Ireceenses eram mantidos como escravos numa fazenda em Minas Gerais
Fiscais da Subdelegacia do Trabalho em Uberaba constataram péssimas condições de trabalho em colheita de café, em fazenda a cerca de 20 quilômetros após o município de Sacramento. A operação dos fiscais aconteceu após denúncia de um trabalhador rural que conseguiu sair da fazenda e veio para Uberaba procurar ajuda. Ele procurou a imprensa local, orientado por um morador de Sacramento.
Francisco Chagas Freitas de Souza afirmou para a reportagem que eles foram aliciados na cidade baiana de Irecê, por um homem que sempre faz este tipo de serviço, para trabalhar em colheita de café na cidade de Sacramento.
Ele conta que um grupo de 61 trabalhadores rurais saiu de Irecê no dia 14 e ficaram quatro dias na estrada, porque a polícia parou o ônibus, por ser clandestino e estar sem o mínimo de segurança, inclusive com excesso de passageiro. "Ficamos parados na estrada, até que a fiscalização liberou a gente para seguir viagem."
"Prometeram que pagavam nossa passagem de vinda e volta, que era para trazer documentos, porque seríamos fichados no dia, e que dariam alojamento e tudo o mais. Só que chegamos e nos negaram comida. Trabalhamos um período de sexta-feira e sábado o dia todo, sem comida. A sorte foi que achamos umas mangas verdes e comemos com sal. Somente no domingo levaram alguns mantimentos, mas já está acabando", disse o trabalhador, na tarde de quarta-feira.
Ainda segundo ele, o dono da fazenda tinha a obrigação de entregar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como bota, luva e chapéu, mas não entregou. "A maioria está trabalhando descalço ou com chinelo de dedo, como eu. Matamos muitas cobras no meio do cafezal. Na hora de dormir, todos ficaram no chão de terra, sem proteção, colchão, nem coberta. No quarto onde estamos dormindo, está cheio de veneno, o que é proibido. Na fazenda tem apenas o gerente Célio, que não faz nada para a gente. Aliás, deixa a gente sozinho e não faz nada", informa.
Ainda segundo ele, o gerente está pagando R$ 10 por saca de café colhido, mas, após a colheita, olha e afirma que tem galho no meio e que vai pagar a metade do serviço. "Isso é trabalho escravo. Nós sempre somos contratados para trabalhar aqui, não temos medo de trabalhar, mas isso é muito abuso. Precisamos trabalhar, mas também precisamos de respeito", diz.
Souza, afirmou, ainda, que os trabalhadores estavam sem água potável para beber e tinha apenas um banheiro para atender ao grupo. "Não tem como todos tomarem banho ou usar o banheiro. Muitos estão colhendo água em vasilha para se lavar. A água daquela caixa deve ter anos sem limpeza e estamos usando esta água. A situação é absurda e chega a ser trabalho escravo", diz.
retirado do site: www.caraibasfm.com.br
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