terça-feira, 14 de julho de 2009

Desemprego

Agência Brasil, de Brasília

O mercado de trabalho para os jovens brasileiros é marcado por altos índices de informalidade e de desemprego, de acordo com estudo divulgado ontem pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). De acordo com o relatório "Trabalho Decente e Juventude no Brasil", 67,5% dos jovens entre 15 e 24 anos estavam desempregados ou na informalidade em 2006.

Os dados, que têm como base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de 1992 a 2006, apontam que o déficit era maior entre mulheres jovens (70,1%) do que entre homens jovens (65,6%). O índice também era mais acentuado entre jovens negros (74,7%) do que para jovens brancos (59,6%). As jovens mulheres negras v ivem o que a OIT considera "situação de dupla discriminação" - de gênero e raça. O desemprego e a informalidade alcançavam 77,9% das integrantes desse grupo.

Para a diretora do escritório da OIT no Brasil, Laís Abramo, os números podem se agravar ainda mais diante da crise econômica. Ela lembra que o Brasil vive, atualmente, um processo de geração de empregos formais, mas em ritmo muito inferior ao que vinha sendo registrado nos últimos anos.

Segundo ela, os avanços na agenda de emprego para a juventude foram importantes, mas as desigualdades regionais, de gênero e de raça permanecem. Laís acredita que o desafio consiste não apenas em elevar os graus de escolaridade no país, mas em melhorar a qualidade da educação.

A pesquisa indica que 7% dos jovens brancos tinham baixa escolaridade e que o número mais do que dobrava (16%) para os jovens negros. Em relação à jornada de trabalho dos 22 milhões de jovens economicamen te ativos, 30% trabalhavam mais de 20 horas semanais, o que, em muitos casos, prejudicava o desempenho escolar.

"Há uma espécie de círculo vicioso: o jovem não entra no mercado porque não tem experiência, mas para ter experiência ele precisa estar dentro do mercado. Medidas de aprendizagem são importantes para romper essa barreira", diz Laís.

jornal Valor Econômico, dia 2 de julho.

Um comentário:

Lúcia Leiro disse...

É tudo muito cíclico e perverso. Em um encontro com jovens da periferia, grupo misto formado por homens e mulheres, percebi o quanto a sociedade de consumo tem empurrado os jovens para a prostituição e tráfico. Os rapazes se queixavam de que as meninas só queriam saber de "pagodeiros" e "coroas" porque estes lhes proporcionavam acesso ao lazer e entretenimento. Os rapazes, com seus subempregos, não teriam como sustentar os interesses das jovens. Os espaços de lazer privatizados pela indústria cultural forçam os jovens a se prostituirem e buscarem outras vias para obterem dinheiro rápido. É um tipo de sociedade que exclui, invisibiliza e maltrata de uma forma assustadora.