quinta-feira, 29 de maio de 2008

Índice de não-leitores é de 45%, aponta pesquisa

Da Redação*
Em São Paulo

Entre os mais de 5.000 entrevistados pela pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, do Instituto Pró-livro, 45% deles são identificados como não-leitores, que não leram nenhum livro nos últimos três meses. Desse público, 47% é mulher e 53%, homem. A pesquisa teve como universo a população com 5 anos ou mais (estimativa de 172.731.959pessoas), alfabetizadas ou não.

Para o secretário de educação básica do MEC (Ministério da Educação), André Lázaro, o resultado é positivo. "O copo está razoavelmente cheio, mas a nossa sede é muito maior. A fotografia hoje diz que estamos em um bom caminho, mas essas informações nos estimulam a trabalhar mais".

O relatório, segundo a Agência Brasil, aponta que os classificados como não-leitores estão na base da pirâmide social: 28% deles não é alfabetizado e 35% estudou só até a 4ª série do ensino fundamental.

Metade do grupo pertence à classe D e a maioria possui renda familiar de 1 a 2 salários-mínimos. A pesquisa indica ainda que os livros religiosos são os que mais atraem esse público: 4,5 milhões disseram ler a Bíblia.

Entre os motivos para não ler, a falta de tempo aparece como o mais apontado, com 29%. Outros 28% não lêem porque não são alfabetizados e 27% porque não gostam ou não têm interesse. Entre as limitações, 16% afirmaram que possuem um ritmo lento de leitura e outros 7% disseram não compreender a maior parte do que lêem.

O relatório ressalta que a leitura aparece em quinto lugar entre as atividades preferidas dos entrevistados, ficando atrás de ver televisão, ouvir música, ouvir rádio e descansar.

As regiões Norte e Nordeste, que apresentam os menores IDH (Índices de Desenvolvimento Humano) do país, também registraram as menores médias de leitura por habitante/ano: 3,9 e 4,2 respectivamente. A média nacional é de 4,7 livros ano/habitante.

*Com Agência Brasil

FONTE: http://educacao.uol.com.br/ultnot/2008/05/28/ult105u6551.jhtm

quarta-feira, 21 de maio de 2008

CBF x VIVO

Mais um round perdido pela CBF na sua briga contra a VIVO. Ontem (terça-feira) a ministra da 3ª turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Fátima Andrighi negou mais uma vez um recurso da Confederação Brasileira de Futebol de quebrar o contrato com a VIVO de forma unilateral sob alegação de prejuízo em relação ao acordo fechado em 2005.

O acordo prevê patrocínio da operadora de telefonia celular até depois da Copa de 2014. O contrato prevê o ganho de 8 milhões de reais por ano para a CBF que afirma, no processo que move contra a VIVO, poder receber 10 milhoes de reais a mais se tivesse um novo contrato.

Por sua vez, a VIVO provoca, afirmando que o ganho é proporcional ao desempenho da seleção brasileira nos gramados.

A Copa já começou!!!

segunda-feira, 19 de maio de 2008

O QI, o avestruz e a imprensa baiana

Por Manuel Muñiz em 13/5/2008

A semana que passou deixou a Bahia em polvorosa. Tudo porque um professor de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Antonio Natalino Manta Dantas, afirmou que os baianos têm QI (Quociente de Inteligência) baixo. Deixou transparecer, também, um certo desdém para com os alunos da raça negra que passaram a integrar a Universidade Federal (reduto, até bem pouco tempo, de filhinhos de papai) e que, por isso, teriam feito baixar a qualidade do ensino, avaliada pelo Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes).

Ora, o próprio argumento é míope. Se os alunos são despreparados, o curso deveria ajudá-los a se formar melhor. Mas o professor quis dizer mais: que os alunos que entraram por força das "cotas" são despreparados desde a base, embora o mestre tenha atingido, em cheio, o orgulho do povo: "O baiano toca berimbau porque tem uma corda só; se tivesse mais cordas não tocaria", fuzilou.

No dia seguinte à malfadada opinião, o coordenador foi execrado em programas de rádio, TV e jornais. O assunto foi parar até na boca do governador do estado, que não perdeu a oportunidade de repreender o magistrado. No foco dos holofotes estava o professor, coordenador do curso, que uma semana depois pediu o boné e partiu, solicitando dispensa do cargo.

"Somos burros?"

Não tivesse ocorrido o fato na Bahia, acredito que a repercussão teria sido quase a mesma em todos os lugares do país: achincalhe, afobação, veleidades, emoção, irracionalidade. A imprensa agiu como a torcida que invade o gramado e bate no juiz depois de discordar de uma marcação.

Mostrou na condução do ocorrido toda a força de intolerância, a mesma que está fazendo com que o país se torne um líder em violência, capaz de cometer diabruras inimagináveis – como pais e mães sendo acusados de assassinar seus próprios filhos.

O espetáculo proporcionado pela mídia teve o mesmo destempero dispensado pelo infeliz professor para reagir contra um mau resultado dos testes de seus alunos. O que surpreendeu, no entanto, foi o clima de linchamento que se viu. E tal fato ganhou densidade tamanha que pareceu até que o professor não estava totalmente errado.

"Somos burros?", perguntavam os baianos, incrédulos, levados a refletir por programas eletrônicos e impressos, muitos construindo listas de figuras notáveis, num cenário de completo surrealismo. "Não somos, somos?"

Haverá luz no fim do túnel?

A imprensa perde a oportunidade para, realmente, fazer uma análise profunda e séria do atual quadro de formação educacional na Bahia. E, por que não, tratar a educação com a importância devida. Sabe-se, por exemplo, que inúmeras escolas públicas são capazes de aprovar alunos que não sabem, ao menos, ler. E o governador, mesmo sabendo disso, não empreende políticas concretas para mudar a situação.

Grande número de estudantes passa pelos anos escolares sem a capacidade de fazer reflexão, sem entender textos ou ser capaz de atuar com um mínimo de cidadania, ética e consciência. A Secretaria de Educação do estado sabe disso, mas faz pouco para transformar a situação. Por que?

As escolas superiores viraram verdadeiros colejões, instituições que vendem diplomas, pouco se importando com a capacidade dos formados em empreender seus ofícios, depois de deixarem essas arapucas.

Em Camaçari, por exemplo, há uma faculdade que está transformando os coordenadores em agentes de negócios, com participação nos lucros e na condução do alunado até a formação. O que diz o MEC sobre tudo isso? Onde é o final deste túnel escuro? Haverá luz?

O pior índice do país

Este esquema arquitetado pelos empresários da educação na Bahia será capaz de elevar o QI dos baianos? Será capaz de melhorar o serviço oferecido pelos novos profissionais liberais? Isso está ocorrendo? Qual é a avaliação dos médicos atualmente?

Essas e outras questões deveriam estar sendo buscadas pela imprensa. Ao invés disso, somente blá-blá-blá e um verdadeiro campeonato de bairrismo. O que a oportunidade solicita, os leitores não vão encontrar nos jornais: matérias críticas sobre os verdadeiros caminhos da educação na Bahia. Por que não fazem isso? Até aonde vão os interesses econômicos dos veículos?

O professor Dantas afirmou, em nota, estar arrependido, vítima que foi de um "arroubo de emoção". O que o professor não foi capaz de observar, graças também à imprensa, é que a sua voz, tão ecoada no estado e no Brasil, não foi capaz de ser ouvida integralmente. Afinal, este "arroubo" atingiu muita gente. E feriu a imagem que não se vê nos índices de educação.

Sete municípios baianos estão entre as 20 cidades brasileiras com pior Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb). O indicador, divulgado pelo governo federal, avalia a qualidade de ensino das escolas públicas. Entre as capitais pesquisadas, Salvador tem o pior índice do país.

A gravidade do tema

Entre as capitais com os piores índices, Salvador lidera com a nota 2,8. Na lista dos 20 municípios com o pior desempenho nas escolas da primeira à quarta série, há sete cidades da Bahia. Maiquinique tem o segundo pior ensino do país, com a nota 0,7. Os outros municípios são: Biritinga, Itarantim, Inhambupe, Lamarão, Serrinha e Sítio do Mato.

De acordo com relatório da liderança do PT na Assembléia Legislativa da Bahia, apenas 18,0% dos jovens baianos com idade entre 15 e 17 anos estão cursando o ensino médio. Nesse quesito, a Bahia ocupa a sétima pior posição entre os estados brasileiros, estando bem abaixo da média nacional que é de 34,7% dos jovens entre 15 e 17 anos cursando o ensino médio. Somente 3,1% dos jovens baianos entre 18 e 24 anos estão cursando o ensino superior. Nesse quesito, a Bahia ocupa a quinta pior posição entre os estados brasileiros, estando bem abaixo da média nacional que é de 7,4% dos jovens entre 18 e 24 anos cursando o ensino superior.

Estará totalmente errado o tal professor, ex-coordenador de Medicina da UFBA ao afirmar que o baiano tem baixo QI? Talvez sim, no que se refere à intenção de ferir. Mas, diante dos números frios, talvez não, muito embora não seja uma questão de "burrice". Se não é, qual é a questão para desempenhos tão esquálidos? Por que a situação da educação beira a calamidade? Diante da gravidade do tema, o alerta do professor não poderia ser visto com maior profundidade? Se isso ocorresse na França, o esquentado professor seria enxotado de suas funções?

"Gerentes" de negócios

O ex-coordenador, com quase 70 anos, está saindo de cena. Ficam o governador, Jaques Wagner, o senador Antonio Carlos Magalhães Júnior, entre tantos outros políticos, educadores e líderes sociais que têm responsabilidade sobre a área, mas que, como vimos, pouco fazem para mudar o descalabro da educação na Bahia. Por que será? Quais são os verdadeiros interesses desses senhores?

Para a imprensa da Bahia, no entanto, agora parece que tudo vai bem outra vez. Afinal o coordenador já deixou o cargo e o "ódio destilado" foi plenamente justificado. Com isso, resolve-se o problema, pelo menos da imagem dos baianos. Já que a realidade é bem diferente. Estão aí os meninos e meninas analfabetos já na quinta e sexta séries. Estão aí os milhares de profissionais liberais formados e, paradoxalmente, sem uma verdadeira formação. As faculdades continuam "vendendo" diplomas, lideradas não por coordenadores, mas por gerentes de negócios – de forma escancarada ou não. Embora tudo isso seja indecente, a imprensa continua a tratar o assunto com distanciamento.

Qual é o QI do avestruz que enterra a cabeça diante do desafio? Será a imprensa baiana a maior das aves?

FONTE: http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=485FDS003Retirado em 19.05.08

domingo, 18 de maio de 2008

Poesia

AULA DE VERÃO

Mauro Iasi

O conhecimento caminha lento feito lagarta.

Primeiro, não sabe que sabe,

E voraz, contenta-se com o cotidiano orvalho

Deixado nas folhas vividas das manhãs.

Depois pensa que sabe e se fecha em si mesmo:

faz muralhas, cava trincheiras, ergue barricadas.

Defendendo o que pensa saber

levanta certeza na forma de muro

orgulhando-se do seu casulo.

Até que maduro explode em vôos

rindo do tempo que imaginava saber

ou guardava preso o que sabia.

Voa alto sua ousadia

reconhecendo o suor dos séculos

no orvalho de cada dia.

Mesmo o vôo mais belo

Descobre um dia não ser eterno.

É tempo de acasalar, voltar à terra com seus ovos

á espera de novos e prosaicos lagartos.

O conhecimento é assim

ri de si mesmo e de suas certezas.

É meta da forma, metamorfose,

movimento, fluir do tempo

que tanto cria como arrasa.

E nos mostra que para o vôo

é preciso tanto o casulo como asa.

Coronelismo Eletrônico

Levantamento do Instituto de Estudos e Pesquisas em Comunicação - Epcom - revela que 271 políticos no exercício de cargos públicos são concessionários de radiodifusão, o que é proibido pela Constituição. Eles pertencem aos seguintes partidos: DEM, 58; PMDB, 48; PSDB, 43; PP, 23; PTB, 16; PSB, 16; PPS, 14; PDT, 13; PL, 12; PT, 10.
Os demais não tiveram os partidos identificados, mas são prefeitos, deputados e senadores.

FONTE: Caros Amigos, maio 2008, p. 41.

terça-feira, 13 de maio de 2008

A Vingança do Berimbau

AUTORIA: Miguezim de Princesa


Superado pelo tempo,

Ensinando muito mal,

Fabricando mil diplomas

Para entupir hospital,

O doutor da faculdade

Botou, com toda maldade,

A culpa no berimbau.

II

Disse o doutor Natalino

Que o baiano é um mocó,

Sem coragem e inteligência,

Preguiçoso de dar dó,

Só liga pra carnaval

E só toca berimbau

Porque tem uma corda só.

III

O sujeito ignorante

Não conhece o berimbau,

Que atravessou o mundo

Com toda a força ancestral.

Na fronteira da emoção,

Traz da África a percussão

Da diáspora cultural.

IV

Nem Baden Powel resistiu

À percussão milenar,

Uma corda a encantar seis

Na tristeza camará

De Salvador da Bahia.

Quem toca e canta poesia

Na dança sabe lutar.

V

O doutor, se estudou,

Na certa não aprendeu nada:

Diz que o som do Olodum

Não passa de uma zoada

E a cultura baiana

É uma penca de bananas,

Primitiva e atrasada.

VI

Jimmy Cliffi, Michael Jackson,

Paul Simon e o escambau

Se renderam ao Olodum

Com seu toque genial,

Que nasceu no Pelourinho

E hoje abre caminho

No cenário mundial.

VII

O baiano é primitivo?

Veja só o resultado:

Ruy foi o Águia de Haia;

Castro Alves, verso-alado

De poeta condoreiro,

E gente do mundo inteiro

Se curvou a Jorge Amado.

VIII

Bethânea, Caetano e Gil,

Armandinho, Dodô e Osmar,

Gal Costa, Morais Moreira,

Batatinha a encantar

João Gilberto, Bossa Nova

Novos Baianos são prova

Da grandeza do lugar.

IX

Glauber, no Cinema Novo;

Gregório, velha poesia;

Gordurinha, no rojão;

Milton, na Geografia;

Anísio, na Educação;

Dias Gomes, na encenação;

João Ubaldo e Adonias.

X

Menestrel da cantoria

Temos o mestre Elomar,

Xangai, Wilson Aragão,

Bule-Bule a improvisar,

Roberto Mendes viola

A chula - semba de Angola,

Nosso samba de além-mar.

XI

Se eu fosse citar todos

Que merecem citação,

Faria um livro de nomes

Tão grande é a relação.

Desculpe, Afrânio Peixoto,

Esse doutor é um roto

Procurando promoção!

XII

Com vergonha do que fez:

Insultar toda a Nação,

O tal doutor Natalino

Pediu exoneração

E não encontra ninguém,

Nem um nazista do além,

Para tomar a lição.

XIII

O baiano é pirracento,

Mas paga com bem o mal:

Dá uma chance a Natalino

Lá no Mercado Central

De ganhar alguns trocados

Segurando o pau dobrado

Da corda do berimbau.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Sem pimenta

Assisti ao Globo Esporte hoje na expectativa de ver alguma reportagem sobre a derrota do Palmeiras no confronto com o Sport de Recife. O Leão da Ilha aplicou uma goleada. 4 a 1. Silêncio total. Apenas uma matéria sobre o verde que toma conta da cinzenta cidade de São Paulo.

Normal. Em plena ante-véspera da final do campeonato paulista, que o Palmeiras não conquista desde 1996, a Globo não iria repassar a derrota e construir na memória dos jogadores e torcedores do verdão um possível problema psicológico. Mas como liguei a televisão um pouco atrasado, posso ter perdido alguma matéria que me desminta.

Mas o que eu queria mesmo falar aqui é que a derrota me fez lembrar o jogo do Palmeiras contra o São Paulo e o tal do spray de pimenta que jogaram nos olhos dos jogadores do tricolor paulista. Será que faltou estoque para a Ilha do retiro?

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Sobre cordas e berimbaus

A entrevista do Senhor Antônio Dantas, coordenador do curso de medicina da UFBa, concedida à Folha de São Paulo ontem é apenas mais uma expressão do racismo que impera no Brasil de uma forma geral e na Bahia em especial. É o mesmo racismo que aos ventos, de norte a sul deste país, insiste em dizer que baiano é preguiçoso, que não gosta de trabalhar, que paraibano só faz coisa errada, que o sergipano só tem de bom o caranguejo e por aí afora.

Reconhecer no berimbau apenas uma corda, é miopia de uma mente que de tão brilhante, queimou os seus próprios neurônios, é não reconhecer que um instrumento como o berimbau é síntese de um processo histórico de luta e resistência. Quem só ouve uma nota só no berimbau é quem tem ouvido ariano.

E vejam que ironia. Na semana retrasada, a Universidade Federal da Bahia, em justíssima homenagem, ortogou o título de Doutor Honoris Causa ao Mestre Pastinha, Mestre esse que sempre teve na Capoeira a sua expressão de vida e de luta e que sempre viu no Berimbau muito mais do que corda, arame e pau.

O título ortogado é atribuído apenas à personalidade que se tenha distinguido pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos.

Para o doutor dantas, isso é impossível, já que se trata de um capoeirista, tocador de berimbau, simples "pedaço de arame, pedaço de pau".

Fico também imaginando como deve ser composta a Faculdade de Música da UFBa e a Orquestra Baiana de Músicos. Se tomarmos como referência os argumentos do doutor dantas, lá não existem baianos, já que os instrumentos que lá ressoam, têm mais de uma corda. Todos os alunos devem ser oriundos do sul e sudeste do país ou da europa.

Por fim, desejo que as cordas vocais do senhor doutor dantas tenha a mesma dignidade da única corda do Berimbau e ressoem palavras e cantos de luta e justiça.