quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Educação

Brasil está entre piores em lista de educação da OCDE

O Brasil é um dos países com pior nível de educação de ciências para estudantes de 15 anos, segundo uma lista de 57 países organizada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

De acordo com a lista, a ser publicada em detalhes na semana que vem, o Brasil fica à frente apenas de Colômbia, Tunísia, Azerbaijão, Catar e Quirguistão.

O estudo testou as habilidades de mais de 400 mil estudantes nos 57 países que, juntos, correspondem a cerca de 90% da economia mundial. Os estudantes da Finlândia ficaram em primeiro lugar, seguidos pelos de Hong Kong (na China) e do Canadá.

A pesquisa, baseada em testes realizados em 2006, é o principal instrumento de comparação internacional do desempenho entre estudantes do ensino médio.

O teste mediu basicamente o conhecimento de ciências, mas também mediu a capacidade de leitura e incluiu noções de matemática, e como os estudantes aplicavam esse conhecimento para resolver problemas do dia-a-dia.

O estudo afirma que os resultados têm confiabilidade de 95% e que o Brasil estaria entre as posições 50 e 54 da lista.

Ao comentar a lista, o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, disse que ela é uma ferramenta para ajudar os governos a definir suas políticas de educação.

"Na economia global competitiva de hoje, educação de qualidade é um dos bens mais valiosos que a sociedade e um indivíduo podem ter", disse ele. Segundo Gurría, "a lista é muito mais do que um ranking. Ela mostra o quão bem os sistemas de educação individuais estão equipando os jovens para o mundo de amanhã. Antes de mais nada, mostra aos países seus pontos fracos e fortes."

O estudo sobre educação da OCDE é publicado a cada três anos. O documento completo será publicado no próximo dia 4 de dezembro.

Retirado do sítio:
http://noticias.uol.com.br/bbc/reporter/2007/11/29/ult4904u325.jhtm

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Implosão, não!!!


Em minha humilde e em relação às opiniões expressas em um dos maiores jornais do norte e nordeste do Brasil, solitária opinião, sou contra a implosão da Fonte Nova e a favor de uma consulta pública sobre o destino da mesma, com amplo debate envolvendo setores organizados da sociedade civil.

Aos meus ouvidos não soou bem a determinação do governador do estado da Bahia de implodir a Fonte Nova. Caso ele queira implodir a casa dele, tudo bem, não tenho absolutamente nada com isso, mas implodir um patrimônio público sem consulta pública e amplo debate é uma posição, no mínimo, autoritária. Quero crer que a posição do governador se deva às pressões políticas e da opinião pública que ainda assim explica, mas não justifica tal atitude.

Lembro-me perfeitamente bem que em uma enquête levada ao ar pela TV Bahia, no sábado que antecedeu ao trágico jogo, mais de 60% dos telespectadores eram contra a implosão da Fonte Nova.

Precisamos acalmar os nossos ânimos e discutir de forma ampla e democrática, o destino deste estádio que é de todo cidadão baiano (capital e interior) e não do Esporte Clube Bahia. Estou profundamente sensibilizado com o ocorrido, mas não posso concordar, sem discutir com a população de uma forma geral, o destino que devemos dar, antes de tudo, a um patrimônio público. Penso, até, que é um bom momento para discutirmos as políticas de esporte e lazer do estado.

Fica aqui a minha opinião. IMPLOSÃO, NÃO!!! CONSULTA POPULAR E DEBATE AMPLO COM SETORES ORGANIZADOS DA SOCIEDADE CIVIL, SIM!!!

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Tragédia na Fonte Nova (Parte 2)



Quem são os culpados? Quem vai pagar pelos acontecimentos ocorridos no final da partida de ontem no Estádio Octávio Mangabeira, mais conhecido como Fonte Nova, quando no lugar dos gritos de alegria e de festa pela ascensão do Esporte Clube Bahia à Série B do Campeonato Brasileiro, tivemos choros e gritos de angústia e desespero por conta das vítimas do desabamento de uma parte da arquibancada?

Essas perguntas atravessaram toda a programação do “Se liga Bocão”, e do “Balanço Geral”, dois dos principais programas populares aqui de Salvador que vão ao ar todo meio-dia.

Importante salientar que todos os dois programas são ancorados por radialistas. Um, que atualmente trabalha nas transmissões esportivas pela transamérica e o outro, que já trabalhou por muito tempo como comentarista esportivo.



Todos os dois buscaram culpados pela tragédia que acabou sobrando para o Governo do Estado e o Superintendente da SUDESB (Superintendência de Desportos do Estado da Bahia), o ex-jogador do Bahia, Bobô.

Sem querer tirar as responsabilidades dos elementos citados acima, gostaria de pontuar o que considero ser importante. Em nenhum momento a imprensa esportiva baiana, que vive a incentivar os torcedores do Bahia para que encham a Fonte Nova, para que lotem o estádio e prestigiem o seu “esquadrão de aço”, se posicionou de forma crítica sobre os seus próprios atos.

Se a imprensa sabia dos laudos técnicos sobre a Fonte Nova que apontavam para uma reestruturação da mesma, por que incentivava tanto os torcedores a irem ao estádio? Por que ao invés disso, não esclarecia o torcedor sobre os riscos iminentes de uma lotação excessiva da Fonte Nova?

Agora a mesma imprensa que aplaudia os 50, 60 mil torcedores que iam à Fonte Nova torcer pelo seu time do coração, que enaltecia em todas as programações radiofônicas ligadas ao esporte o fato de em plena série C, o time do Bahia colocar uma média de mais de 30 mil torcedores por partida, apedreja o Estado, que diga-se de passagem não pode se responsabilizar em manter e construir uma praça esportiva para uma agremiação de cunho privado, seja ela qual for.

Mas isso é assunto para um outro comentário. Por ora, fica aqui registrado a necessidade da imprensa esportiva baiana fazer o seu dever de casa, registrando também, não a sua culpa, mas ao menos a sua parcela de responsabilidade no episódio.

domingo, 25 de novembro de 2007

Tragédia na Fonte Nova


Infelizmente, o que poderia ter sido um jogo festivo, já que o Bahia com o empate de 0 a 0 com o Vila Nova de Goiás conseguiu ascender a Série B do campeonato brasileiro, acabou se transformado em uma catástrofe.

7 torcedores morreram e outros 60 se encontram em estado grave no Hospital Geral do Estado por conta do desabamento de parte das arquibancadas do anel superior da Fonte Nova.

O jogo já havia terminado e os torcedores comemoravam a subida do Bahia para a Série B do Brasileirão 2008 quando caíram de uma altura de mais ou menos 20 metros.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

CPI do Pan

Assistir mas não vi nenhuma menção nas grandes redes de televisão brasileira sobre mais um adiamento da CPI do pan. Desta vez, devido a ausência dos próprios componentes da comissão, com excessão do vereador Eliomar Coelho (PSOL).Estranho, não?
Como todos nós sabemos, a CPI busca investigar denúncias de superfaturamento nas obras do Pan, estouros no orçamento (14 vezes maior do que os 4 bilhões anunciados)e contratos suspeitos de beneficiarem famílias dos próprios membros do comitê gestor do Pan.
Em tempo, os outros vereadores ausentes na reunião de instalação da comissão e que fazem parte também da comissão são: Carlos Caiado (DEM); Luiz Guaraná (PSDB); Nadinho de Rios da Pedra (DEM); Patrícia Amorim (PSDB).
César Maia agradece a manobra.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Semiótica

De repente, não mais do que de repente, o ex-atacante Adriano apareceu nos noticiários globais. O antigo camisa 9 da seleção brasileira em entrevista deixa claro que almeja a seleção brasileira.

Os meus olhos e ouvidos, juntos, tal como Robinho e Kaká, lançam a bola da hipótese a ser confirmada (ou não, como diria o cantor e dublê de filósofo Caetano Veloso) de que estão querendo sacar o Vágner “amor” do ataque da seleção de Dunga.

“en passant”, como quem não quer nada, apareceu também o Ronaldo, ex-fenômeno. Na narrativa, o repórter assim comentou... “(...) ainda nos dará muitas alegrias”.

Será que eu estou vendo muita coisa? Ouvindo mais do que estar sendo dito? Ou será que estão querendo sacar um coelho da cartola? Até o romário, em tom humorado, evidente, já foi mencionado pelo Dunga para entrar neste conto de fada que é a seleção brasileira. Ou alguém leva a sério este time que estar aí, que mesmo vencendo por 1 a 0 da seleção do Peru, recua para jogar no contra-ataque?

Me deixe!!!

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Desigualdade e Pobreza

Desigualdade ainda ameaça AL apesar de queda na pobreza

Um estudo da Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe), divulgado em Santiago, no Chile, elogiou a redução da pobreza na América Latina, que atingiu o menor número em 17 anos, mas criticou a concentração de renda, que persiste na região.

O estudo afirma que a América Latina ainda apresenta "múltiplas brechas sociais que separam os grupos mais vulneráveis dos que têm melhores condições de vida", o que, segundo o documento, "ameaça a coesão social".

Apesar da ponto negativo, o "Panorama Social da América Latina 2007" mostra que, pela primeira vez desde 1990, o número de pobres na região ficou abaixo de 200 milhões - 194 milhões eram pobres em 2006. No ano passado, segundo o estudo, 15 milhões de pessoas (equivalente à população do Chile) saíram da pobreza e dez milhões deixaram de ser indigentes na América Latina. O documento destaca também o progresso em alguns países como o Brasil onde, entre 2001 e 2006, seis milhões de pessoas deixaram de ser indigentes. "Os programas públicos, especialmente o Bolsa Família, tiveram influência decisiva nesse desempenho", diz o documento da Cepal. A expectativa, segundo o organismo das Nações Unidas, é de que a pobreza e a indigência voltem a cair em 2007, registrando, no fim deste ano, 35,1% de pobres (190 milhões de pessoas) e 12,7% de indigentes (69 milhões de pessoas). No ano passado, 36,5% da população da região viviam em situação de pobreza (3,3 pontos percentuais a menos que em 2005) e a indigência atingia 13,4% (2 pontos percentuais a menos que no ano anterior). Com isso, os pobres eram 194 milhões e 71 milhões eram indigentes.

"Se se compara 2006 com 1990, existem 20 milhões de indigentes a menos na região", afirma o documento da Cepal. O estudo mostra ainda que Brasil, Chile, Equador e México já atingiram as metas estabelecidas para redução da pobreza, entre 1990 e 2015. "Cabe concluir que a região como um todo se encontra bem encaminhada no seu compromisso de diminuir a pobreza extrema", afirma o documento. O estudo destaca que o "dinamismo do mercado de trabalho" contribuiu para o melhor resultado no Brasil e em outros países da região, como Chile. O estudo da Cepal destaca ainda que a presença das crianças, do ensino primário, nas escolas "é quase universal" (97%) na região. Também aumentou, nos últimos anos, a freqüência escolar entre jovens. "A maior presença na escola beneficiou, principalmente, os filhos dos pais com pouco estudo", destaca.

http://economia.uol.com.br/ultnot/bbc/2007/11/16/ult2283u1072.jhtm

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Dia da Proclamação da República

A foto que abre a postagem de fotos sobre a ocupação da reitoria pelos combatentes estudantes da UFBa logo abaixo não é em vão. Justamente hoje comemoramos mais um aniversário da Proclamação da República.

Assim como em 15 de novembro de 1889, a monarquia brasileira estava em estado terminal, pois já não representava mais às mudanças históricas em processo, exigindo, portanto, uma nova forma de governo, estamos hoje vivenciando semelhante estado de coisas.

Os estudantes da UFBa, com sua ocupação, diz em alto e bom som um NÃO para as políticas neoliberais implementadas pelo governo do senho Luis Inácio que são refletidas em diferetens âmbitos. NÃO ao REUNI, NÃO à forma vergonhosa com a qual o reitor Naomar(UFBA)conduziu o processo, NÃO a forma desumana do capital.

Estudantes, professores, trabalhadores em geral, uni-vos!!!

Ocupação Reitoria UFBA em Imagens











sexta-feira, 9 de novembro de 2007

A Copa (verde) do Mundo é Nossa!

Diplô Brasil estréia coluna sobre Responsabilidade Social. Primeiro número avalia: emergência da questão ambiental foi decisiva para o retorno do mundial de futebol ao país. Mas haverá mobilização real em favor da natureza, ou tudo se resumirá a marketing vazio?

Luiz André Ferreira

Eram 90 milhões em ação, cantando sob a regência da ditadura o refrão ufanista “pra frente Brasil”. O hino da Copa de 1970 (no México) acabou embalando um dos poucos “gols dentro” feitos pelo país durante o regime militar: trazer o tricampeonato para casa, depois de 58 (Suécia) e 62 (Chile). Essa performance só foi repetida no Brasil já democratizado com os campeonatos de 1994 e 2002. O que chama a atenção é que apesar do know-how internacional neste esporte, o “melhor do mundo no futebol” nunca conseguiu reproduzir sua habilidade fora das quatro linhas. Depois de 1950, foram 64 anos de jejum, com inúmeras tentativas de voltar a sediar o mundial, finalmente anunciado para 2014. Na ocasião, ao invés dos 90, pularemos 197 milhões de habitantes, segundo as estimativas.

O Brasil sempre recebia cartões vermelhos, em sua intenção de voltar a ser anfitrião de uma Copa. As principais peças tabuleiro desse jogo político envolviam o lobby esportivo internacional e gols contra cometidos pelo país nos quesitos sociais e de infra-estrutura: transporte, segurança, saúde, organização. Em tais aspectos, não mudamos em nada. Até regredimos, defendem os mais saudosistas: apagão aéreo, malha ferroviária enferrujando, estradas e vias urbanas sem investimentos, a dengue e hospitais públicos assombrando o nosso cotidiano...

Se esses entraves continuam jogando contra a nossa vida, o que mudou nas escolhas dos “cartolas internacionais”? Como resposta, a entrada em campo de um artilheiro digno da seleção de Pelé e Garrincha: o meio-ambiente. A camisa verde brasileira foi o grande trunfo que venceu os fracassos das tentativas anteriores. Tanto que já temos reescalação garantida, para a disputa pelas Olimpíadas de 2016. A prova da confiança brasileira neste artilheiro foi o fato de amazonense Eduardo Braga ter sido escolhido como orador, entre os doze governadores brasileiros que seguiram em um “trem da alegria”, para Zurique, onde a Fifa anunciou o local da Copa 2014. Recebendo em troca a garantia da disputa de um dos jogos em Manaus, Braga tomou em defesa a plataforma política montada pela CBF, que prevê a preservação da floresta como compensação para emissão de gases do efeito estufa emitidos durante a realização da Copa de 2014. “O Mundial brasileiro será o primeiro megaevento a reunir bilhões de pessoas em torno da preservação do meio-ambiente e do combate ao aquecimento global. Contribuirá com o desenvolvimento sustentável e ajudará na conservação deste insubstituível patrimônio ambiental”, defendeu Braga. A atuação parece que conquistou o presidente da Fifa, Joseph Blatter, que declarou ter ficado impressionado com a preocupação ambiental brasileira.

Como toda corrida eleitoral, o Brasil preparou sua propaganda audivisual. Um vídeo institucional vem circulando entre os dirigentes esportivos e imprensa internacionais. O material usa e abusa das belezas naturais brasileiras, do apelo turístico e ações sociais do governo Lula. Entre essas imagens da “ilha da fantasia” não constam os problemas de infra-estrutura do país, muito menos as queimadas, desmatamentos e conflitos sociais vividos pelos povos da floresta, usada como garota-propaganda.

Essa campanha política segue com a mesma plataforma para a disputa pelas Olimpíadas. E agrega ainda como ponto forte os Jogos Pan Americanos do Rio. Não resta a menor dúvida do sucesso, por conta da hospitalidade e da vocação carioca para a realização de grandes eventos. A cidade sediou a conferência Rio 92, além dos anuais Carnaval e Reveillon de Copacabana — que reúne quase quatro milhões de pessoas pacificamente, numa mesma praia, sem grandes incidentes (o que seria impensável em outras populações que se auto-consideram civilizadas)...

Mas não podemos deixar de lembrar que a campanha vitoriosa para conquistar o Pan também baseou-se no meio-ambiente. O Brasil prometia a tão propagada despoluição da Baía de Guanabara e investir em melhorias na saúde e na infra-estrutura de transportes, como forma de diminuir o tempo de deslocamento e a emissão de CO2. E o que vimos? A bela baía continua suja. O mapa de ampliação dos transportes não-poluidores não foi seguido. A ampliação do metrô acabou minguando. A revitalização do trem e das barcas não saiu da cartilha apresentaras ao Comitê Olímpico Internacional. E a saúde? Após todo o aparato para o Pan, o primo pobre que veio em seqüência, o Para-Pan (que devido ao preconceito ficou sem o patrocínio de grandes seguradoras de saúde e sem um programa de atendimento governamental) fechou com a triste mancha do episódio do atleta que sofreu um AVC após perambular, sem atendimento, por vários hospitais públicos, assim como muitos brasileiros no nosso dia-a-dia.

http://diplo.uol.com.br/2007-11,a2007

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Passividade

No guichê, a funcionária de uma empresa de transporte aéreo avisa que o vôo, embora confirmado, vai atrasar pelo menos uns 30 minutos. A passageira, com um sorriso nos lábios, de bom humor, desabafa: pelo que já passei, 30 minutos não é nada.

Na rodoviária, uma senhora entra no ônibus com a intensão de viajar para sua cidade natal. O veículo já na saída, tem um problema mecânico. Descem todos os passageiros. A senhora revela: já é a enésima vez que viajo por esta empresa e o ônibus sempre quebra. Pelo menos dessa vez foi na rodoviária, e não no "meio do nada", como das outras vezes.

E assim, seguimos, resolutamente (para não dizer passivamente), vivendo a vida.

Isso me faz lembrar uma poesia do Maiakoviski que diz o seguinte:

Na primeira noite, eles se aproximam
colhem uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem
pisam nossas flores,
matam nosso cão.
E não dizemos nada.

Ate que um dia, o mais frágil deles,
entra em nossa casa, rouba-nos a lua,
e, conhecendo o nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.

E porque não dissemos nada,
Já não podemos dizer nada.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Sobre a Copa 2014

Olá, pessoal. Segue abaixo o que deu para garimpar até agora sobre Copa 2014. Esta semana, quando sobrar tempo, vou buscar as matérias que foram publicadas na Folha neste fim de semana e disponibilizar também no blog.

Só lembrando que a Carta Capital desta semana veicula matéria de capa com seis páginas sobre o tema, conforme o artigo do Dimes, referência para as minhas garimpagens.

Abraços fraternos

Welington
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http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=458JDB001

COPA 2014 NA MÍDIA
Oba-oba escapou dos cadernos esportivos: ficou pior
Por Alberto Dines em 6/11/2007


Parecia consensual: quando os desdobramentos políticos, jurídicos ou policiais da cobertura esportiva conseguissem transpor o condomínio dos cadernos especializados, suas mazelas e, sobretudo, a corrupção ganhariam uma exposição capaz de acabar com a impunidade que envolve estádios, pistas e quadras.
O raciocínio era perfeito: por mais que se esgoelem os jornalistas indignados com o que acontece além dos placares, o leitor jamais abdica da sua condição de torcedor – quer vibrar, xingar e sofrer comprometido com as suas cores e seus ídolos. E, para agradá-lo, as preferências vão, em geral, para o ângulo do esporte-paixão. O futebol-vergonha fica sempre em desvantagem.
A escolha do Brasil para sediar a Copa de 2014 produziu, no dia seguinte (quarta-feira, 31/10), promissoras manchetes não-esportivas. No final de semana, desvaneceram-se as esperanças de uma cobertura eficaz, séria, não-esportiva.
Em parte: o artigo "O Imperador da Copa" da comentarista de política Dora Kramer (Estadão, sábado, 3/11, pág. 6) sobre as incríveis reinações do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, lavou a alma daqueles que têm noção do esgoto que corre debaixo dos gramados. Uma das mais contundentes peças já saídas da afiadíssima pena da jornalista (e maratonista).
A capa da revista CartaCapital (7/11) com o mesmo Ricardo Teixeira de cartola (evidentemente transferida para a sua cabeça graças aos recursos do Photoshop) não foi uma idéia feliz, mas a possante reportagem de seis páginas sobre o "oligarca do futebol nacional" exibe o potencial de malfeitorias, ilícitos e delinqüências escondido nos subterrâneos do futebol.
As decepções vão por conta dos cadernos ditos de idéias dos jornalões paulistanos, o "Aliás" do Estadão e o "Mais" da Folhona (domingo, 4/11). Lamentáveis.
Corrupção, só en passant
Evidencia-se mais uma vez que ambos perseguem o mesmo leitor/leitora tipo mauricinho/patricinha até capazes de ler alguns parágrafos de uma pensata (argh!), mas incapazes de manter o ceticismo e o espírito crítico permanentemente acesos. No "Aliás", as duas matérias (entrevista com o historiador do esporte Hilário Franco Jr., da USP, e texto do sociólogo José de Souza Martins, idem) são extremamente ricas em percepções fenomenológicas e análises políticas, tratam da corrupção, mas en passant – a edição não as valorizou. Futebol e cobertura de futebol são negócios, e com faturamento não se brinca.
Exatamente a mesma coisa aconteceu no congênere da Folhona. Ao analisar as "implicações políticas, econômicas e sociais de o Brasil sediar a Copa do Mundo", o "+Mais" ficou "–Menos", apesar do número maior de matérias (quatro).
Nenhum dos dois jornalões teve a coragem de encarar um dado concreto: o episódio Copa 2014 é indecente. Ricardo Teixeira vai ganhar uma montanha de dinheiro, armou um esquema que o converterá num dos homens mais poderosos do país e, de quebra, obteve um habeas corpus até 2014. Como conseguiu? Baseado nos mesmos pressupostos morais que permitiram a construção de um monstruoso edifício chamado mensalão.
Só que desta vez a mídia será cúmplice.

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O Estadão

Sábado, Novembro 03, 2007

DORA KRAMER

O imperador da Copa

A contar pelos sinais exteriores de poder, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira, é personagem importantíssimo - por que não dizer, fundamental e imprescindível - na ordem das coisas relativas à realização da Copa do Mundo de Futebol no Brasil em 2014.

Portanto, natural que os seres desprovidos de familiaridade com o tema (cidadãos de segunda, forçoso admitir e se conformar) estranhem o grau de submissão de tudo e de todos a este senhor.

Ricardo Teixeira, informam os jornais, briga com Pelé e deixa de fora do anúncio da Copa brasileira nosso maior símbolo mundial, substituindo-o por Romário, cuja distância de Pelé em termos de representação do esporte dispensa apresentações.

Teixeira não quer ver negócios obscuros (lavagem de dinheiro) do futebol investigados por uma comissão de inquérito no Congresso e consegue o apoio de governadores de Estado para comandar ações de retirada de assinaturas ao requerimento da CPI na Câmara e no Senado.

Mais, consegue a retirada das assinaturas em número e tempo recordes, coisa que nem o presidente da República conseguiu para evitar investigações do Parlamento.

Diz num dia que a Fifa ameaça retaliar contra o Brasil se houver CPI, no dia seguinte é desmentido pelo presidente da federação, Joseph Blatter, e ninguém fala nada. Nenhum daqueles governadores presentes à caravana holiday que foi a Zurique acompanhar o anúncio emite um som a respeito. Nem que seja para estranhar a incongruência entre a ameaça e a negativa dela.

No lugar disso, mal chegam ao Brasil e começam a atuar em conformidade com os interesses de Ricardo Teixeira, subordinando atos do Parlamento às conveniências de um dirigente. É de se perguntar: o senhor presidente da CBF pretende deles uma blindagem durante os próximos sete anos?

Tudo o que acontecer no Brasil relativo à Copa e ao futebol, à organização do campeonato, à fiscalização de gastos, dever ser submisso às vontades e necessidades de Ricardo Teixeira? O lobby dos governadores para a realização de jogos em seus Estados os obriga a se abster de senso crítico? E o País, ficará submetido às mesmas normas?

Os primeiros acordes da sinfonia - que do ponto de vista político começou desafinada - indicam que sim. A petulante patriotada do senhor Teixeira, dando-se a arroubos de indignação com uma jornalista canadense que pôs na coletiva o óbvio tema da violência, não causou desconforto na comitiva de excelências. Ao contrário. Quem não calou, aplaudiu.

Mas, vai ver as coisas são para ser assim mesmo e quem não priva da intimidade das circunstâncias futebolísticas estranha de bobo que é.

Vai ver tudo aconteceu da mesma forma em outros países-sede da Copa. O presidente local do equivalente à CBF comandou governadores, interferiu em ações do Congresso, subtraiu do país a representação de um ídolo por conta de suas idiossincrasias, carregou uma comitiva imensa para afirmar prestígio, deu vexame em cerimônia transmitida ao planeta e todo mundo achou muito normal.

Pode ser só uma impressão, mas, pela largada da carruagem daqui até 2014 quem manda no Brasil é o imperador da Copa, Ricardo Teixeira I, coroado em Zurique, rodeado de sua corte: os nossos governadores.

Ou, então, não é nada disso. É só coisa de gente que não entende nada e fica achando que futebol é uma coisa, política outra e casos de polícia devem ser investigados. Esteja a Pátria de chuteiras ou não.

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http://www.cartacapital.com.br/para-socrates-copa-do-mundo-do-brasil-sera-carnaval-de-um-mes

Para Sócrates, Copa do Mundo do Brasil será "carnaval de um mês"

por Daniel Pinheiro

Ex-jogador não acredita que projeto trará benefícios ao País e aposta que a China será a sede do próximo Mundial de Futebol a ser definido
Depois que o Brasil recebeu a confirmação da Fifa de que será a sede da Copa do Mundo de 2014, Sócrates, colunista de CartaCapital tem a definição do que representará a organização da competição no país: carnaval.
"Pelo que eu conheço de quem está organizando esse evento, a Copa no Brasil será um carnaval de um mês, com muitos gastos e sem sobrar nada que se aproveite", disse o ex-jogador. "Não dá para acreditar em nada muito diferente disso."
Quando questionado sobre os possíveis benefícios que um evento desse porte poderia trazer para o país, Sócrates foi cético. "Se houvesse coerência no projeto, investimento em infra-estrutura e desenvolvimento social, seria ótimo para o país, sem dúvida. Mas não me parece que seja o caso.”
O colunista citou dois exemplos recentes para jutificar seu ceticismo: "Acabamos de ver o que acontece, com o Pan-americano do Rio de Janeiro. Já há várias instalações que não são mais utilizadas e que não reverteram em nenhum benefício social. E pelo o que as notícias mostram, algo parecido também está acontecendo com Atenas, depois da Olimpíada de 2004."
Copa vai acontecer, seja com o dinheiro de quem for
Para Sócrates, a realização da competição no Brasil agora é irreversível, seja com o dinheiro de quem for. "Agora que o compromisso foi assumido, a Copa terá de ser realizada, seja com do dinheiro de quem for, e muito provavelmente será do contribuinte."
"Se for preciso, o Estado terá que entrar com o grosso do dinheiro, pois não pode deixar o país passar pelo vexame de não conseguir organizar o evento", opina o ex-jogador. "Pode ter certeza que essa Copa vai tomar muito dinheiro de todos."
Sócrates também é contra a construção de novos estádios para receber as partidas do Campeonato Mundial de Futebol. Isso porquê, para o ex-jogador, as novas arenas só serviriam como "mausoléus".
"Para quê construir mais estádios se nem os que estão aí são bem administrados?", questiona Sócrates. "Para desperdiçar mais dinheiro, para ficarmos com mais elefantes brancos, para termos mais campos abandonados e sem uso? Não faz sentido."
Copa de 2018 na China
Sobre a suspensão do rodízio entre continentes, que havia sido adotado pela Fifa para escolher a sede da Copa de 2010 --que será realizada na China--, Sócrates não acredita que ela terá efeitos práticos. E propõe uma aposta.
"Isso aí é tudo politicagem, nunca houve rodízio, e sim interesses políticos para definir cada sede", afirmou o colunista de Carta Capital. "Quer apostar quanto que a próxima Copa do Mundo (a ter a sede definida) será na China?"
Sócrates explica porque crava com tanta precisão que o gigante asiático será escolhido para sediar o Mundial de Futebol.
"Já em 1989, 1990, quando estive por lá, a China já tinha estádios modernos em boa quantidade e um povo que é louco por futebol. Imagine agora, com as instalações para a Olimpíada do ano que vem, como eles não devem estar", explica o ex-jogador. "Além disso, eles têm um mercado gigantesco e o dinheiro que circula no país."
Jazida de diamantes
Sobre a declaração de Michel Platini, também ex-jogador e atual presidente da Uefa, que comparou a Copa no Brasil a uma "peregrinação a Meca, a Santiago de Compostela ou a Jerusalém", Sócrates discorda do francês.
"Meca religiosa, o Platini só pode estar brincando... Estamos muito mais para jazida de diamantes, com a quantidade de talentos que revelamos por aqui", disse o colunista. "O Platini deve ter falado isso porque agora é presidente de uma organização internacional, ou melhor, uma mancomunação internacional."

Exigências da vida moderna

(Quem agüenta tudo isso ??)

Dizem que todos os dias você deve comer uma maçã por causa do ferro. E uma banana pelo potássio. E também uma laranja pela vitamina C.
Uma xícara de chá verde sem açúcar para prevenir a diabetes.
Todos os dias deve-se tomar ao menos dois litros de água.
E uriná-los, o que consome o dobro do tempo.

Todos os dias deve-se tomar um Yakult pelos lactobacilos (que ninguém sabe bem o que é, mas que, aos bilhões, ajudam na digestão).
Cada dia uma Aspirina, previne infarto. Uma taça de vinho tinto também.
Uma de vinho branco estabiliza o sistema nervoso.
Um copo de cerveja, para... não lembro bem para o que, mas faz bem.

O benefício adicional é que se você tomar tudo isso ao mesmo tempo e tiver um derrame, nem vai perceber.
Todos os dias deve-se comer fibra. Muita, muitíssima fibra. Fibra suficiente para fazer um pulôver.

Você deve fazer entre quatro e seis refeições leves diariamente. E nunca se esqueça de mastigar pelo menos cem vezes cada garfada. Só para comer, serão cerca de cinco horas do dia...

E não esqueça de escovar os dentes depois de comer. Ou seja, você tem que escovar os dentes depois da maçã, da banana, da laranja, das seis refeições e, enquanto tiver dentes, passar fio dental, massagear a gengiva, escovar a língua e bochechar com Plax. Melhor, inclusive, ampliar o banheiro e aproveitar para colocar um equipamento de som, porque entre a água, a fibra e os dentes, você vai passar ali várias horas por dia.

Há que se dormir oito horas por noite e trabalhar outras oito por dia, mais as cinco comendo são vinte e uma.
Sobram três, desde que você não pegue trânsito.

As estatísticas comprovam que assistimos três horas de TV por dia. Menos você, porque todos os dias você vai caminhar ao menos meia hora (...por experiência própria, após quinze minutos dê meia volta e comece a voltar, ou a meia hora vira uma).

E você deve cuidar das amizades, porque são como uma planta: devem ser regadas diariamente, o que me faz pensar em quem vai cuidar delas quando eu estiver viajando?

Deve-se estar bem informado também, lendo dois ou três jornais por dia para comparar as informações.

Ah! E o sexo! Todos os dias, tomando o cuidado de não se cair na rotina.
Há que ser criativo, inovador para renovar a sedução. Isso leva tempo e nem estou falando de sexo tântrico.

Também precisa sobrar tempo para varrer, passar, lavar roupa, pratos e espero que você não tenha um bichinho de estimação. Na minha conta são 29 horas por dia.

A única solução que me ocorre é fazer várias dessas coisas ao mesmo tempo!!! Por exemplo, tomar banho frio com a boca aberta, assim você toma água e escova os dentes.
Chame os amigos junto com os seus pais. Beba o vinho, coma a maçã e a banana junto com a sua mulher na cama.

Ainda bem que somos crescidinhos, senão ainda teria um Danoninho e se sobrarem 5 minutos, uma colherada de leite de magnésia.

Agora tenho que ir. É o meio do dia, e depois da cerveja, do vinho e da maçã, tenho que ir ao banheiro. E já que vou, levo um jornal...

Tchau....

Se sobrar um tempinho, me manda um e-mail.

Luís Fernando Veríssimo