quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Passividade

No guichê, a funcionária de uma empresa de transporte aéreo avisa que o vôo, embora confirmado, vai atrasar pelo menos uns 30 minutos. A passageira, com um sorriso nos lábios, de bom humor, desabafa: pelo que já passei, 30 minutos não é nada.

Na rodoviária, uma senhora entra no ônibus com a intensão de viajar para sua cidade natal. O veículo já na saída, tem um problema mecânico. Descem todos os passageiros. A senhora revela: já é a enésima vez que viajo por esta empresa e o ônibus sempre quebra. Pelo menos dessa vez foi na rodoviária, e não no "meio do nada", como das outras vezes.

E assim, seguimos, resolutamente (para não dizer passivamente), vivendo a vida.

Isso me faz lembrar uma poesia do Maiakoviski que diz o seguinte:

Na primeira noite, eles se aproximam
colhem uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem
pisam nossas flores,
matam nosso cão.
E não dizemos nada.

Ate que um dia, o mais frágil deles,
entra em nossa casa, rouba-nos a lua,
e, conhecendo o nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.

E porque não dissemos nada,
Já não podemos dizer nada.

Um comentário:

Anônimo disse...

Os acontecimentos sucessivos acabam se transformando em acontecimentos normais. E como bom brasileiro que somos, não desistimos nunca!!!