terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Ano novo, velhos problemas!!!

Olá, pessoal.

Ano novo, velhos problemas! É isso que parecem indicar os noticiários, que entremeados de momentos da festa de virada de ano em diferentes lugares no Brasil e no mundo, situam as notícias costumeiras de violência, "balas perdidas", atentado terrorista, corrupção, etc, etc, como a querer nos lembrar de que o momento de festa já passou e que aqueles sonhos vendidos durante as últimas semanas não passaram disso...sonhos!!!

Evitei desejar para vocês que frequentam o Movimento do Real votos de feliz natal e de ano novo, por sentir um vazio muito grande nessas palavras que de tão usadas, estão gastas de sentidos e de significados reais.

Não estou recriminando ninguém que ainda faça uso dessas palavras e que com certeza as fazem com desejos sinceros de que tudo realmente dê certo para todos. Até as invejo. Mas olhando a realidade com a emoção do momento e com a contradição do mesmo durante os meus poucos anos de existência consciente, não posso deixar de refletir sobre o significado do ano novo que descobrir, junto com o poeta, que ele reside dentro de nós desde sempre.

Não basta desejar um feliz ano novo, com muita paz e com muito amor. Temos de agir para que esses desejos se materializem ao ponto de não precisarmos mais de tempo específico para desejarmos coisas boas ao próximo.

Deixo com vocês, como mensagem de ano novo, a escrita do poeta Drummond, e junto com ela, um muito obrigado pela companhia em 2007.

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Receita de ano novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)


Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.


Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

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