quarta-feira, 3 de junho de 2009

Um vôo com a imaginação

Após a queda do avião que fazia o vôo Rio de Janeiro-Paris, a mídia televisiva se empenhou em demonstrar o que teria acontecido de tão grave no avião para tamanha catástrofe.

Como sempre acontece em casos em que a mídia não tem nenhuma competência para pautar a notícia, vários experts no assunto foram chamados nos estúdios para falar sobre os possíveis casos do acidente aéreo.

O avião caiu, ou desintegrou-se? Um raio pode causar tamanho acontecimento em um avião moderno? É possível uma pane elétrica no sistema devido aos raios? Se vários vôos passam pela mesma localidade no espaço todos os dias o que teria realmente acontecido com o avião?

Todas essas e outras perguntas, até aqui de cunho especulativo, pois de nada se sabia sobre o acontecimento além de que o vôo 447 do Airbus da Air France que partiu do Rio de Janeiro para Paris no último dia 31, e que levava 228 passageiros, não tinha chegado ao seu destino, me fizeram pensar.

Pensei em como seria importante, fundamental, a tematização pela mídia televisiva de assuntos essenciais como: fome, violência, miséria, epidemias, educação, habitação, enfim, vários assuntos de interesses comuns e de importância universal.

Fiquei imaginando de como seria bom ouvir vários especialistas discutindo seriamente e com profundidade por que um país como o Brasil, tem uma concentração de renda tão absurda e uma extensão de terra imensa e tantas pessoas passam e morrem de fome?

Como seria importante para o desenvolvimento da nossa emancipação, discussões aprofundadas com participação de diferentes setores da sociedade civil sobre temas relevantes para a sociedade em geral.

Viajei nas asas da imaginação e pensei que podíamos ter um comitê para assuntos fundamentais. Esse comitê, com representação de diferentes segmentos sociais se reuniria e definiria qual o tema que a mídia televisiva pautaria. Definiria quem seriam as pessoas chamadas para discutir, etc, etc...

Não nos esqueçamos de que canal de televisão é outorga pública, nesse sentido deve servir ao público e ninguém melhor do que ele para definir o que é melhor para ele (o público).

Portanto, esta minha viagem pode sim, ao contrário do que infelizmente ocorreu, chegar seguramente ao seu lugar de direito.

8 comentários:

Anônimo disse...

Seria realmente muito interessane se as coisas funcionassem exatamente assim.

Goi disse...

Gostei muito do seu texto. Como faz falta uma mídia educativa, uma mídia que esteja realmente a serviço do povo, colocando-o como autor de sua própria história. Por que a mídia brasileira não coloca as questões sociais , que vc, Wel, destacou no seu texto nos holofotes? Por que será que a mídia ignora deliberadamente questões que são importantes para nossa humanização? Por que não assume uma posição crítica e de reflexão diante da nossa realidade? Perde-se um tempo enorme em noticiar a celebridade que rebolará melhor no carnaval, enquanto que a mortalidade materna tem notas esparças na programação televisiva. A quem interessa neblinar a enorme desigualdade social que impera no Brasil? A distribuição de renda brasileira é uma das mais perversas do planeta Terra. Aqui, nem mesmo as necessidades básicas são satisfeitas. A fome é uma realidade indecente em um país continental como o nosso. Por que a mídia ofusca a falta de ética na política tupiniquim e dá destaque para as noitadas de um jogador de futebol? As propagandas veiculadas na imprensa escrita e falada só passam uma mensagem: o importante é ter... sucesso é aparecer em Caras tomando suco de laranja e fazendo poses de top model... Isso em um país que ainda não conseguiu acabar com o analfabetismo. A mídia "santifica" a pessoa que acha uma carteira perdida e devolve o dinheiro ao seu dono. Será que chegamos ao ponto de premiar a honestidade? O poderio da mídia, Wel, é uma realidade que nos atinge profundamente como educadores. Que educação dará conta de "ler" criticamente os meios de comunicação? Que educação dará conta de transformar essa mídia que aliena e uma mídia que ocupa-se de questões fundamentais para nossa cidadania e que prioriza o projeto coletivo da sociedade brasileira. Que educação dará conta de tantos aspectos "nebulosos" que permeiam a mídia nacional? Uma mídia que ao contrário do que muita gente pensa é silenciosa... silêncio que fortalece/beneficia os poderosos... Haja imaginação, não é mesmo, Wel?

iarant disse...

h!Como seria bom,bom,bom, se o seu sonho-que é também o meu- tornasse realidade!Essa mídia brasileira só tem "sensibilidade" para com os "outros" que não somos nos, mesmo porque ela esta imbricada nos nós que ela dá em nossas vidas. As enchente em Santa Catarina são diferentes das do Piauí e Maranhão?Para a mídia brasileira sim, pois basta ver a ênfase dada a esses acontecimentos. O pior de tudo isto é a nossa participação nesta menipulação!!! Vou voar com você!

Welington disse...

É verdade Iarant. Todo aquela justa comoção e empenho para os desabrigados de Santa Catarina não teve eco para os do Piaui, Maranhão, Bahia e tantos outros estados do Brasil.
Lembro-me que também, logo depois dos acontecimentos de SC, os próprios deputados do estado decidira que não deveriam conter o desmatamento das matas siliares da região, justamente àquelas que protegem a terra das chuvas.
Nenhuma repercussão, nenhuma matéria relacionando os fatos.
Uma tristeza, mesmo.

Welington disse...

Iarant e demais

Tem um texto do blog
http://www.manoelgomes.blogspot.com que trata justamente da relação desigual entre norte e sul, tomando como referência as chuvas.
Vale a leitura, é sõ clicar no meu nome acima.

Anônimo disse...

Welington, li o texto no blog que você indicou e só fez confirmar o óbvio: a mídia e muito tendenciosa e tem "lentes/olhos" "azuis".
Tána hora de fazermos uma tempestade com a maneira como a mídia trata e retrata os nordestinos ou seremos afogados pelo dilúvio de hipocrisia que impera na TV brasileira.
ANÔNIMA

Anônimo disse...

Tá na hora ( correção).
Anônima

Anônimo disse...

Já passou da hora. As condições para uma revolução estão mais que maduras.