quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Poesia Premonitória

Elegia 1938
Carlos Drummond de Andrade


Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,
onde as formas e as ações não encerram nenhum exemplo.

Praticas laboriosamente os gestos universais,
sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual.

Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,
e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção.
À noite, se neblina, abrem guarda-chuvas de bronze
ou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas.

Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra
e sabes que, dormindo, os problemas te dispensam de morrer.
Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina
e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.

Caminhas entre mortos e com eles conversas
sobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito.
A literatura estragou tuas melhores horas de amor.
Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear.

Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota
e adiar para outro século, a felicidade coletiva.
Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição
porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan.

Conheça Cuba!!!

A revista Caros Amigos, na edição especial de agosto, trouxe para nós brilhantes matérias sobre Cuba, uma “heróica ilha que poucos conhecem”. Conforme estar na capa da revista número 126.

Em diferentes reportagens, o repórter Sérgio Kalili, junto com o fotógrafo Daniel Kfouri, que passaram dois meses em Cuba, desvela um país que embora tenha os seus problemas (e qual não tem?) demonstra índices de IDH de primeiro mundo.

Saúde? Presente de forma fabulosa!!! Moradia? Todos têm!!! Educação, esporte, lazer? Só de qualidade.

Essas e outras questões vocês podem ficar conhecendo lendo a revista que pode ser solicitada pelo correio, isso se a mesma ainda não estiver escondidinha atrás das reacionárias Veja, Isto é, Época, etc, etc... na banca de revista de sua cidade.

Se você quer vê, Veja. Mas se você quer conhecer, leia Caros Amigos!!!

JOGO SOLIDÁRIO

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Che Guevara - Discurso sobre Cuba y La Revolucion

Paraíso Tropical

Quem matou Taís? Marion? Otávio? Daniel? Ivan? Antenor? Heloísa? O que vocês acham? Pois é, este é o grande debate que rola no momento nos diferentes programas de diversos canais de televisão, até os jornalísticos entraram na onda.

Como nos diz Leci Brandão na música Zé do caroço, cantada pelo Seu Jorge, "(...) e na hora que a televisão brasileira, distrái toda gente com a sua novela", as profundas questões que envolvem o nosso cotidiano (educação, segurança, saúde, só para ficar com as mais básicas) ficam relegadas a segundo ou terceiro plano, só vindo a tona quando algum dado alarmante que sirva para espetacularizar a notícia acontece.

Realmente, esse país é um verdadeiro Paraíso Tropical.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Trânsito

Estamos finalizando a semana do trânsito. Muitas matérias foram produzidas sobre a situação do trânsito, principalmente a vivida nas grandes cidades. Os jovens, segunda as mesmas, estão entre os mais vitimados, inclusive de forma fatal, morrendo precocemente. Fica aqui a nossa sugestão para os fabricantes: diminuam a potência do motor. Creio que assim, reduziríamos muito os acidentes de trânsito de uma forma geral.

Com a palavra, as montadoras!!!

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Dica de Filme


O QUE VOCÊ FARIA?

A corporatocracia em ação

Quem já possui uma visão crítica acerca da atuação das transnacionais e do auto-destrutivo modelo neoliberal certamente vai se deleitar com a abordagem ácida e demolidora dessa obra.
André Lux

CartaCapital, a única revista semanal impressa que ainda pratica jornalismo sério no Brasil, publicou na edição 452 uma reportagem sobre os absurdos que as empresas cometem contra candidatos a uma nova vaga de trabalho, muitas vezes submetendo-os a situações, no mínimo, humilhantes.
Depois de ler essa reportagem e tomar consciência desse fato, o filme “O Que Você Faria?” não parece assim tão absurdo. Embora algumas situações retratadas na obra sejam realmente exageradas (como o sexo no banheiro e as agressões físicas) e os personagens beirem o estereótipo, não existe ali compromisso com a realidade, mas sim com a construção de uma metáfora à loucura que tomou conta hoje do meio empresarial, especialmente das grandes corporações, onde a busca pelo lucro a qualquer preço e a exploração da mão de obra virou obsessão, com raríssimas e nobres exceções.
A verdade é que vivemos hoje numa ditadura do mercado, que alguns chamam ironicamente de “corporatocracia”, na qual a ordem mundial é dominada por meia dúzia de mega-empresas transnacionais que pairam acima de governos e estados democráticos, restando à grande maioria dos cidadãos alugarem suas forças de trabalho a elas em troca da sobrevivência diária. Acima de tudo isso, grupos de acionistas sem rosto e dirigentes absolutamente subservientes a eles dominam com mão de ferro esse sistema que, nas palavras do lingüista e ativista político Noam Chomsky, é o mais totalitário que existe – já que as ordens vêm de cima sem qualquer discussão, sobrando aos que estão abaixo a única opção de segui-las à risca sem questionamento.
“O Que Você Faria?”, uma co-produção entre Espanha, Argentina e Itália, mostra exatamente o processo de seleção para um alto cargo de direção de uma dessas multinacionais. Sete candidatos à vaga são reunidos em uma mesma sala para participarem da última etapa do processo, do qual apenas um restará. Neste ambiente inóspito, serão submetidos a um certo “método Grönholm”, que basicamente incitará os piores instintos de cada candidato na tentativa de eliminar os concorrentes.
O clima de paranóia é dobrado com a possibilidade de um deles ser um impostor, ou seja, alguém da empresa infiltrado na sala para observar mais de perto e manipular a ação dos outros. E tudo ainda pode estar sendo gravado com câmeras e microfones ocultos, numa assertiva alusão à sociedade “Big Brother” para a qual caminhamos cada dia mais, onde tudo e todos são constantemente monitorados e vigiados e, claro, os grotescos programas do tipo "O Aprendiz".
A intenção do roteiro de Mateo Gil e Marcelo Piñeyro, que é baseado em peça teatral de Jordi Galcerán, vai se tornando óbvia a partir que a trama avança e as primeiras vítimas do processo absurdo e degradante vão sendo feitas. Não por acaso, o candidato mais qualificado para o cargo e, também, o mais ético é o primeiro a ser praticamente linchado pelos outros competidores, que agem sempre sob a manipulação da corporação na forma de tarefas transmitidas a eles de modo impessoal e frio por meio de telas de computador. E, claro, o vencedor é justamente aquele que menos tem escrúpulos em destruir os adversários para atingir suas ambições.
Quem já possui uma visão crítica acerca da atuação desumana das transnacionais e do auto-destrutivo modelo neoliberal certamente vai se deleitar com a abordagem extremamente ácida e demolidora da obra, que melhora ainda mais com uma segunda leitura, quando já conhecemos melhor os personagens e o que cada um deles representa dentro do contexto em que estão inseridos.
Ironicamente e em paralelo à ação principal do filme, acontece uma grande manifestação nas ruas de Barcelona contra a atuação nefasta do FMI e do Banco Mundial sobre a economia global, sob o jargão de que "um outro mundo é possível". Por enquanto ainda é. Não se sabe até quando...