quinta-feira, 6 de maio de 2010

Expressão Popular nas Universidades

SEMANA DA EXPRESSÃO POPULAR NA UEFS (10 a 14/05)
“EXPRESSÃO POPULAR: 10 ANOS NA BATALHA DAS IDÉIAS”

A Editora Expressão Popular firmou-se como uma proposta editorial nascida das lutas sociais e políticas. Calcada num catálogo crítico e marxista (desde os clássicos até autores contemporâneos), esteve sempre voltada à formação política em seus mais diversos degraus, à de quadros até a de base.

Consolidou-se mantendo a independência política. A forma para fazer isso foi o trabalho militante e voluntário de inúmeros colaboradores. Isso possibilitou que os livros fossem comercializados a preços extremamente reduzidos, fazendo-os circular nos mais diversos espaços: movimentos, partidos, organizações populares e universidades.

Continuar cumprindo esse papel é um desafio para EEP e para todos aqueles e aquelas comprometidos/as com a transformação social.

Vida Longa a Expressão Popular!


PROGRAMAÇÃO:

10/05 – Abertura: Auditório IV, Módulo 7

14:00: Mesa 1 - O Marxismo na Batalha das Idéias

- Prof. Eurelino Coelho (LABELU-UEFS)

- Prof. Welington Silva (LEPEL-UEFS)

- Djacira Oliveira (Consulta Popular/MST)

11/05 – Auditório I, Módulo 1

18:00: Mesa 2: A Crise Ecológica e as Alternativas Contra-Hegemônicas: Debates da Agroecologia e dos Povos Tradicionais

- Prof. Luis Ferraro (DTEC-UEFS)

- Prof. Fábio Bandeira (DCBIO-UEFS)

- Gilmar (PJR)

12/05 – Auditório III, Módulo 5

18:00: Mesa 3 - As Transformações no Mundo do Trabalho: Impactos no Campo e na Cidade

- Prof. Cloves Araújo (DCIS-UEFS)

- Profª. Nacelice Freitas (DCHF-UEFS)

- Milton Viário (Confederação Nacional dos Metalúrgicos)
13/05 – Auditório III, Módulo 5
18:00: Mesa 4: Educação Popular e Transformação Social

- Ademar Bogo (Consulta Popular/MST)

- Profª. Maria Helena (PROEX-UEFS)

- Profª. Ludmila Cavalcanti (DEDU-UEFS)

14/05 – Auditório IV, Módulo 7

8:00: Mesa 5 - Lutas Populares no Brasil: Classes e Projetos em Disputa

- Prof. André Uzeda (DCHF-UEFS)

- Profª. Elizete Souza (DCHF-UEFS)

- Prof. Fábio Paes (UFRB)

14/05 – Auditório I, Módulo 1

14:00: Mesa 6: Acesso a Sáude Pública e o Significado da Luta pelo SUS

- Fernanda (Seminário Livre-UFBA)

- Alan Jonh (Lutar e Construir-UEFS)

- Fabrício (Médico)

OBS: Serão expedidos certificados da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF) aos participantes para cada Mesa-Redonda.

sábado, 1 de maio de 2010

Loucos e insensatos

Por Gerivaldo Neiva
Juiz de Direito da Comarca de Conceiçãodo Coité (BA)

Trafegava nesta quinta-feira pela BR-324 (Salvador – Feira de Santana) e vi a marcha do MST pela rodovia. Saíram de Feira de Santana e a previsão de chegada a Salvador é na segunda-feira. São mais de 100 km de caminhada.

Fala-se em 5 mil ou 6 mil participantes. Vi muitos jovens e mulheres participando da marcha.

Segundo a imprensa local, “a manifestação tem como objetivos cobrar mais agilidade na reforma agrária no País e cobrar do governo a realização de obras negociadas em manifestações anteriores, como a construção de casas e escolas em 120 assentamentos no Estado”.

A marcha também tem o caráter de protesto contra a criminalização dos movimentos sociais e contra a impunidade no campo, afirmou o deputado estadual Valmir Assunção (PT), que integra a marcha.

Com ele, estão outras lideranças do partido na Bahia, como o vice-presidente estadual da legenda, Weldes Valeriano. Na programação dos participantes, estão previstas “caminhadas pela manhã e atividades culturais – como curso de formação política e exibição de filmes – nos outros períodos”.

Antes de encontrar os membros do MST em caminhada, parei em um posto para abastecer o carro e puxei conversa com o frentista sobre a marcha. Comecei perguntando se estavam muito na frente e ele me respondeu que tinham passado por ali na manhã anterior e que àquela hora (mais ou menos às nove da manhã) já deveriam ter levantado acampamento e estavam novamente na pista.

Em seguida, tentou me confortar argumentando que era feriado, o trânsito não estava intenso e talvez não encontrasse muito engarrafamento.

Respondi que não me incomodava muito, pois o MST tinha o direito de lutar e de se manifestar. Ele se animou para continuar a conversa e alegou que também gostava do MST e da coragem deles, mas não gostava quando se tornavam violentos, destruíam plantações e casas das fazendas invadidas. Desejei bom dia de trabalho ao frentista e segui viagem.

Depois que passei por aquela multidão de homens e mulheres, caminhado em duas filas indianas, cantando e demonstrando que estavam voluntariamente naquela caminhada, pensei comigo mesmo: são mesmo loucos e insensatos!

Ora, são mais de 100 km de caminhada e nesta época do ano costuma chover muito no recôncavo baiano. Loucos e insensatos, mesmo!

Mais na frente, lembrei-me da observação do frentista com relação à violência do MST e pensei: também, o que se pode esperar de loucos e insensatos?

Que vão entrar com muito cuidado nas fazendas que ocupam, cuidar bem da casa, deixar tudo limpo e arrumado? Não, nada disso. São loucos e insensatos!

Mas o que os levou à loucura e à insensatez?

Por que tantos jovens, moças e rapazes, já perderam a razão e os bons modos ainda na flor da idade?

Esta doença é hereditária e foi causada por mais de 500 anos de exclusão e opressão. No início, os índios, depois os negros, depois os posseiros e pequenos colonos foram excluídos da terra e lançados ao léu.

Agora, séculos depois, tornaram-se “sem-terra” e marcham pelas rodovias do país, moram em acampamentos, ocupam fazendas, derrubam laranjais, queimam sedes luxuosas, matam bois para comer a carne… São uns loucos e insensatos.

Sendo assim, diferente dos “doutores da lei”, eles não sabem distinguir os vários tipos de posse, não sabem distinguir posse de propriedade e, muito menos, o que sejam os tais “interditos proibitórios.”

Para eles, interessa somente a terra e os alimentos que dela brotam. Terra, portanto, não se confunde com posse e, muito menos, com propriedade.

Terra é mãe e produz alimentos, é o local, o espaço sagrado e detentor das possibilidades de continuidade da espécie humana sobre o planeta. Propriedade, de outro lado, é mera abstração, conceito, idéia, pedaço de papel, registro em cartório…

Não compreendem os loucos e insensatos do MST, enfim, por que tantos “letrados” andam dizendo por aí que a “propriedade” é um direito sagrado.

Ora, sagrada é a terra, e não a propriedade dela! Esse destino místico da terra, porém, não se realiza com pastos e pisadas de bois ou eucalipto para virar celulose, mas com a presença do homem, como se pertencessem um ao outro, plantando e colhendo, no cio da terra, alimentos para o mundo.

O homem, portanto, não pode impor qualquer função ou amarras à terra, pois ela já tem desde sempre o seu destino inafastável, que é oferecer a vida ao homem que lhe habita.

Pensando bem, aliás, o que seria da vida, da liberdade e do mundo sem os loucos e os insensatos?