AOS MEUS IRMÃOS GRAPIÚNAS, QUE EM FUNÇÃO DA SANHA DO CAPITAL, VIVEM HOJE UMA TRAGÉDA ANUNCIADA JUNTO COM OUTROS IRMÃOS DO INTERIOR DA BAHIA, DEDICO ESTE TEXTO. ELE GUARDA A CERTEZA DE QUE A MUDANÇA EFETIVA NOS RUMOS POLÍTICOS/SOCIAIS/ECONÔMICOS DE ITABUNA E TODAS AS CIDADES, SÓ SE EFETIVARÁ COM A TOMADA DOS RUMOS DA CIDADE NAS MÃOS DOS MOVIMENTOS SOCIAIS. SITUA A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DO CONHECIMENTO DIALÉTICO COMO PARTE DA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA CIDADE E DE SEUS CIDADÃOS E COLOCA COMO HORIZONTE HISTÓRICO, O PROJETO SOCIALISTA DE SOCIEDADE.A palavra IDEOLOGIA, que até 1845 significava nada mais, nada menos do que estudo das ideias (ou algo próximo disso),foi cunhada no início do século XIX (1808/1811) pelo cientista de nome Destutt de Tracy que pretendia pensar novas formulações no âmbito das ciências sociais e então invoca a palavra ideologia. Seus discípulos brigam com o Napoleão Bonaparte e este os chama de forma pejorativa de IDEÓLOGOS.
Daí em diante, o termo assume uma conotação política na Europa Ocidental até os anos 40 do século XIX, quando Marx e Engels o toma e incorpora no mesmo uma nova carga semântica. Se antes o a palavra ideologia representava sujeitos que andam com os pés nas nuvens, com ideias que nada tem a ver com a realidade, ela vai assumir em 1845 um status de conceito que expressa a idéia de
falsa consciência.
A ideologia seria aquela ideia que inverte a realidade por desconhecer os condicionantes históricos desta realidade. Ao desconhecer esses condicionantes o sujeito expressa a realidade de forma invertida, unilateral, parcial.
Para que isso não ocorra com as nossa representações ideais, ou seja, para que o nosso pensamento reflita verdadeiramente o real, traga a tona a verdade dos fatos (a verdade, para o materialismo histórico e dialético é HISTÓRICA. Não estamos falando aqui de uma VERDADE ABSOLUTA, mas de uma verdade condicionada sócio-historicamente.) é necessário que nós, seres humanos, desenvolvamos o pensamento dialético. Este é o único capaz de extrair
"a verdade" na dinâmica complexa e contraditória do real.
Esse tipo de pensamento permite que se desenvolva uma capacidade analítica tão plena nos humanos, que estes podem, sem recurso a bola de cristal, compreender os aspectos sociais, políticos, econômicos entre outros, demonstrando inclusive o caráter supra-históricos dos elementos observados, pois é capaz também de compreender as regularidades dos fenômenos sociais possibilitanto, inclusive, anteceder acontecimentos antes mesmo que este se realize.
Como Marx não só desenvolveu esse tipo de pensamento como, também (e obviamente) o utilizou, ele foi capaz de fazer constatações que embora escritas na metade do século XIX, explicita caracterísicas presentes no século XXI, demonstrando, com isso, a pertinência do seu método de análise que não só devemos como podemos aprender para apreender o movimento do real.
A citação abaixo expressa muito bem o que estou querendo dizer. Vejamos.
"Os donos do capital vão estimular a classe trabalhadora a comprar bens caros, casas e tecnologia, fazendo-os dever cada vez mais, até que se torne insuportável. O débito não pago levará os bancos à falência, que terão que ser nacionalizados pelo Estado."
Essa reflexão está contida na obra máxima de Marx, O Capital, e foi desenvolvida no ano de 1867. Ela expressa ou não o que ocorre na chamada crise econômica atual que nada mais é do que a crise do sistema capitalista de produzir a vida? (ou seria melhor dizer... a morte?).
Infelizmente, no desenvolvimento histórico da nossa humanidade, pouco tem sido feito para que esse tipo de pensamento seja desenvolvido. Aliás, uma das premissas fundamentais para que isso ocorra, é a construção de um outro mundo, um projeto histórico alternativo ao capital: o socialismo.
Talvez por isso, e por tudo o que defende o programa socialista, os capitalistas de plantão procurem encher nossas cabeças de coisas vazias, com apoio massivo da mídia monopolísta, obliterando o desenvolvimento do nosso pensamento dialético, impossibilitanto aos cidadãos e cidadãs a constatação de discursos parciais, falseadores da realidade e que impede o reconhecimento de que a história é feita pela ação de HOMENS e MULHERES e que o produto desta história deve ser socializado e não privatizado pelo capital.
Disso se nutre a politicagem e os políticos profissionais.
O desenvolvimento das forças produtivas hoje chegou em um patamar capaz de fazer com que a humanidade viva uma vida verdadeiramente humana, plena de sentidos e significados, sem fome, sem miséria, sem morte por
dengue nem por outra causa além das naturais e irreversíveis. Mas o que verificamos? Todos esses elementos se multiplicando e outros novos aparecendo.
Tudo isso nos faz constatar a falência desse sistema e de todas as formas de sociabilidade gestada por ele. Tudo isso nos obriga a não esconder a verdade, para que não sejamos reconhecido pela história como criminosos nos termos de Brecht, que nos ensina que "aquele que desconhece a verdade é simplesmente um ignorante, mas aquele que a conhece e a chama de mentira é um criminoso.”
Falsear a realidade é um crime. Escondê-la, um genocídio. Precisamos de forma organizada, metódica, criar instrumentos de leitura da realidade para que possamos agir tendo em vista o desenvolvimento de um outro projeto histórico. Não podemos ser indiferente ao que está acontecendo na região e em especial em Itabuna.
O pensamento dialético nos ensina que é partindo de situações concretas, reais, que devemos buscar soluções superadoras para os problemas que nos aflingem. E este problema da dengue exige imediata apuração dos fatos sobre o descaso da saúde pública em Itabuna e região, o indiciamento dos responsáveis pela situação e a prisão de todos aqueles, secretários e prefeitos que não utlizaram o dinheiro público em favor do público, se assim ficar comprovado.
A sociedade civil organizada, o povo de uma forma geral precisa ocupar as ruas. Aproveitar e fazer uma avaliação dos rumos das políticas públicas não só de saúde, criar instrumentos de avaliação das ações dos poderes públicos como, por exemplo, os diferentes observatórios (observatório da mídia, observatório da cidadania, observatório da imprensa, entre outros) e solicitar o
impeachment do atual prefeito.
Só assim desconstruiremos a ideologia fernandista, desenvolveremos o pensamento dialético e, na prática, conheceremos o que é fazer política de verdade.