quinta-feira, 21 de maio de 2009

Vou-me embora pra Passárgada


Quem não conhece esse belíssimo poema de Manoel Bandeira, onde o mesmo retrata uma cidade, um lugar, um espaço com características paradisíacas, onde somos amigos do rei, tenho a mulher que eu quero na cama que escolherei?

Quem já não ouviu suas estrofes afrodisíacas, cheias de prostitutas bonitas para a gente namorar?

Passárgada, lugar onde tem tudo. Rio, mar, mulher, menino, loucas, rei e rainha e até bicicleta. Só não encontramos em Passárgada o engenho de Karl Benz, o alemão que desenvolveu o primeiro carro.

Manoel Bandeira parecia saber o porque de não incluir em Passárgada, esse objeto moderno, símbolo de status para alguns, de necessidades para outros e de problemas, muitos problemas para tantos e tantos que vivem e moram nos grandes centros, nas metrópoles brasileiras.

Passárgada não seria a mesma se lá encontrássemos o automóvel. Estima-se que hoje, só em São Paulo, há 900 veículos sendo licenciados por dia. São quase 400 mil por ano para trafegar nas mesmas avenidas, ruas e ruelas, destruindo por completo aquilo que para Bandeira é primazia em Passárgada: a qualidade de vida.

Aqui em Salvador Passárgada passa longe. São 700 mil carros e 2,5 mil ônibus circulando diariamente nas ruas de Salvador.

E o problema da chamada mobilidade urbana (não seria melhor dizer imobilidade?) tende a aumentar, pois existem estudos que apontam que a classe C e D lentamente, tal como o trânsito por aqui, estão ganhando condições de comprar automóvel.

Iniciativas para melhorar a situação existem. Vão desde campanha para trabalhar em casa, até andar de bicicleta, passando pela chamada carona solidária. No entanto, penso que a solução definitiva esteja com o poeta.

Estou arrumando minhas malas. Vou-me embora pra Passárgada!!!

Um comentário:

Anônimo disse...

Dê-me o mapa com a localização de Passárgada, pois quero ir para lá também.
ANÔNIMA