quinta-feira, 24 de julho de 2008

Luta de classes



A imagem acima é de autoria do cartunista Latuff e gerou a maior polêmica na cidade do Rio de Janeiro.

Latuff também falou sobre as reações:

“O desenho tem a mãe desesperada, berrando. O filho dela, uma criança, com uniforme de escola, baleada, morta. Ela estava indo ou vindo da escola. Provavelmente, como a imagem é de noite, estava voltando da escola. Mas isso não sensibilizou a maioria das pessoas. A reação a este desenho é didática e serve de alerta. Ninguém se comoveu com o assassinato da criança. As pessoas se incomodaram mais com a descrição do policial. Isso porque as instituições da repressão são sacrossantas, não podem ser maculadas. Independentemente de elas já estarem maculadas, comprometidas”.

Para Latuff, isto resulta da velha luta de classes:

“Dizem que caiu o muro, que não tem mais luta de classes... Sinto dizer, mas isso é uma questão de classe. O cara do asfalto não reconhece o da favela como um igual; é o outro, é o favelado. Por isso uma vez um policial me disse: “Quando a gente prende alguém, as pessoas não gritam ‘solta, solta’. Elas gritam ‘mata, mata’”.

“É irônico. Esses jornais não acham a realidade polêmica, mas sim o desenho que a retrata. Para eles, não é a política de segurança que é polêmica, mas o desenho. Para O Globo e a imprensa de modo geral não existe polêmica quando a polícia entra na favela e mata 30. A polêmica é quando vem o desenho. É curioso como uma charge pode ser mais polêmica que a própria realidade... O fato é que aquele desenho não tem ficção. Aquilo não é nenhuma ficção da minha cabeça. Qualquer cidadão do Rio de Janeiro entende aquela imagem. Nem precisava de texto. Ela é quase uma fotografia, uma representação fiel da realidade. E cumpre função inglória: de esfregar a realidade na cara das pessoas”.

Fragmentos retirados do site http://www.fazendomedia.com/diaadia/protoblog.htm

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