúde é um direito do povo, não pode ser convertido em negócio. Não me sinto capaz de comparar.

Vivi situações muito duras na América Latina. No Paraguai havia uma indígena doente, mas eu não podia pedir um raio-X para saber o que ela tinha porque ela não teria como fazer. Na África, em Angola, com 26 anos, tratei de três meninos com edema cerebral e eu só tinha um pacote de manitol, a medicação necessária. Só poderia salvar a vida de um deles. Isso me golpeou tanto que até hoje tenho horror ao racismo e à colonização.

Como foi a experiência na África?

Aprendi uma coisa linda em Angola. Na TV, havia um ator negro brasileiro que pegou a mão do apresentador e perguntou: “Se ponho a mão na sua, que cor é a sombra? Escura”. É isso o que penso. Se colocarmos as mãos juntas em igualdade de condições, a sombra será da mesma cor.

Tem esperança em Barack Obama? A situação de Cuba mudará?

Não. Falta poder a ele. Os presidentes dos Estados Unidos são marionetes do Senado e das grandes multinacionais. Não creio que Obama possa enfrentar a todos, mesmo que queira. Cuba é um caso muito especial e mais difícil. Representa o que os Estados Unidos tentaram negar: a existência sem ser cópia de outro modelo político. O bloqueio não vai mudar. É uma lei do Senado, e ele não pode mudá-la. Obama disse que vai fechar a prisão de Guantánamo. Perfeito! Estamos de acordo que feche de imediato, mas estaríamos de acordo também que nos devolvessem a base naval a Cuba. (O local é controlado pelos Estados Unidos onde a prisão está instalada.)

Como estão as mudanças políticas em curso em Cuba?

Não falamos em mudanças, mas sim em continuidade. Em Cuba, o socialismo não foi imposto, foi criado como um modo de melhorar. Isso não se perde. Meu pai, o Che, sempre dizia: “é preferível ser seguido do que empurrar as pessoas”. Se forçadas, um dia as pessoas se perguntam “por quê?”. Se são convencidas do que se pode fazer e como fazer, é diferente.

Mas há eleição para chefe de Estado e democracia em Cuba?

O problema é como vocês veem a democracia. A burguesia diz que só há democracia onde há mais de cinco partidos. A palavra democracia significa “poder do povo” e em meu país há poder do povo, só que há um só partido. Nós somos socialistas, é diferente, mas nós temos eleições populares de verdade. As pessoas no bairro pedem que seja um representante por acreditar em você, no que está sendo dito, não por propaganda. Falar em ditadura é falta de conhecimento.

Fonte: http://www.piratininga.org.br/

Truculência é pouco!!!

Os verdadeiros assassinos estão soltos e vestem fardas. Se traveste também de bermuda e camiseta, socam quem quiser com um sadismo extremo e empunham armas e cacetetes ao seu bel prazer como seus instrumentos fálicos (ou por falta dele).

Para a polícia militar (mesmo reconhecendo os policiais que trabalham com responsabilidade) o adjetivo de truculentos é pouco. Fazem o que querem e bem entendem e depois são julgados pela própria corporação. Que maravilha, hem? A isenção passa longe.

O que aconteceu no estádio municipal de futebol em Madre de Deus (BA) é apenas uma expressão do despreparo do policial militar que, compreendemos, não se deve só a questões psicológicas mas, também, a própria condição em que trabalham as corporações, aviltadas na sua dignidade pelo recebimento aviltante dos seus proventos.

Não obstante, se isso nos ajuda a compreender o ato de barbárie (não foi apenas um excesso, como disse o capitão Marcelo Pitta em entrevista a uma rede de televisão hoje), não justifica a agressão gratuita, agressão esta que se estende em todo o território nacional, principalmente nos espaços frequentados pelas maiorias minoritárias: os fudidos, os "geraldinos", os cordoeiros entre outros.

Tivemos exemplos de agressão gratuita, de barbárie (vale repetir) também no carnaval. A polícia bate, espanca, mata e fica por isso mesmo. Tenho colegas que já perderam entes queridos, irmãos, pais de família, amigos em função da violência policial que, enfatizo mais uma vez, tem raízes na violência maior que impera na nossa sociedade, refletida nas diversas faces das desigualdades sociais as quais "os polícia" também são vítimas.

Nesse sentido, não basta punir os infratores, policiais bandidos que dizem manter a ordem provocando a ira de quem tá perto e de quem assistiu pela televisão, ampliando ainda mais o grau de indignação em que vivem as pessoas conscientes das relações sociais em que são submetidas, gerando mais ódio e revolta, potencializando novos atos de violência, pois violência gera mais violência.

O Estado deve punir os policiais que participaram do ato bárbaro, deve idenizar a vítima de violência e buscar ampliar o processo de formação humana dos policiais, preparando-os para servir a sociedade, e remunerando de forma digna o trabalho destes que buscam, apesar das excessões (que infelizmente vem se configurando em regra), proteger o cidadão.

Fica aqui o meu GRITO indignado. Faço minhas as palavras da música cantada pelos Titãs que reproduzo abaixo.

Polícia (Titãs)

Dizem que ela existe pra ajudar
Dizem que ela existe pra proteger
Eu sei que ela pode te parar
Eu sei que ela pode te foder

Polícia para quem precisa
Polícia para quem precisa de polícia
Polícia para quem precisa
Polícia para quem precisa de polícia

Dizem pra você obedecer
Dizem pra você responder
Dizem pra você cooperar
Dizem pra você respeitar

Polícia para quem precisa
Polícia para quem precisa de polícia
Polícia para quem precisa
Polícia para quem precisa de polícia

Polícia para quem precisa
Polícia para quem precisa de polícia
Polícia para quem precisa
Polícia para quem precisa de polícia