Quarta-feira. 04 de março. Um time do nordeste do Brasil (o Sport) disputa a liderança da taça libertadores das américas com o atual campeão (LDU) e a rede globo no brinda com um insosso Flamengo e Ivinhema.
O meu Vitória e o seu maior rival, o Bahia, jogam a Copa do Brasil fora de casa com o Asa de Arapiraca e com o Potiguar de Mossoró, respectivamente, e nenhuma menção é feita sobre o resultado dos jogos pela tv de maior audiência do país. São as imagens do chamado "fenômeno" que aparecem. Aliás, a imagem deste apareceu quando estava no banco mais do que qualquer outro jogador do corinthians em campo. Um fenômeno, realmente.
Domingo, pé de cachimbo. 08 de março. Gol de Ronaldo. Empate do corinthians contra um dos seus maiores rivais, o palmeiras no finalzinho do jogo. A causalidade posta, empolga os comentaristas. Kleber Machado em locução emocionada diz que "ele sabe o que faz com o que Deus deu para ele". Em um outro canal, uma zapeada me permitiu ouvir uma outra locução que falava do sofrimento vivido por Ronaldo, "um menino que sofreu muito".
Entre quarta e domingo e até agora no momento em que escrevo, a "falação esportiva" girava em torno desses eventos. A vitória do Sport sobre o LDU rendeu pouco. Os outros pontos supra-citados, de cunho mais regional, se esvaziou. Ficou o fenômeno Ronaldo, um menino que sofreu muito, que passou por várias dificuldades e que resurgiu das cinzas tal qual fênix para mostrar ao povo que Deus existe, e que basta acreditar nos nossos sonhos que a gente chega lá. Um dia, trabalhando muito, se esforçando mais um pouquinho, a gente chega lá. Basta querer, pois querer é poder!!!Eis o mantra por trás das notícias.
Talvez seja esse poder que fará com que o Corinthias (acaso?) tenha a maior cota de partida transmitida pela tv aberta este ano. O tricampeão (São Paulo), perderá seu posto de 2008 mas ainda ficará em posição confortável: em segundo. Mas não deixa de ser uma contradição. Mas marketing é marketing e este faz com que o Fluminense, vejam só, o pó-de-arroz salte 100% nas transmissões da tv aberta (10) em relação a 2008 (5). Terá sido esta a verdadeira causa da demissão do Renê? Pois convenhamos, caro "fominha", Parreira dá muito mais IBOPE que Renê. Ou, não?
Bem, supostos a parte, o fato concreto é que tudo isso junto nos permite sair da realidade dada, construindo um verdadeiro fenômeno de alienação em escala global.
O fenômeno da alienação é inerente ao nosso atual modo de produzir a vida. Faz parte. Precisamos sair desta realidade de quando em vez para suportá-la.
Enquanto isso, ampliam-se os atos de corrupções; o nosso salário míngua; dinheiro público financia estádio, salva bancos e banqueiros; clubes lavam dinheiro sujo (atenção, o corinthians é um deles), dirigentes se perpetuam em cargos estratégicos, etc, etc...
Mas, passado os dias, eis que entramos esta semana com novos jogos, novos espetáculos, novas e velhas vitórias e derrotas e seguiremos falando de coisas que embora façam parte da nossa vida, pois nós mesmos a produzimos, só servem para alimentar o fenômeno da alienação.
Flamengo e Atlético-MG
Há 2 semanas
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