quinta-feira, 30 de abril de 2009

Rio. Cidade sem favela!!!

Da "FOLHA DE S.PAULO"

Favelas do Rio somem em filme para o COI

Omissão não foi proposital, diz comitê para Jogos-2016

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O comitê organizador da candidatura carioca à Olimpíada de 2016 apresentou à Comissão de Avaliação do COI um filmete de cinco minutos e fotografias aéreas que mostram um Rio de Janeiro sem favelas nas áreas vizinhas aos locais em que as competições serão disputadas, caso a cidade seja escolhida.

A apresentação aconteceu ontem de manhã para os 13 especialistas e esportistas estrangeiros enviados pelo Comitê Olímpico Internacional para avaliar se o Rio de Janeiro tem condições de sediar os Jogos.

Do encontro participaram o ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) e o prefeito Eduardo Paes (PMDB).
Nenhum dos representantes do COI falou com jornalistas. No discurso das autoridades brasileiras -prefeito, governador e ministro-, o encontro foi extremamente positivo.

"Nós nos saímos muito bem. Não é um autoelogio. (...) Foi uma manhã nota 10. Estamos no rumo certo. (...) A chance é muito grande", afirmou Cabral. O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, concordou com o governador. "O Rio está pronto. O COI vai tomar uma decisão histórica", afirmou.

Preparado pelo Rio-2016 -comitê formado por COB e governos federal, estadual e municipal-, o filme mostra como deverá estar o Rio no ano da disputa dos Jogos, se for mesmo escolhido sede olímpica.

A capital fluminense foi dividida em quatro áreas: Copacabana (zona sul), Barra da Tijuca (zona oeste), Deodoro (zona oeste) e Maracanã (zona norte). Em cada uma delas foram mostrados estádios, vilas esportivas, locais de disputas. Não havia favela em nenhuma.

De acordo com o diretor de marketing do comitê brasileiro, Leonardo Gryner, a omissão não foi deliberada.

Um exemplo da ausência de favelas pode ser notado no Maracanã, estádio ladeado pelo morro da Mangueira. A favela não aparece no filme. O estádio, com todas as modificações planejadas para o ano da Olimpíada, é mostrado de um ângulo que a mantém oculta.

Da mesma forma, na região da Barra da Tijuca e de Jacarepaguá, onde ficarão a Vila Olímpica e diversos prédios e unidades relacionados aos Jogos, não foram mostradas as favelas de Cidade de Deus, Rio das Pedras e Gardênia Azul.

Também o estádio João Havelange (o Engenhão, na zona norte) aparece no filme em ângulo no qual não são mostradas as favelas ao redor.

Até as imagens panorâmicas, quase em círculo, do Corcovado, não exibem os morros povoados que existem nas vizinhanças, como Dona Marta e Cerro Corá.

Responsável pela apresentação dos futuros pontos de competição, o diretor de esportes do comitê, o ex-atleta Agberto Guimarães, repetiu em sua palestra e em uma entrevista que uma das metas da equipe é chamar a atenção dos avaliadores do COI para a natureza privilegiada do Rio de Janeiro.

"A gente tem que explorar as belezas do Rio, as praias", declarou Agberto, que mostrou aos emissários do comitê olímpico uma foto da praia de Copacabana em que, à distância, a favela do Cantagalo é quase que obscurecida pelos raios solares.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Mídia democrática...pois sim!!!


Neste exato momento, assisto na televisão um programa onde um leão estar sendo tratado. Não se trata do leão do famigerado imposto de renda, mas do rei da selva mesmo, de carne e juba.

Algo me incomoda. Não sei bem o que é, mas a minha consciência ferve. Fecho os olhos e procuro a razão. Encontro-a em forma de questão. Esta se coloca da seguinte forma: qual o motivo que leva a rede de televisão de maior penetração nos lares brasileiros a mostrar leão, papagaio e outros bichos, em uma semana em que a Corte Suprema do país é colocada em suspeição por um dos seus membros? Não seria o caso de nós, simples mortais, sermos informados mais profundamente do por que a querela entre o presidente do Supremo Tribunal Federal(STF) e o seu colega de toga Joaquim Barbosa? O que este quis dizer mesmo ao se referir aos capangas do presidente da Corte? Não foi esse mesmo sujeito, presidete do STF, que de forma célere providenciou um habeas corpus quando um dos principais ladrões que o país já teve, o orelhudo Daniel Dantas, foi preso pela Operação Satiagraha? Não é este o juiz que solta ricos e prende ladrões de galinha?

Sinto que vou dormir sem respostas.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Dia do livro


No dia de hoje, além de comemorarmos o santo católico São Jorge, comemoramos o dia do livro.

Aqui em Salvador é um bom pretexto para visitar a Bienal do Livro, que vai até domingo, 27 de abril. Estive lá e fiquei muito feliz com a presença massiva de jovens e crianças. Como o gosto pela leitura não vem fixado no nosso código genético, a presença destes entre os livros é prenúncio de futuros leitores. Claro que para isso, os pais e as escolas devem exercitar este gosto cotidianamente.

Muitos desses jovens que lá estavam eram oriundos de escolas públicas. Que boa notícia, não é mesmo?

Só por curiosidade, foi em um dia desse, no século XVII, mais precisamente no ano cabalístico de 1616 que morreu o inglês William Shakespeare e o espanhol Miguel de Cervantes. Dois autores clássicos da literatura mundial.

Mas foi exatamente no ano de 1995 que a UNESCO (Organização das Nações Unidas Para a Educação, Ciência e a Cultura) resolveu criar não só O DIA MUNDIAL DO LIVRO como, também, o dia do DIREITO DO AUTOR.

Graças a eles e a nós, leitores, que o livro existe e resiste aos novos tempos, cheios de bits, chips e coisas que o valha.

Portanto, desligue o computador e abra um livro. Se tem filhos, leia para eles e amanhã, se ainda não o fez, presentei um amigo ou uma amiga.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Cadê meu ovo de páscoa?



Eu, ainda um adolescente em passeio de férias no estado natal de meus pais, Sergipe (minha mãe é de Estância e meu pai de Santa Luzia), me defrontei com uma cena que me chocou bastante. Alguns homens, mulheres e crianças se misturavam aos cachorros na cata de alimentos sobre um monte de lixo residencial.

Imediatamente me lembrei de uma poesia do Manuel Bandeira, intitulada O Bicho. Hoje eu sei que esta poesia foi criada em 1947 e publicada em 1948. Mas na época, 1990, não sabia nada disso, mas ela me inspirou a criar uma poesia tematizando a cena que acabava de observar da janela do quarto onde estava.

Na quinta-feira que antecedia a páscoa, sentado na poltrona do meu carro, me deparei com a cena que está no vídeo. Esta me remeteu quase que automaticamente a outra cena, de 1990, em Aracaju. A diferença desta para a outra é apenas e tão somente de quantidade. Apenas um homem rebusca o lixo a cata de comida, mas a realidade é tão perversa quanto àquela.

Resolvir socializar com vocês essa experiência, bem como a poesia que fiz e que só agora torno pública. Que ambas nos ajudem a desenvolver ações para que um dia essas expressões do capital sejam apenas lembranças.

UM BICHO?

E lá estava Enoque, no lixo, a catar comida com a mão, lembrando-me uma pequena e significativa poesia de Manuel Bandeira.

Enoque é um nome fictício.

Poderia ser José, João, Ernesto, ou outro, mas a cena é real. Tristemente real.

Ele, o Enoque, que se torna representante de milhões de brasileiros nesse momento, afunda todo o seu corpo dentro de tonel, à cata de resto de comida ou outra coisa qualquer que sirva para amenizar a sua fome.

Quando os seus braços tornam-se curtos, não conseguindo mais revirar os alimentos, habilmente, qual cachorro vira-lata, vira o tonel e recomeça, sofregamente, a catar os "restos", as "sobras" de comidas, tão alegremente levados à boca.

E lembro-me que no meu tempo de escola, aprendi que o Brasil é grande e altaneiro.

Esqueceram de me falar sobre os Josés, Joãos, Ernestos e Enoques da vida.

Não dão divisas e não caem no vestibular.

domingo, 12 de abril de 2009

Muito obrigado!!!

O Movimendo do Real acaba de atingir 10.000 Pager View. Começamos no dia 29 de agosto de 2007. Inicialmente, a intenção do blog era socializar informações, reportagens, notícias que não tinham muita visibilidade na imprensa burguesa, por contrariar os seus interesses. Fugíamos um pouco dos blogs tradicionais, com mensagens curtas, rápidas e rasteiras. Optamos por, sempre que possível e necessário, incluir mensagens longas. Entrevistas, política, cultura, esporte, educação, lazer, foram muitos dos temas postados e abordados.
A cada ano, o número de postagem aumenta. Já somamos, com esta de agradecimento, 130 postagens e exatos 137 comentários. Entendemos que para o blog sem muitas pretensões, com um caráter diferente da maioria dos blogs, como já dito, todos esses números são para comemorarmos e temos a certeza de que não chegaríamos neles se não fossem vocês.
Muito obrigado pela participação, apoio, divulgação, comentários. Continuem nos ajudando a engrandecer o nosso Movimento. Em um ano em que instituições da sociedade civil organizada em torno da mídia exige do governo federal o debate sobre a democratização da mídia, buscar formas de comunicação alternativa é essencial para o desenvolvimento do nosso país.
Contamos com vocês. Obrigado!!!

terça-feira, 7 de abril de 2009

Bancos recebem ajuda de US$ 4 trilhões. E o resto do planeta?

Estudo destaca que já foram empregados, para o auxílio às instituições financeiras, mais de quatro trilhões de dólares, um valor quarenta vezes superior ao que se investe para combater a pobreza e a mudança climática. Os US$ 152,5 bilhões investidos pelos EUA para o resgate de uma só empresa, a AIG, supera longe os 90,7 bilhões de dólares que esse país e os europeus destinaram à ajuda para o desenvolvimento em 2007.

Haider Rizvi - IPS

Nova York (IPS) – As enormes somas de dinheiro que Estados Unidos e países europeus estão destinando para socorrer os bancos em risco de quebra podem ocasionar conseqüências desastrosas para os esforços que visam a reduzir a pobreza e os efeitos da mudança climática, alertam especialistas. Um informe da organização não-governamental Instituto para Estudos de Políticas, com sede em Washington, destaca que já foram empregados para o auxílio às instituições financeiras mais de quatro trilhões de dólares, um valor quarenta vezes superior ao que se investe para combater a pobreza e a mudança climática.

Os autores do estudo assinalam que os governos dos países ricos provavelmente usarão a desculpa dos custos do resgate dos bancos para não cumprir seus compromissos em matéria de ajuda para o desenvolvimento e ações contra o aquecimento global.

O trabalho foi divulgado na véspera de duas reuniões patrocinadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o propósito de fazer avançar sua agenda sobre meio ambiente e desenvolvimento. Neste final de semana, em Doha, inicia a conferência de três dias sobre financiamento para o desenvolvimento, enquanto que a cúpula sobre mudança climática começará na próxima semana na cidade polonesa de Poznan, com a presença de mais de 8 mil delegados.

Espera-se que durante os debates, que se estenderão por mais de uma semana, chegue-se a novos compromissos para combater a mudança climática, incluindo a assistência aos países em desenvolvimento para que implementem medidas com esse fim. Funcionários da ONU têm a esperança de que a reunião constitua um “marco no caminho ao êxito” para as negociações lançadas em conferências anteriores.

Ela tem a missão de estabelecer a agenda para as conversações finais sobre o tratado que sucederá o Protocolo de Kyoto que, em 1997, estabeleceu metas de redução de emissões de gases. Essas conversações serão realizadas na Dinamarca, em 2009. No entanto, analistas assinalam que, dada a preocupação dos governos dos Estados Unidos e dos países europeus com a crise econômica, é altamente improvável que se consigam grandes avanços em matéria de financiamento para mitigar a mudança climática.

Independentemente do que façam as nações ricas nesta matéria, destaca o estudo, a crise financeira está golpeando todos os países igualmente. “O aumento da pobreza e do desemprego no mundo em desenvolvimento levarão a uma competição ainda mais brutal que a atual pelo emprego”, disse John Cavanagh, principal autor do estudo.

A mudança climática, acrescentou, põe em perigo o futuro do planeta. Para Cavanagh, as nações ricas “têm a fixação de responder apenas à crise financeira e, especificamente, de sustentar suas próprias instituições financeiras”. Segundo o estudo, os 152,5 bilhões investidos pelos EUA para o resgate de uma só companhia, a AIG, supera longe os 90,7 bilhões de dólares que esse país e os europeus destinaram à ajuda para o desenvolvimento em 2007. No ano passado, Washington destinou à assistência de todas as nações em desenvolvimento US$ 23 bilhões, mas gastou 29 bilhões para salvar o banco Bear Stearns. A soma empregada pelos europeus e pelos EUA para resgatar as instituições financeiras é mais de 300 vezes superior aos 13 bilhões de dólares em novos compromissos assumidos para ajudar os países mais pobres a enfrentar a mudança climática nos próximos anos.

Os investigadores destacaram ainda que o governo suíço destinou 60 bilhões de dólares para socorrer o banco UBS, cinco vezes mais que a soma comprometida pelo conjunto dos governos europeus em 2007 para financiar ações contra a mudança climática nos países pobres. O estudo assinala também que os Estados Unidos não financiam nenhum projeto relacionado à mudança climática no mundo em desenvolvimento e jamais firmou o Protocolo de Kyoto, ainda que seja responsável por um quarto das emissões de gases do planeta, principal causa do aquecimento global segundo os cientistas.

“Esta assimetria nas prioridades atormentará os Estados Unidos e o resto dos países do hemisfério Norte no longo prazo, Eles não só têm a obrigação de solucionar o desastre que provocaram, como também isso é algo que responde a seus interesses”, resumiu Sarah Anderson, co-autora da investigação.

Tradução: Katarina Peixoto

Retirado do sítio Carta Maior

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Ideologia, dialética e conhecimento

AOS MEUS IRMÃOS GRAPIÚNAS, QUE EM FUNÇÃO DA SANHA DO CAPITAL, VIVEM HOJE UMA TRAGÉDA ANUNCIADA JUNTO COM OUTROS IRMÃOS DO INTERIOR DA BAHIA, DEDICO ESTE TEXTO. ELE GUARDA A CERTEZA DE QUE A MUDANÇA EFETIVA NOS RUMOS POLÍTICOS/SOCIAIS/ECONÔMICOS DE ITABUNA E TODAS AS CIDADES, SÓ SE EFETIVARÁ COM A TOMADA DOS RUMOS DA CIDADE NAS MÃOS DOS MOVIMENTOS SOCIAIS. SITUA A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DO CONHECIMENTO DIALÉTICO COMO PARTE DA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA CIDADE E DE SEUS CIDADÃOS E COLOCA COMO HORIZONTE HISTÓRICO, O PROJETO SOCIALISTA DE SOCIEDADE.

A palavra IDEOLOGIA, que até 1845 significava nada mais, nada menos do que estudo das ideias (ou algo próximo disso),foi cunhada no início do século XIX (1808/1811) pelo cientista de nome Destutt de Tracy que pretendia pensar novas formulações no âmbito das ciências sociais e então invoca a palavra ideologia. Seus discípulos brigam com o Napoleão Bonaparte e este os chama de forma pejorativa de IDEÓLOGOS.

Daí em diante, o termo assume uma conotação política na Europa Ocidental até os anos 40 do século XIX, quando Marx e Engels o toma e incorpora no mesmo uma nova carga semântica. Se antes o a palavra ideologia representava sujeitos que andam com os pés nas nuvens, com ideias que nada tem a ver com a realidade, ela vai assumir em 1845 um status de conceito que expressa a idéia de falsa consciência.

A ideologia seria aquela ideia que inverte a realidade por desconhecer os condicionantes históricos desta realidade. Ao desconhecer esses condicionantes o sujeito expressa a realidade de forma invertida, unilateral, parcial.

Para que isso não ocorra com as nossa representações ideais, ou seja, para que o nosso pensamento reflita verdadeiramente o real, traga a tona a verdade dos fatos (a verdade, para o materialismo histórico e dialético é HISTÓRICA. Não estamos falando aqui de uma VERDADE ABSOLUTA, mas de uma verdade condicionada sócio-historicamente.) é necessário que nós, seres humanos, desenvolvamos o pensamento dialético. Este é o único capaz de extrair "a verdade" na dinâmica complexa e contraditória do real.

Esse tipo de pensamento permite que se desenvolva uma capacidade analítica tão plena nos humanos, que estes podem, sem recurso a bola de cristal, compreender os aspectos sociais, políticos, econômicos entre outros, demonstrando inclusive o caráter supra-históricos dos elementos observados, pois é capaz também de compreender as regularidades dos fenômenos sociais possibilitanto, inclusive, anteceder acontecimentos antes mesmo que este se realize.

Como Marx não só desenvolveu esse tipo de pensamento como, também (e obviamente) o utilizou, ele foi capaz de fazer constatações que embora escritas na metade do século XIX, explicita caracterísicas presentes no século XXI, demonstrando, com isso, a pertinência do seu método de análise que não só devemos como podemos aprender para apreender o movimento do real.

A citação abaixo expressa muito bem o que estou querendo dizer. Vejamos.

"Os donos do capital vão estimular a classe trabalhadora a comprar bens caros, casas e tecnologia, fazendo-os dever cada vez mais, até que se torne insuportável. O débito não pago levará os bancos à falência, que terão que ser nacionalizados pelo Estado."

Essa reflexão está contida na obra máxima de Marx, O Capital, e foi desenvolvida no ano de 1867. Ela expressa ou não o que ocorre na chamada crise econômica atual que nada mais é do que a crise do sistema capitalista de produzir a vida? (ou seria melhor dizer... a morte?).

Infelizmente, no desenvolvimento histórico da nossa humanidade, pouco tem sido feito para que esse tipo de pensamento seja desenvolvido. Aliás, uma das premissas fundamentais para que isso ocorra, é a construção de um outro mundo, um projeto histórico alternativo ao capital: o socialismo.

Talvez por isso, e por tudo o que defende o programa socialista, os capitalistas de plantão procurem encher nossas cabeças de coisas vazias, com apoio massivo da mídia monopolísta, obliterando o desenvolvimento do nosso pensamento dialético, impossibilitanto aos cidadãos e cidadãs a constatação de discursos parciais, falseadores da realidade e que impede o reconhecimento de que a história é feita pela ação de HOMENS e MULHERES e que o produto desta história deve ser socializado e não privatizado pelo capital.

Disso se nutre a politicagem e os políticos profissionais.

O desenvolvimento das forças produtivas hoje chegou em um patamar capaz de fazer com que a humanidade viva uma vida verdadeiramente humana, plena de sentidos e significados, sem fome, sem miséria, sem morte por dengue nem por outra causa além das naturais e irreversíveis. Mas o que verificamos? Todos esses elementos se multiplicando e outros novos aparecendo.

Tudo isso nos faz constatar a falência desse sistema e de todas as formas de sociabilidade gestada por ele. Tudo isso nos obriga a não esconder a verdade, para que não sejamos reconhecido pela história como criminosos nos termos de Brecht, que nos ensina que "aquele que desconhece a verdade é simplesmente um ignorante, mas aquele que a conhece e a chama de mentira é um criminoso.”

Falsear a realidade é um crime. Escondê-la, um genocídio. Precisamos de forma organizada, metódica, criar instrumentos de leitura da realidade para que possamos agir tendo em vista o desenvolvimento de um outro projeto histórico. Não podemos ser indiferente ao que está acontecendo na região e em especial em Itabuna.

O pensamento dialético nos ensina que é partindo de situações concretas, reais, que devemos buscar soluções superadoras para os problemas que nos aflingem. E este problema da dengue exige imediata apuração dos fatos sobre o descaso da saúde pública em Itabuna e região, o indiciamento dos responsáveis pela situação e a prisão de todos aqueles, secretários e prefeitos que não utlizaram o dinheiro público em favor do público, se assim ficar comprovado.

A sociedade civil organizada, o povo de uma forma geral precisa ocupar as ruas. Aproveitar e fazer uma avaliação dos rumos das políticas públicas não só de saúde, criar instrumentos de avaliação das ações dos poderes públicos como, por exemplo, os diferentes observatórios (observatório da mídia, observatório da cidadania, observatório da imprensa, entre outros) e solicitar o impeachment do atual prefeito.

Só assim desconstruiremos a ideologia fernandista, desenvolveremos o pensamento dialético e, na prática, conheceremos o que é fazer política de verdade.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Aos que fingem não entender a metáfora “gente branca de olhos azuis”

Segue abaixo uma mensagem enviada para mim por uma professora da rede municipal de Itabuna, minha terra natal que tanto amo. Fica aqui o meu agradecimento à professora Maria da Glória Santos Sousa.
Segue abaixo a mensagem escrita por Max Altman, integrante do Coletivo da Secretaria de Relações Internacionais do PT.

***
“Essa crise não foi gerada por nenhum negro, índio ou pobre. Essa crise foi feita por gente branca, de olhos azuis.” Estas 21 palavras foram pronunciadas pausadamente pelo presidente Lula em coletiva de imprensa ao lado do primeiro-ministro da Inglaterra, Gordon Brown. Todo mundo viu pela televisão.
Colunistas alvoroçados trataram de enxergar nelas uma ponta de preconceito ou discriminação racial às avessas. Nada disso. A grande imprensa local e internacional tratou de difundir que as expressões de Lula causaram constrangimento às autoridades britânicas. É bem provável. E que diante de tão altos dignitários mancharam a honra e a credibilidade do país além de cobrir o governo brasileiro de vergonha. É o que eles especulam.
Na verdade, a metáfora de Lula, de ínfimos 21 vocábulos, vale mais que um daqueles grandiloquentes e loquazes manifestos. Vou mais além: é a síntese moderna de um tratado de sociologia e política que as massas entendem e que define claramente os lados em disputa no atual cenário internacional.
Hipérbole? A imprensa internacional deste domingo, 29 de março, traduziu à perfeição a “gente branca de olhos azuis”. O conceituado The New York Times, nos dias que antecedem o G-20 de Londres, abriu manchete para a sua longa análise: ‘Capitalismo anglo-americano em julgamento’ Alertou que Obama vai enfrentar um mundo desafiador. “Os americanos viajavam por Brasil, India, China dando lição de moral sobre a necessidade de abrir e desregular mercados. Agora essas políticas são vistas como os réus do colapso”. Por sua vez o Huffington Post, o mais importante jornal da Internet, escancarou: “Lula: nós rejeitamos a fé cega nos mercados”. acrescentando: “Brazil’s president: White, Blue-eyed Bankers have brought world economy to the knees”, ou, “Presidente do Brasil: Banqueiros de olhos azuis fizeram a economia mundial dobrar os joelhos”. O Financial Times, catecismo dos economistas de todos os quadrantes, estampou: “O comentário de Lula diante de Gordon Brown “ressalta o risco de confronto entre os emergentes e os países mais ricos.” E para que não reste dúvidas, o prestigioso jornal inglês, The Observer trombeteou em título de página dupla: “’Blue-Eyed Bankers prompt G20 divide’”, ou seja, “’Banqueiros de olhos azuis’ levam o G20 à divisão’”.
Não precisaria explicar, mas Lula foi explícito na Cúpula de Líderes Progressistas reunida em Viña Del Mar, Chile, no dia seguinte, diante de personalidades como Joseph Biden, vice-presidente dos Estados Unidos, Gordon Brown, Michele Bachelet, Jose Luiz Zapatero, Cristina Fernández de Kirchner, Tabaré Vázquez e Jens Stoltenberg, premiê da Noruega. O nosso presidente ao ler seu discurso incomodou, constrangeu como gostam de dizer nossos ínclitos comentaristas, o senhor Biden e outra vez o prime minister Brown, defendendo vigorosamente um Estado forte, aduzindo que o mundo está pagando o preço do fracasso de uma aventura irresponsável daqueles que transformaram a economia mundial em um gigantesco cassino. “Desemprego, pobreza, migração, desequilíbrios demográficos e ambientais, são problemas que requerem respostas economicamente coerentes, mas sobretudo responsáveis. Isto não é possível sem Estado forte”. Em outro momento, abandonando o texto escrito e. tendo abraçado o improviso, abriu coração e mente. Registrou a mudança de época vivida em nossa região, fazendo enfática defesa dos governos de esquerda: “A América Latina passa por uma poderosa onda de democracia popular, encabeçada por segmentos historicamente deserdados e marginalizados que encontram lugar em uma sociedade mais solidária. Muitos de nossos países [como a Venezuela, a Bolívia e o Equador] precisaram ser praticamente refundados institucionalmente com a aprovação popular de novas Constituições.”
A grande mídia internacional e local, repercutindo os interesses e os valores da ‘gente branca de olhos azuis’, pode ter reagido incomodada, constrangida, molestada, irritada com a metáfora de Lula. Mas os povos da Ásia, da África, da América Latina e os próprios trabalhadores dos países desenvolvidos da Europa e América do Norte, se e quando tomarem conhecimento da frase, se sentirão contemplados ao sentir no fundo da alma a verdade que ela encerra, porque sofreram e sofrem da exploração, da humilhação, da injustiça social, do desemprego, da pobreza, da miséria.
Estou exagerando? Tomo emprestado trecho da reportagem do jornalista Clovis Rossi da Folha de S. Paulo presente na marcha de protesto contra a crise deste domingo, 29 de março,em Londres, às vésperas da cúpula do G20, sob o lema central “put people first”, as pessoas em primeiro lugar. “O menino negro de olhos negros veste andrajos, segura a pasta executiva símbolo do Tesouro britânico e reclama: “Eles ajudaram a salvar os bancos e o ‘big business’. Agora é hora de que ajudem a salvar a vida de crianças”.

Max Altman
30 de março de 2009